segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Aqui é trabalho!

Muricy Ramalho é a contradição em pessoa. Não se pode diminuir os méritos de quem foi quatro vezes campeão brasileiro em um intervalo de cinco anos. Mesmo que tenha tido bons times a sua disposição, é inegável que a construção de defesas sólidas ajuda muito a ser competitivo em torneios de pontos corridos. Mas Muricy não é Telê Santana. Não é nem o Muricy que gostaria de ser. Ao longo do dia de ontem, os vaticínios foram muitos. Que o Barcelona é um time de outro planeta e que ninguém no mundo conseguiria detê-lo. Talvez sim, talvez não. O Santos nem tentou. Muricy passou seis meses dizendo que o mais importante seria jogar. Disputar a partida. Partir para cima. E ver no que dava. Poderia dar numa zebra. Ou poderia dar numa derrota. Na hora H, não fez nada disso. Montou seu tradicional ferrolho, escondeu a escalação dos jogadores, mostrou pouca disposição para o ataque (uma característica que lhe é peculiar), confundiu mais do que explicou. Expôs publicamente o Santos. De "equipe sensação" do futebol brasileiro a símbolo de um abismo no futebol praticado em apenas uma manhã de domingo. O Santos de Dorival teria feito melhor. Teria ido para cima. Talvez perdesse dos mesmos 4 a 0 (que, diga-se também, poderiam ter sido 7 ou 8 com extrema facilidade). Mas seus torcedores estariam a lamentar chances perdidas ou momentos parelhos. Mas o mais importante, para a torcida como um todo, é refletir as declarações do treinador. Dias atrás, Muricy (para se elogiar, não pensem o contrário) dizia que técnico para ser bom, bom mesmo tinha que vir ao Brasil. Se ganhasse no Brasil era bom. Do contrário, não podia colocar sua mão no fogo. Mais ou menos assim: Pep Guardiola ganhou Campeonato Espanhol, ganhou Copa dos Campeões, montou uma equipe fantástica. Mas não venceu nenhum Brasileirão. Então bom não é. Ontem, Muricy dizia o seguinte: "se algum treinador tentar fazer no Brasil o que o Barcelona faz, é morto". O velho discurso covarde. Muricy transfere para nós (torcedores, imprensa), uma culpa que é só dele. Durante anos, tudo o que a torcida são-paulina pedia era: vai para frente, joga bonito. E Muricy não fazia. Jogou atrás. Quando chegou ao Santos, reforçou a defesa, construiu seu ferrolho. Ganhou a Libertadores no sufoco e saiu vociferando contra os críticos. Em um time que tem Neymar, Ganso e Borges, Muricy não joga no ataque porque não quer, porque não sabe, porque tem medo. Se viesse ao Brasil, Guardiola jogaria no ataque sim. E provavelmente seria campeão se tivesse este time do Santos à disposição. E eu tenho a impressão de que Muricy destruiria este Barcelona se estivesse no seu banco de reservas.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O dia em que o Doutor Sócrates comemorou um título do São Paulo

Em 2000, eu comemorei um título do São Paulo junto com Doutor Sócrates, o Magrão, o eterno ídolo corinthiano. É sério. Naquele ano, o Tricolor empatou a decisão com o Santos, em 2 a 2, e ganhou o Campeonato Paulista. Após eu ter participado da cobertura do jogo final no Morumbi, a Folha me despachou para cobrir a festa da conquista num bar do Itaim, em São Paulo. Fui com o Ricardo Perrone (hoje no UOL), velho companheiro.
Nós conhecíamos o Magrão desde quando trabalhávamos na sucursal de Ribeirão Preto e o víamos com freqüência nos bares da cidade. Já tínhamos tido várias oportunidades (que não desperdiçamos) de reverenciar o mito da democracia e da seleção de 1982. Mas encontrá-lo na festa do São Paulo era bem esquisito. Enquanto ainda aguardávamos a liberação da diretoria do São Paulo na entrada do Bar Des Arts, ouvimos a voz eloquente do Doutor escapando do salão principal, e o Perrone falou “Não, não é possível”.
Mas era, juro que era, cena inesquecível: o Doutor de copo na mão e faixa comemorativa do São Paulo amarrada na cabeça! Não acreditei. Eu tinha praticamente pedido para cobrir a festa, primeiro por ser são-paulino e depois para tentar dar um abraço no Raí, ídolo do Tricolor que havia retornado da França e, como de costume, levantado mais caneco. O mais legal é que o Sócrates, sujeito de coração largo, tinha tido ideia igual. Ele estava lá por causa do irmão caçula, queria brindar a conquista dele.
Nos aproximamos da mesa sem cerimônia, e o Magrão gritou “Ô Gordão, você por aqui?”, era assim que ele chamava o Perrone, naquela época acima dos 100 quilos. “Fala, Magrão”, respondemos. “O que vocês estão fazendo aqui em São Paulo?”, quis saber ele. “Viemos pra a sede da Folha”, o Perrone respondeu. E aí o Magrão mandou: “Então vocês entraram numa Frias, hehehe”.
Ao longo daquela noite, nos revezamos entre fazer nosso trabalho e ficar de olho no Magrão. Concluídas as apurações, enviados os textos para a redação, nos sentamos na mesa dele. E aí foi só diversão. Sócrates disparou frases memoráveis: “Não quero uísque. Festa do São Paulo é assim, só uísque. Se fosse vitória do Timão, era espetinho de carne e chope na casa do Biro-Biro. Aqui não tem cerveja?”. Um garçom saiu correndo e voltou com um balde lotado de Heineken long neck: “Achei isso pro senhor, sou corinthiano!”, disse o homem ao entregar as brejas ao Doutor.
Raí passou pela mesa diversas vezes. Em todas, abraçou e foi abraçado pelo irmão. Beijou e foi beijado pelo irmão. Sócrates fazia piadas com ele. Dizia que o caçula da Dona Guiomar era a melhor coisa que a família tinha produzido em termos estéticos e futebolísticos. Nem o Raí acreditava. Quando tocaram o hino do São Paulo, os dois se abraçaram e cantaram juntos. O irmão mais velho dava um belo exemplo de amor e carinho.
Pô, mas era o hino do São Paulo!, poderá dizer um corinthiano mais fanático. Sócrates estava muito acima dessa rivalidade recentemente extrapolada pelos imbecis. Até o garçom corinthiano se emocionou.
No final da noite, um rapaz se aproximou da mesa, onde ouvíamos a milésima história do Doutor. “Meu tio jogou com você”, disse ele ao Sócrates. “Meu tio era o Picolé”, continuou. O Magrão mirou o rapaz, abriu um sorriso e mandou: “Então você deve ser o sundae de chocolate. Senta aqui, cara”.


Alberto Bombig, são-paulino, fã do Sócrates e jornalista.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Vale a festa



É surrado, é chavão, mas é o melhor que se pode dizer: uma imagem vale mais do que mil palavras.
A imagem foi é de autoria de Rahel Patrasso/Frame/Folhapress.
Foi clicada no momento em que o Itaquerão foi anunciado como sede da abertura do Mundial.
Itaquerão é uma obra de construção de um estádio para 45 mil pessoas, com um puxadinho para fazerem caber mais ou menos 60 mil. As obras começaram em fevereiro deste ano. Quem está construindo é a Odebrechet. O presidente do Conselho do Corinthians diz que ainda não há contrato assinado, mas que já foram gastos uns R$ 50 milhões até o momento. O custo total vai passar de R$ 1 bilhão, nas palavras do próprio presidente corinthiano, Andres Sanchez. Sanchez disse, em depoimento gravado pela revista Època, que um dia que contarem direito esta história (até agora ninguém contou), pode ficar desconfortável para o ex-presidente Lula.
O ex-presidente é corinthiano e pelo que a matéria da Època descreveu fala ao celular constantemente com Sanchez. Deve ser verdade. Lula participou da cerimônia que deu início à construção do estádio, na zona leste da cidade.
Boa parte do estádio vai ser financiado com dinheiro público, por meio do BNDES (banco de fomento). Isso significa que, com o imposto que o governo arrecada, o banco empresta para obras consideradas prioritárias e que tragam desenvolvimento ao país. Os prazos são mais amplos e os juros são bem menores do que os de mercado. Se quem tomou não pagar, a conta vai para a Viúva.
O BNDES ainda não emprestou porque não há garantias de que o empréstimo será pago. Uns dizem que é a empreiteira que vai pagar, outros que será o Corinthians. O Corinthians tem R$ 200 milhões em dívidas, mas é inegável que hoje é a marca que mais vende no Brasil. Tem uma torcida grande, cobra ingressos caros (é campeão de arrecadação no futebol brasileiro da Série A) e conseguiu um senhor contrato de direitos de transmissão com a Rede Globo, além de cotas grandes de patrocínio.
Corinthians e Flamengo são os clubes mais bem pagos pela televisão, muitos degraus acima dos demais. O presidente do Corinthians já chamou os dirigentes da Globo de gangsteres. O dirigente é aliado de primeira hora de Ricardo Teixeira, presidente da CBF. A CBF é quem comanda o calendário do futebol brasileiro. O presidente da CBF tinha boas relações com a Globo. A proposta da Record para os clubes de futebol era reconhecidamente melhor, mas a CBF e o Corinthians ajudaram a implodir e a fechar com a Globo. Os clubes ganharam menos, mas ficaram na emissora líder. Dizem que foi tudo calculado: a exposição na Globo vale mais para os patrocinadores. Uma conta compensaria a outra. Além do quê, mais gente vê o jogo. Fica mais fácil de conseguir torcedor.
Só o dinheiro do BNDES não paga o estádio do Corinthians no preço que ele está sendo divulgado. Estádios na Europa, cuja mão de obra é mais cara, foram construídos por menos da metade deste valor. Outras arenas do Mundial vão custar bem menos. Mas este é o preço do estádio Itaquerão.
Como ninguém quer assinar o cheque, os governos do Estado e a Prefeitura fizeram uma série de concessões. Quem investir no estádio não precisa pagar imposto. A própria obra terá uma estrutura diferenciada de cobrança de taxas e tributos. É uma boa troca, a princípio. Serão mais ou menos R$ 420 milhões em concessões.
Isso significa que os governos abrem mão de receita para que os empresários possam investir numa obra. O estádio terá um dono privado, que vai ganhar dinheiro o resto da vida com isso.
Não foi deixado claro quem já aderiu e está colocando dinheiro no estádio, nem bem quais serão as contrapartidas do governo.
Sabe-se que haverá uma série de obras no entorno. Isso é muito bom. A região nunca foi, historicamente, bem atendida pelos governo. Dizem, sem comprovação, que a Odebrecht vai fazer estas obras. Se isso for verdade, a fiscalização dos valores das obras deveria ser muito rígida. Sem insinuações. Para o bem da própria construtora. Não basta ser honesta, tem que parecer honesta.
Mas quem fiscaliza obras no munícipio é o TCM (Tribunal de contas), cujos membros são colocados lá pelo prefeito, Gilberto Kassab. O prefeito está em níveis muito baixo de popularidade, segundo institutos de pesquisa. A avaliação da população é que ele não faz bem o que deveria.
Talvez tenha contribuído para isso o fato de que ele esteja se dedicando muito à criação de um novo partido, onde ele mesmo vai mandar. Esta sigla se chama PSD. Ela nasce para ser um partido que não é de centro, nem de direita, nem de esquerda. Ou seja, abraça tudo e a todos.
Ele é considerado um gênio político. Com este partido, atraiu um monte de gente que estava na oposição, mas louco para ser governo. E gente que se achava maltratada e que hoje em dia queria poder ter a chance de dialogar, pedir espaço, pedir verba ou sei lá o quê.
Kassab apoiou Serra, de quem era apadrinhado, para presidente em 2010. Mas agora diz que pode apoiar Dilma em 2014.
Kassab dizia que não haveria dinheiro público para a construção de estádios em São Paulo. Esta promessa ele não manteve.
Ele também fez outras promessas que não foram cumpridas. Por isso talvez sua popularidade esteja baixa. Mesmo assim, ele entende que conseguirá fazer seu próprio sucessor no ano que vem. Para isso, precisa de um bom legado, aparecer bem nas fotos e precisa de financiamento. Construtoras foram grandes financiadoras de suas campanhas passadas.
Kassab não está sozinho, porém. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também dizia que não haveria dinheiro público na construção do estádio do Mundial. Alckmin aparentemente mudou de ideia. Em 2008, Alckmin achava que Kassab era um mau prefeito. Tanto que se candidatou à Prefeitura, mesmo não sendo esta a ideia do seu partido, o PSDB. Aparentemente, Alckmin mudou de ideia e de opinião.
Andres Sanchez, Alckmin e Kassab comemoram a vitória do Itaquerão como estádio para sediar o Mundial, em um descampado onde hoje não existe nada e daqui a três anos, R$ 1 bilhão e muitas perguntas sem respostas haverá um bonito e particular complexo esportivo.
E as pessoas poderiam se indignar, cobrar explicações ou achar que isso não é exatamente legal. Mas ninguém está muito interessado. O que vale é a festa.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Triplo empate

Não são pequenas as chances de o Campeonato Brasileiro de 2012 terminar, pela primeira vez na história, com dois (ou mais) times empatados em número de pontos na parte de cima da tabela, fazendo com que o campeão seja decidido por critérios de desempate (vitórias, saldo de gols e tudo o mais).
A perspectiva é que o campeão faça algo em torno de 72-73 pontos.
Os confrontos mais decisivos desta reta final do campeonato serão Vasco x Corinthians, Vasco x São Paulo e os clássicos estaduais, além de Botafogo x Santos.
Como manda estes dois confrontos em casa, há um leve favoritismo para a equipe cruz-maltina para este sprint final do Brasileirão.
Dois cariocas e dois paulistas devem formar o batalhão que seguirá para a Libertadores.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O meu 11 de Setembro

Pela manhã, tudo o que eu conseguia pensar é que não queria estar na pele dos meus colegas de Política. Afinal, aquela terça-feira prometia uma série de questionamentos difíceis acerca da morte do então prefeito de Campinas, ocorrida na noite anterior.
Eu tinha meus próprios problemas para lidar. Trabalhava como editor-assistente de Dinheiro (hoje Mercado) na Folha em um ano especialmente complicado: racionamento de energia elétrica e crise na Argentina consumiram várias horas de trabalho, longos finais de semana e grandes esforços ao longo de todo aquele 2001.
Às 08 horas, como acontecia todos os dias, entramos para a reunião da pauta, conduzida pela competente Cleusa Turra. Ali, discutíamos os furos tomados no dia, fazíamos uma avaliação de cada caderno e discutíamos as prioridades editoriais da Folha de S.Paulo para o dia seguinte.
Os representantes de cada caderno (Ilustrada, Esporte, Cotidiano e assim por diante) iam proferindo suas pautas, seus investimentos para o dia, mas todos sabíamos que a atenção naquela manhã ficaria direcionada mesmo para a pauta político-policialesca.
O mundo era diferente. Naquela manhã, nenhum dos presentes portava um smartphone, nem mesmo um laptop. Por isso, coube à Gabriela Wolthers, representante da Sucursal do Rio, que estava participando da reunião por telefone (enquanto acessava computador e tinha uma tela de televisão a sua frente), avisar: um avião bateu no World Trade Center.
Não sei quanto aos outros, mas a imagem que veio à minha mente foi a de um monomotor qualquer que se perdeu por Manhattan e se chocou contra as estruturas de aço gigantescas. Acho que mais gente pensou assim, pois a reunião continuou. Cleusa apenas pediu que o representante do Mundo saísse, fosse para a redação para avisar ao correspondente e ver do que se tratava.
Cinco minutos depois, Gabriela insistiu. Talvez fosse melhor encerrar a reunião, porque a coisa parecia séria.
Corri para uma tela de TV mais próxima. Tinha interesses óbvios. Um mês antes, havia estado bem ali. Fora uma viagem em meio a um MBA, com vários colegas. Aproveitamos a estada em Nova York (uma das pernas de uma viagem que cortou o país) para visitar um antigo colega da Folha, Mauricio Esposito, que trabalhava no então Wall Street Journal. Almoçamos ali no World Trade Center numa tarde quente de agosto.
Havia sido correspondente da Folha em Nova York entre 1998 e 1999. Todas aquelas paisagens ainda eram muito frescas e vividas em minha memória.
A primeira imagem que vi na televisão foi a de um avião batendo na torre. "Ué, conseguiram filmar o acidente?". Pela legenda da CNN, porém, percebi que se tratava de um segundo choque: America under attack.
Isso mudou definitivamente o estado de espírito. Não me pergunte como, mas em questão de minutos a redação, que costumava ficar vazia nas primeiras horas da manhã, estava cheia, lotada.
Algumas pessoas foram chamadas, outras simplesmente apareceram. Sabíamos que o dia seria histórico, talvez infernal, mas algo incrível acontecia na Folha nestas horas: ela se agigantava ainda mais.
O mestre Mauro Zafalon chamou a atenção: a torre caíra. Com a pretensão de quem tinha 25 anos de idade, quis dar uma lição a ele: impossível, aquilo não cai, imagina...
Àquela altura, deveria já ter aprendido a ficar calado. Caíra sim.
Uma reunião com vários profissionais foi convocada de urgência. Entramos de novo na sala em que até poucos minutos antes estávamos discutindo um mundo que já não existia mais.
Até hoje me lembro da coragem da então editora-executiva Eleonora de Lucena. As 10h e pouco da manhã ela já tinha na cabeça não só a perspectiva histórica daquele dia (a nossa capa estará pendurada nesta sala, dizia, apontando para uma sequência de Primeiras Páginas históricas da Folha que ornamentavam o local), como vaticinou: não existem cadernos, não existe divisão _a Folha do dia 12 de setembro seria praticamente uma só, sobre o ocorrido.
O jornal foi dividido em editorias. Uma para cuidar dos brasileiros em NY, uma para os relatos do local, uma para os feridos e mortos, uma para artigos e entrevistas, uma para colocar a questão em perspectivas políticas, outra para os efeitos econômicos.
Fiquei responsável por fazer todos os infográficos daquela edição. Poderia chamar quem quisesse. Formei um dream team: Fabiola Salani, José Alan Dias, Cristiano Pombo.
Decidimos, com a experiência que tínhamos e auxiliado pelos editores de Arte, quais seriam as prioridades. Uma página central com o minuto a minuto dos atentados, a queda das torres, os resgates. Infográficos sobre os demais atentados pelos EUA. Artes que mostravam a repercussão no mundo financeiro (ouro subindo, cotação do petróleo indo a loucura, Bolsas derretendo). Como eram os aviões, quais eram as rotas. Um volume de trabalho insano. O pior é que o dia era marcado por boatos e informações desencontradas. Um avião que caira em Orlando, um ataque a missil contra a Casa Branca...
Além das artes, palpitei em tudo. A Redação estava surpreendemente em ordem, em meio ao caos. Cada um sabia o que tinha que fazer. Renata Lo Prete escolhia as melhores palavras para o que chamamos de lidão: o resumo histórico, o texto que sintetizaria o que foi aquele dia (e tente descrever o 11 de Setembro em apenas alguns centímetros).
Lucia Boldrini, Vinicius Torres Freire, Neivaldo José Geraldo comandavam um time talentoso, que ajudava a explicar não só o impacto para a economia americana, mas como isso poderia afetar a então cambaleante produção brasileira.
Ana Estela ajudava a fazer a Primeira Página, palpitava nas fotos, incentivava a todos. José Henrique Mariante tentava colar aquele mundo de gente, de informação, unir as peças diversas.
Hoje, dez anos depois, ainda existem informações e interpretações desencontradas sobre aquele dia. Cada um se lembra do que fez, aonde estava e como foi afetado pelo ignóbil atentando. Eu me lembro que trabalhei 17 horas seguidas, mas tive a maior aula de jornalismo de toda minha carreira. Sou grato aos que me ensinaram.

Reta final

Se há uma palavra que define bem quem tende a ser o campeão brasileiro de 2011 é a constância. Termo que as vezes é mal entendido, pois constância não significa apenas regularidade boa (ganhar sempre), mas sim repetir os acertos no momento certo e saber errar no momento errado.
No bolo de cima, o Corinthians aparece ainda à frente, apesar de todas as suas próprias tentativas de se sabotar. Mas seguido por times que não têm poder de decisão, nem de chegada. A última rodada mostrou resultados absolutamente normais: o Coritiba ganhar do Botafogo (apesar do placar elástico), o Vasco empatar com o perigoso (jogando em casa) Figueirense, o Grêmio bater o São Paulo no Olímpico (acabando com este mito de que pode-se perder pontos no Morumbi pois se recupera fora, o que é uma sandice) e o Fluminense ascendente sobrepassar o Corinthians.
Olhando para a frente, com exceção dos próximos dez dias, a tabela sinaliza vida mais confortável ao Corinthians que aos seus adversários.
Fazendo uma projeção sem nenhum critério científico mas pensando no que já ocorreu neste campeonato, há de se imaginar que o campeão brasileiro será definido por aquele que conseguir somar entre 69 e 71 pontos. Pela quantidade de jogos em casa, pela tabela espinhosa dos adversários, o alvinegro paulista é ainda o maior favorito ao título. Basta manter esta constância do campeonato _ganhar uma e até perder vez ou outra.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

RODADA #7

A VITÓRIA - E o Internacional, quem diria, ganhou mais uma, com autoridade. Jogando um futebol veloz, fora de casa, aniquilou o Atlético-MG e voltou a se posicionar como uma força do campeonato.


A SURPRESA POSITIVA - Outra história de recuperação, com os 3 a 0 do Cruzeiro sobre o Vasco.

A SURPRESA NEGATIVA - Não é mais surpresa, talvez ainda seja prematuro, mas o Atlético-PR faz das piores campanhas recentes de todo o Brasileiro.

O CRAQUE - Montillo comeu a bola pelo Cruzeiro.

Faz-me rir

Da Folha.com:
"Luis Paulo Rosenberg não perdeu a oportunidade de cutucar o rival São Paulo. De acordo com o dirigente, o Corinthians vai construir o estádio com dinheiro próprio.

"Na Vila Sônia, o Governo deu dinheiro para a construção coisa que o Corinthians não precisa, não quer. Nos estamos ajudando a cidade, transformando nosso estádio em algo que torna possível a abertura da Copa do Mundo em São Paulo", disse o dirigente referindo-se ao estádio do Morumbi."

Cabe ao sr. Rosenberg as seguintes perguntas:

1. A cidade está abrindo mão de R$ 420 milhões de receitas em impostos que serão monetizadas para que o Corinthians construa seu estádio. Este dinheiro, dizem as autoridades, irá voltar para os cofres públicos por meio de turistas que comprarão mais por aqui na Copa do Mundo. Se fosse em outro estádio, também não comprariam? Não renderia mais à cidade MANTER estes R$ 420 milhões em caixa e ainda lucrar com os impostos derivados das compras feitas em 2014?

2. Para o Corinthians, este dinheiro entra na categoria "recursos próprios"?

3. Quem vai pagar para retirar os dutos da Petrobras? O Corinthians, com recursos próprios?

4. O Corinthians, com recursos próprios, precisa do BNDES para quê? Por que todo mundo se indigna quando o banco empresta para o Pão de Açúcar (empregador, pagador de impostos), mas ninguém se indigna quando empresta para um clube de futebol (que deve uma fortuna ao INSS)?

5. Se o Corinthians vai construir tudo com recursos próprios, por que não assinou ainda o contrato?

O Corinthians, ao arrepio da moralidade, vai conseguir o que quer. Só não pode é continuar tergiversando com a verdade.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

FALSA LIDERANÇA

Leio pelo sempre bem informado Ricardo Perrone que Juvenal Juvêncio teria incumbido a nova diretoria do São Paulo de blindar Paulo César Carpegiani. Um cuidado que o próprio presidente ilegítimo do São Paulo não tivera após o jogo com o Avaí.

Carpegiani não é o culpado único por todos os males que assola o São Paulo. Seria injusto. Vale lembrar que Muricy Ramalho foi responsabilizado pelo declínio tricolor (por este que vos escreve, inclusive), embora não fosse perceptível que era o contrário: Muricy ajudou a alongar artificialmente um momento de glória que começou em 2005 e seguiu por 2006 e 2007.

Também resta recordar que Ricardo Gomes deixou o Morumbi sendo acusado, pelas costas, de nem sequer ter postura de profissional de futebol. O técnico é hoje campeão da Copa do Brasil. O São Paulo não chegou às semifinais.

Mas Carpegiani tem sua parcela de culpa que não pode ser minimizada. Demora a mexer na equipe, é indeciso, muitas vezes incoerente.

Mesmo o melhor técnico do mundo, porém, não conseguiria extrair muito deste time, com os ineficientes Dagoberto e Fernandinho na frente e um monte de garotos atrás.

A diretoria dispensa medalhões, por querer fazer um time de garotos, mas mantém Rivaldo. Se assim o faz é por achar que este é um jogador que tem algo a oferecer _mas se cala diante da sua não-utilização.

São muitos os problemas do São Paulo.

E as soluções parecem muito distantes do Morumbi.

RODADA #6

A VITÓRIA - Sem sombra de dúvida, a inapelável goleada do Corinthians sobre o São Paulo. O Corinthians tem o melhor índice de aproveitamento de pontos, não perdeu no campeonato e enfrentou uma largada para lá de complicada. Com sua defesa bem postada, com o ótimo Ralf no meio, com Danilo jogando o fino da bola, com Liedson solto no ataque e prestes a ter os reforços de Renan (gol), Alex (meia) e, mais adiante, Adriano (ataque), o Corinthians se credencia como melhor time neste início de torneio.


A SURPRESA POSITIVA - Não exatamente uma surpresa, mas o bom desempenho do Internacional contra o Figueirense (time acertado) o coloca de volta na trilha dos que irão disputar para valer o Brasileiro.

A SURPRESA NEGATIVA - A queda do São Paulo, da forma como aconteceu, e o desempenho do Atlético-PR, que não consegue mais causar sustos nem dentro de casa.

O CRAQUE - Danilo foi o nome da rodada.

terça-feira, 21 de junho de 2011

ÀS URNAS, ELEITORES

Este é um daqueles momentos definidores de um País. Do País que o Brasil quer ser. Há uma série de mecanismos em curso, inclusive o de deliberadamente confundir a opinião pública, para aprovar a sangria de recursos públicos em nome de um "bem maior": a realização da Copa do Mundo.

Os deputados federais já aprovaram e os senadores ainda apreciarão a polêmica medida que permite ao governo federal ocultar as despesas públicas em obras para o Mundial.

Os vereadores de São Paulo estão para votar (e devem aprovar) uma renúncia fiscal de R$ 420 milhões para construir um estádio privado _meu, seu, nosso dinheiro, em uma cidade corroída pela sujeira e por falta de creche, hospital, escola e transporte de qualidade. O prefeito de Sâo Paulo, que se dá nota dez, fecha os olhos para tudo isso.

O governador tucano de São Paulo anuncia que as condições financeiras para a construção do estádio privado estão próximas de serem destravadas.

O Ministério Pùblico cruza os braços sobre as diversas denúncias de corrupção e de arrepio à lei, algumas transmitidas em cadeia nacional de televisão (a Rede Record, por exemplo, mostrou que o ex e o atual mandatários de um grande clube de Sâo Paulo combinaram seus depoimentos à Polícia Federal).

O governo federal se cala sobre as denúncias de corrupção envolvendo o comitê organizador da Copa, como se nada tivesse com isso.

E a população brasileira assiste calada e impassível a esta farra. Incapaz de sequer se perguntar: a quais interesses atendem estes movimentos?

Aos cidadãos de bem, restam as urnas.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

RODADA #5

A VITÓRIA - O massacre do Palmeiras merece destaque. O adversário parecia fraco? Pois foi semifinalista da Copa do Brasil outro dia mesmo. Com um futebol compacto e objetivo, a equipe ocupa a vice-liderança do Brasileirão. Verdade seja dita: com exceção dos 6 a 0 em Curitiba, o Palmeiras tem sido a equipe mais estável deste ano.

A SURPRESA POSITIVA - O atual campeão brasileiro levou um baile de futebol no Rio de Janeiro. Quem ler o resultado do jogo como a de um gol achado pelo Bahia no final da partida provavelmente não terá a dimensão do que foi efetivamente. Com jogadores experientes e o bom Rene Simões no banco, o Bahia pode até ousar por algo a mais no Brasileiro.


A SURPRESA NEGATIVA - Poderia ser o Cruzeiro, poderia ser o Fluminense (grandes decepções), poderia ser o futebol errático do Flamengo, mas negativo mesmo é o campeonato estar na quinta rodada apenas e o asterisco já fazer parte das projeções dos torcedores.

O CRAQUE - Não fosse por ele, o São Paulo não estaria onde está. Por onde se olhe, Rogério Ceni é o craque da rodada.

terça-feira, 14 de junho de 2011

RODADA #4

A VITÓRIA - Pelo futebol (ou pela aparente afirmação do futebol), a do São Paulo sobre o Grêmio. Pelo resultado, a do Botafogo sobre o Coritiba. Pela facilidade, a do Corinthians sobre o Fluminense.

A SURPRESA POSITIVA - O bom futebol desempenhado pelo Botafogo. Embora o Coritiba, aparentemente, esteja ainda sofrendo reflexos da derrota na final da Copa do Brasil, era (talvez seja) a grande surpresa do futebol brasileiro no primeiro semestre _e não foi páreo para o time fluminense.

A SURPRESA NEGATIVA - O Cruzeiro não conseguir ganhar dos reservas do Santos (aliás, o time mineiro não ganha de ninguém) pode ser considerada uma zebra. Mas no conjunto, por enquanto, decepção atende pelo nome de Atlético-PR _conseguiu fazer um gol e um ponto.

O CRAQUE - Wellington do São Paulo vem dando (não significa que continuará, todavia) consistência a um meio-de-campo que até poucos dias atrás era muito fraco de pegada.
Jogou uma enormidade.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

JUSTO OU INJUSTO?

Não dá para dizer, nem sequer insinuar, que a conquista da Copa do Brasil pelo Vasco tenha sido injusta. Seria demais. Um time que destroça o Náutico em Recife, passeia por cima do Avaí (o mesmo time que criou uma baita crise no Morumbi) e que marca duas vezes no Couto Pereira não pode ter sua conquista diminuída. Ainda mais se este time começou o ano de maneira tão contida quanto o Vasco.

Mas não dá também para fechar os olhos ao fato de que as finais foram muito próximas. O Vasco fez três gols, o Coritiba fez três.

A diferença é a quantidade de gols anotados fora de casa.

Isso influencia demais na dinâmica do jogo. A regra é essa e o Vasco jogou com o regulamento debaixo do braço. Mas essa lei deveria ser revista, para aumentar o dinamismo das partidas e a justiça dos resultados.

RODADA #3

A VITÓRIA - Incontestavelmente, a do São Paulo, que fechou a rodada na quarta-feira. Jogando fora de casa, contra um bom time, suportando uma pressão danada, conseguiu consolidar três pontos e um começo de campeonato impecável. A torcida não deve se iludir: o time tem muitas deficiências e poucas peças de reposição. Com a ida de jogadores para as seleções (sub-20 e principal), o time irá sofrer bastante. Até por isso, esse acúmulo de pontos se mostrará providencial.

A SURPRESA POSITIVA - O bom futebol e os dois gols do santista Borges. Embora a prioridade do Santos seja a Libertadores (competição na qual está com quatro dedos na taça), a equipe dá demonstração de que tem elenco para disputar o título.

A SURPRESA NEGATIVA - O mau futebol do Flamengo e do Corinthians. Apesar de estarem somando pontos, fizeram um jogo de poucas alternativas, onde o que valeu mesmo foi a despedida a Petkovic.

O CRAQUE DA RODADA - Não foi craque, mas mostrou a que veio: Borges.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

SE FOSSE UM PAÍS SÉRIO...

O acordo seria desfeito e os dados investigados.
O que o UOL publica hoje é estarrecedor.
Conversas de diretores do Corinthians atestam que:
1. Houve uma mistura entre público e privado;
2. O governo federal trabalhou para favorecer uma entidade privada;
3. A construtora que fará o estádio do Corinthians condicionou a obra para uma entidade privada com a garantia de obras públicas (onde "faria a diferença" de caixa);
4. Uma parte dos gastos seria absorvida diretamente por uma empresa controlada pelo governo (e financiada pelo cidadão brasileira), mas com ações em Bolsa (e, que portanto, deve se pautar em maximizar os ganhos para seus acionistas).
Se verdadeira, a informação é um escândalo.
Mas sabe o que vai acontecer? Nada.
Para quem quiser revirar o estômago, veja aqui.

AGORA QUEM DÁ BOLA É O SANTOS

O Santos é o novo campeão da Libertadores da América.
Você ouvirá discursos cautelosos dos jogadores, ânimo contido dos dirigentes, preocupação do torcedor e pregação de respeito e louvor ao adversário.
Mas o Santos já é campeão e é necessário que se diga isso.
Porque o Santos merece.
Equipe que mais investiu em duas frentes: na formação de novos talentos e na contratação de jogadores experientes.
Equipe que segurou Neymar, não o deixando sair mesmo para o Chelsea. Equipe que trouxe Elano. Clube que resgatou Leo, que não hesitou em testar Keirrison (não deu certo, mas poderia ter dado).
Muricy será campeão da Libertadores e estará a provar a vários críticos (este inclusive) que, por mais turrão que seja, também aprende e evolui. Se consagrará de fato como o maior técnico do cenário nacional.
A festa será bonita. Contra o Peñarol, adversário infinitamente mais fraco que o Vélez, classificado por sorte e pelo regulamento ridículo.
Para o Peñarol, estar na final já é um grande feito, a provar também que o futebol uruguaio não viveu um soluço na Copa-2010, mas voltou a ser grande.
Adversário mais fraco, equipe embalada, Neymar jogando um bolão, partida decisiva disputada em São Paulo.
Não tem como.
O Santos é tricampeão da Libertadores.

terça-feira, 31 de maio de 2011

DIZ-ME COM QUEM ANDAS

Jerome Valcke é o homem que tirou o Morumbi do Mundial. É o mesmo que, fingindo não ser com ele, finge chiliques e cobra rapidez das "autoridades" para que resolva os problemas (tradução: assine um cheque de estimados R$ 1 bilhão) para a construção de uma nova arena no Estado de São Paulo. Valcke é o mesmo sujeito que aparece em fotos beijando os homens do poder do futebol brasileiro.
Ninguém em São Paulo teve a coragem de contestar o manda-chuva da Fifa. Que cria obstáculos incontornáveis, de tal sorte que os estádios existentes nunca servem e os que serão construídos ficam caríssimos.
Quem ganha com isso, além das empreiteiras? Resposta que poucos sabem.
Mas que fica cada vez mais claro que estes interesses financeiros é que ditam as regras da Fifa. Jerome Valcke já foi demitido do cargo por se envolver em uma escusa negociação com os patrocinadores da entidade. E agora vê seu nome envolto eum escândalo sobre a compra da sede da Copa do Mundo de 2022.
O governo brasileiro poderia desautorizar Jerome Valcke. Mas isso é esperar demais. O governo acha que não tem nada a ver com o que acontece na Fifa.
Enquanto isso, tratores mexem a terra daqui para lá e de lá para cá, Dilma coloca pressão e construtoras falam em R$ 300 milhões para lá e para cá como se fosse dinheiro de pinga.
No fundo, em nome da decência, parece mesmo ser um bom negócio ficar de fora desta Copa.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

RODADA #2

A VITÓRIA - Ok, era em casa e era obrigação vencer. Mas tirar um coelho da cartola quando o jogo caminhava para um modorrento 0 a 0 foi providencial para o São Paulo. Mantém-se na ponta de cima de tabela, adiciona dois pontos preciosos (teria só um em caso de empate). No ano passado, o São Paulo perdeu seis jogos no Morumbi (18 pontos). Foi esse o principal fator para alijá-lo da Libertadores.

A SURPRESA POSITIVA - O desempenho dos reservas do Vasco, que atropelaram o América-MG, e a performance do Atlético-MG, que não só vai vencendo, mas acumulando gordura no saldo de gols.

A SURPRESA NEGATIVA - O Inter voltou a decepcionar sua torcida, desta vez em casa. Mas o principal destaque negativo do momento é o Avaí, que desde o jogo contra o São Paulo, pela Copa do Brasil, parou. Tomou dois gols em casa do Vasco, quatro fora do Flamengo e mais três em casa. Nove gols em três jogos.

O CRAQUE - Marcos, goleiro do Palmeiras, foi o grande responsável pela equipe alviverde voltar de MG com um pontinho na mala.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Não é comigo

1. Tudo bem, todo mundo tem direito a errar. Mas a diretoria do São Paulo num ano contrata, a peso de ouro, gente do quilate de Fernandão, de Cleber Santana, de Leo Lima, de Junior Cesar, de Alex Silva e depois simplesmente deixa todo mundo sair ou sai com todos. O negócio agora é garotada, é Cotia. Mesclar não é uma alternativa?

2. Então a obra do Corinthians ia começar, não começou. E o erro é do repórter que disse que seria nesta terça, quando na verdade é "em alguma terça"?

3. O presidente do Palmeiras iria controlar os gastos, mas eles estão maiores do que na época do Beluzzo. E ainda assim, os atletas são constantemente espinafrados?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

RODADA #1

A VITÓRIA - A do São Paulo sobre o Fluminense. O time paulista estava esfacelado, tanto em sua escalação quanto em sua moral. O carioca é o atual campeão brasileiro e tem praticamente o mesmo elenco do ano passado. A vitória de 2 a 0 foi bem construída, a partir de um futebol compacto e aguerrido. O São Paulo ainda não inspira confiança em seus torcedores, mas causou o primeiro impacto positivo.

A SURPRESA POSITIVA - A vitória do Corinthians. Embora não tão bem construída quanto a do São Paulo (tomou muito mais sufoco do Grêmio), soube aproveitar com precisão cirúrgica as oportunidades construídas.

A SURPRESA NEGATIVA - A derrota do Cruzeiro poderia ser, mas a verdade é que este resultado, fora de casa, não pode ser considerado de todo surpreendente. Já a incapacidade do Internacional de bater o catadão do Santos foi a surpresa negativa.

O CRAQUE - Pelo que jogou, e apesar de ser contra a equipe reserva do Avaí, Ronaldinho fez a diferença.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Fielzão no telhado

Merece elogio a nova postura do governo de São Paulo de não querer pagar (com o seu, o meu, o nosso dinheiro) R$ 375 milhões para que o Corinthians possa construir o seu estádio (privado) e abrir a Copa do Mundo.
Merece repúdio o fato de o governo de São Paulo ter endossado este projeto como sede da Copa, não colocando-se na defesa dos interesses dos cidadãos de São Paulo.
Merecerá desprezo se se confirmar o fato de que o aumento de custo pode ter sido inflado artificialmente, a fim de colocar no PSDB e no governo de São Paulo o peso político de uma exclusão da Copa _afinal, estádio e infraestrutura o Estado tem.
Merece reflexão o fato de que a Prefeitura está promovendo diversas isenções fiscais para viabilizar o projeto _mesmo com fins de ficar pronto para a Copa, o estádio não deveria ter dinheiro público (seja direto, seja indireto, via isenções e taxas de juros mais baixas que as praticadas no mercado).

terça-feira, 17 de maio de 2011

Os erros do São Paulo e os da torcida

Quando todo mundo grita, ninguém tem razão.
O São Paulo Futebol Clube é hoje uma casa onde a falta de razão impera.
Abaixo, os motivos:

1. Presidência - Juvenal Juvêncio é um presidente ilegítimo. Como em toda boa ditadura, usa de argumentos falaciosos para se justificar à frente do clube. Mas é difícil a todos (imprensa, torcida e até jogadores) reconhecerem a sua debilitada autoridade. Ter a maioria em um conselho governista não significa ter a legitimidade do cargo. Ser chamado de cachaceiro é um símbolo disso. Juvenal trata o São Paulo como seu brinquedo. Não ouve diretores, conselheiros. Manda, desmanda. Vai, volta atrás. É o principal responsável pelo sucateamento da credibilidade do clube. Passou a ser um personagem folclórico, uma espécie de Vicente Matheus da Vila Sônia.

2. Jogadores - É nítida e evidente a falta de garra, de vontade e de comprometimento do elenco. Somada a falta de talento (essa não é culpa dos jogadores) forma-se um time com poucas chances de ser campeão. Jogadores mais preocupados em bater boca com o presidente (caso de Alex Silva), com o técnico (Rivaldo e Dagoberto), em cobranças públicas (caso de Rogério Ceni, pedindo reforços, e de Casemiro, pleiteando aumento salarial) do que em desenvolver bom futebol é o retrato acabado de um time sem alma.

3. Comissão técnica e diretoria - Desmantelada a antiga comissão técnica, a atual não conseguiu fazer os jogadores aguentarem 90 minutos de jogo. Eles se arrastam em campo. A diretoria não conseguiu prover soluções para os setores mais carentes do time (verdade seja dita: não conseguem há cinco anos). E ficam reféns dos mandos e desmandos do senhor feudal do Morumbi.

4. Técnico - Não deu padrão tático ao time. Não consegue encaixar as peças. Não tem um esquema de jogo. É confuso nas orientações, no posicionamento, lento nas substituições. Pior: mostrou não ter brio. Depois do que aconteceu, Carpegiani teria uma ótima saída: abrir mão da multa (de R$ 1 milhão), defender seu trabalho e dar uma banana para o São Paulo. Preferiu se segurar por alguns meses, antes de ser defenestrado de vez. Impossível não acreditar que jogador irá correr menos ainda _quem vai defender um técnico na bica de ser mandado embora?

5. Torcida - Protesto nas arquibancadas, posicionamento público, tudo isso é muito bem recebido. Agredir jogador, atirar coisas, danificar bem privado é pura e simplesmente crime. Os marginais estão todos passíveis de identificação. E deveriam ser punidos exemplarmente. Os mesmos 45 mil que aplaudiram a chegada de Luis Fabiano fizeram teatrinho semelhante em 2004, chamando-o de pipoqueiro. Os mesmos que confeccionam bandeiras para Rogério Ceni o qualificaram de amarelão há meia década. Essa torcida afastou Kaka. Terão esses uniformizados essa capacidade de discernimento?

Chapa branca

Aos incautos um aviso. Cuidado com o que leem por ai. Hoje (17/05), um grande jornal de São Paulo anuncia que o Corinthians "enfim" pode iniciar a arena.
Vamos à desconstrução da reportagem:
1. O último documento necessário para a obra foi emitido no sábado pela Prefeitura. O jornal não revela qual foi a celeridade do trâmite. O texto diz que a aprovação aconteceu "duas semanas depois" de apresentado o pedido corinthiano. Aposto um braço (esquerdo ou direito, tanto faz) que prazos foram atropelados. Quem assina o documento? O que o secretário do Meio Ambiente tem a dizer? Como ficou a situação do impacto ambiental e dos dutos da Petrobras? Quantas e quais foram as audiências públicas (veja o caso do Metrô e perceba como uma obra de grande impacto precisa de consulta da sociedade)?
Veja bem, ninguém defende excesso de burocracia. O problema no país é justamente este. O que se defende, desde sempre, são regras iguais a todos.

2. O contrato entre Corinthians e Odebrechet nem sequer foi assinado. A matéria cita que o aumento de custo (de módicos R$ 300 milhões) são "um problema". A matéria não responde o básico: quem vai pagar? De onde sairão os recursos?

3. O Corinthians diz que "garante um estádio de 45 mil pessoas". "Se vai ser abertura da Copa ou não, não é problema do Corinthians". Opa, deixa eu entender se o roteiro está certo: a Fifa e a CBF desqualificam o Morumbi porque o projeto do estádio já pronto (reforma de R$ 400 milhões) não atende as suas exigências; anunciam que a maquete de Itaquera será o estádio da Copa; para acelerar as obras, governos (cidade, Estado, federal) e empresas privadas se juntam para atropelar trâmites, passar por cima de prazos, pressionar o BNDES; mas agora dizem que este estádio pode não servir para abertura da Copa (ou seja, o tal do impacto positivo para o Estado não seria recompensado).

O que as autoridades estão esperando para desejar boa sorte na empreitada PRIVADA do Corinthians e desistir de sediar a Copa ou brigar para que ela aconteça numa arena de fato e de verdade?
Isso eu não sei, nem os leitores desta reportagem saberão.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O São Paulo terá mais trabalho do que pensa

Com uma equipe desorganizada, sem laterais, sem volantes mordedores e com um ataque inoperante, o São Paulo terá mais trabalho do que pensa para voltar de SC com a classificação para as semifinais da Copa do Brasil nas mãos.
Se o placar de 1 a 0 não é exatamente ruim _um gol fora obriga o adversário a buscar três tentos_, também não reflete a tranquilidade que poderia ter dado, visto o volume de jogo de ontem.
A volta de Lucas e de Rodolpho, se acontecerem, devem dar um alento à equipe.
E a comissão técnica tricolor precisa vir a público explicar: por que tantos atletas estão se machucando e por que a equipe cai tanto de produção no segundo tempo?

América 8 x 1 Brasil

Desde 1992, com o São Paulo, os times brasileiros sempre se mantiveram extremamante competitivos na Taça Libertadores da América. Em 1993, 1994, 1995, 1997, 1998, 1999, 2000, 2002, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010 sempre houve ao menos um time do país na final.
O que explica a noite desta quarta-feira, em que nada mais nada menos do que quatro equipes foram desclassificadas de uma vez só?
Talvez haja uma explicação para cada jogo. Talvez não haja nenhuma.

Inter 1 x 2 Peñarol - Não é de hoje que o Inter mostra ser um time pouco confiável em decisões (lembram-se do Mazembe). Apesar de ter um bom elenco, a equipe trocou de técnico _saiu Roth e entrou Falcão, que não se sentava num banco de reservas há duas décadas. Mas nada disso parece fazer tanto sentido quando uma equipe, em casa, toma um gol decisivo com menos de 30 segundos do segundo tempo.

Fluminense 0 x 3 Libertad - O Fluminense foi errático o campeonato inteiro. Restaria saber se a equipe que entraria em campo seria a mesma que conseguiu uma heroica classificação na Argentina ou aquela que andou empatando em casa e perdendo para o Nacional do Uruguai. Foi a segunda. A falha do goleiro desestabilizou a equipe _e só o Fluminense para achar que Berna é melhor que Cavalieri.

Cruzeiro 0 x 2 Once Caldas - Os colombianos são o pior pesadelo do técnico Cuca. Mais uma vez, o melhor time da Libertadores não passa das oitavas (sorte do Santos, em certa medida). Talvez a expulsão de Roger explique o resultado. Mas a compreensão mais fundamental é: o Cruzeiro perdeu o conjunto, ao ter vários jogadores lesionados ao mesmo tempo.

Católica 1 x 0 Grêmio - É uma boa estratégia de marketing, mas a imortalidade do Grêmio não ganha resplado em campo com uma equipe tão fraca. Foi a única não-surpresa da noite.

domingo, 1 de maio de 2011

Os paulistas

Santos - Não é de hoje que tem o elenco mais forte. Adilson Batista conseguiu a proeza de ser mandado embora após uma derrota _justamente para o Corinthians. A interinidade de Marcelo Martelote, que não é treinador, só consagrou seu substituto, qualquer que fosse. Não que Muricy não tenha méritos, pois os têm. Ele fez o óbvio: criou a liberdade para que Ganso e Neymar façam o que sabe de melhor e ajeitou a defesa. Mas errou. Errou ao priorizar o Paulistinha. Neymar e Ganso estão cansados, Leo está com a lingua de fora e Elano se machucou. A vantagem contra o America é boa: pode até perder por um gol de diferença, desde que faça gol fora de casa _e uma equipe tão talentosa quanto o Santos haverá de anotar ao menos um gol em solo mexicano. Volta ao Brasil e terá quatro duelos em duas semanas, contra o arquirival Corinthians e contra o Cruzeiro, provavelmente _só o time que disputa com o alvinegro praiano a primazia de ser o melhor do país. Se perder o Paulista para o Corinthians, a cornetagem será enorme. Imagine PHGanso jogando mal. Logo surgirão vozes dizendo que é "consequência" de um suposto contrato já assinado ou bobagens do tipo. Imagine se desgastar, ganhar o Paulistinha e ficar de fora da Libertadores. Aqui, parece valer a máxima: quem tudo quer...

Corinthians - Não é de hoje que não joga um bom futebol. Neste domingo, mesmo com um jogador a mais, foi dominado pela equipe palmeirense e, convenhamos, auxiliado pela arbitragem, que adotou rigor excessivo apenas de um lado. O Corinthians neste instante está envolto com: suspeita de influência na arbitragem, a construção (ou a tentativa de) de um estádio que ninguém sabe quem vai pagar, idas e vindas de jogadores, elenco enfraquecido, jogadores que desrespeitam o técnico e assim por diante. O título paulista obviamente será comemorado em demasia. Alguém aposta no time como campeão brasileiro?

Palmeiras - A equipe fraquejou em sua primeira decisão, embora tenha sido prejudicada pela arbitragem. Valdivia foi vítima de uma profecia auto-realizável: de tão inútil sua jogada do "chute no vácuo", acabou saindo justamente por sua causa. Pode ficar de fora da partida contra o Coritiba. Na Copa do Brasil, encontrou um caminho muito fácil até o momento. Agora pega a sua primeira grande parada. Se passar, é favoritissimo ao título. Mas, como diz Galvão Bueno, chegar é uma coisa, passar é outra.

São Paulo - Que o time é outro com Lucas e Rodolpho, é um fato. Que Luis Fabiano dará uma condição de finalização melhor, é quase uma certeza (ou um consolo aos que viram os pífios chutes de Marlos e Ilsinho ontem). Que as voltas de Fernandinho e Fernandão melhoram as opções para os jogos, também é um alento. Mas sem laterais, tanto na esquerda quanto na direita, sem volante de contenção e com um técnico que passou quatro meses fazendo testes e mais testes para chegar a lugar absolutamente algum, parece claro que o São Paulo está predestinado a fazer um bom papel de coadjuvante, mas ainda não o de protagonista.

Final do Paulistinha

E de repente, não mais que de repente, é como se este campeonato, moribundo por três meses, importasse ou valesse alguma coisa. Não vale. Não vale a tristeza, nem a alegria exacerbada dos torcedores. Talvez valha para dirigentes que não têm muito a dizer, para poderem se jactar de pequenas conquistas, que serão imediatamente esquecidas no andamento dos campeonatos mais importantes. De todos, a Libertadores é a joia da coroa. Depois, o Brasileiro. Por fim, a Copa do Brasil.
Que o Flamengo comemore seu bonde sem freio e que Corinthians e Santos estejam empolgados com a final, é perfeitamente compreensível. Mas não mascara o fato de que estes torneios só servem para faturar umas mesquinharias e para enganar o torcedor.

terça-feira, 19 de abril de 2011

A vítima Rivaldo

Rivaldo diz que não é marqueteiro. Mas é sim. Porque todos são. Todos somos. E o marketing de Rivaldo é dizer que não é marqueteiro. Não teve festa de despedida na seleção? É porque não sabe se vender, porque não é do Rio, porque isso e porque aquilo.
Talvez se lembre que poucos jogadores tiveram despedida da seleção. Talvez possamos contar no dedo. De cabeça, fica fácil lembrar a do Zico, a do Romário e a de Parreira. Rivelino teve? Tostão deve? Não devem ter tidos e foram geniais e decisivos para títulos mundiais.
Hoje, Rivaldo deu entrevista e diz que está jogando pouco porque foi indicado por Rogério Ceni e não por Carpegiani.
O tipo de declaração que deve ser entendida como a de alguém que quer ou bem impor seu lugar na base da marra ou bem quer cavar sua saída do clube. Qualquer que seja a opção, não parece boa para o clube.
Talvez Rivaldo devesse ver que estar na reserva tem a ver com o fato de ele não conseguir correr, de suas pernas não acompanharem seu raciocinio e de que tem feito partidas medíocres por um São Paulo que, se não é brilhante, achou um jeito de jogar baseado em muita velocidade, muita correria.
A esta altura do campeonato, o melhor marketing para Rivaldo talvez fosse o de preservar o gigante que ele foi no futebol.
E que não é mais.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Dissecando Felipão

Luiz Felipe Scolari é um mestre. Leitor tático como poucos, motivador como quase ninguém no futebol e um dos que mais usam a inteligência emocional a seu favor. O Brasil dificilmente teria conquistado o título de 2002 não fosse pela presença dele no banco _a aposta em Ronaldo, o espaço dado a Rivaldo, a colocação de Edmilson na zaga, a ascensão dos volantes (Kleberson e Gilberto Silva) ao longo da competição.
O trabalho de Felipão à frente do Palmeiras é fantástico. Perdeu apenas duas partidas na temporada. Um jogo parelho com o Corinthians e a partida contra a Ponte Preta, em que o time alviverde parecia ter pouco apetite pela vitória.
O caminho na Copa do Brasil tem sido sem sustos, com uma ajuda amiga da tabela. O primeiro grande duelo será contra o Coritiba.
Ciente de que deve usar sempre o regulamento em seu próprio benefício, Felipão não vociferou contra as suas aparentes contradições. Afinal, para ele importava muito que o Palmeiras jogasse mais para pegar conjunto e adquirir confiança. Principalmente contra times fracos, mas numa aura de competitividade. Agora, enfrenta o Mirassol, depois pode se vingar do Corinthians (que é, dos quatro grandes, o mais imprevisível neste momento) e pode decidir o título.
Felipão não aceita que desmereçam um campeonato que ele pode vencer. A medida que o Palmeiras foi avançando, as cornetas foram diminuindo. Hoje não se fala mais nos R$ 700 mil que ele ganha, nem na ausência de bons nomes no elenco, nem em nada.
E não será Felipão que vai minimizar este bom momento. Nem aceita que os outros o façam.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

É craque?

Parece ser. Mas o fato é que Paulo Henrique Ganso tem, em sua folha de serviços prestados, um semestre de bom futebol (em 2010), quando ainda era uma novidade. No final de 2009, quando entrou no time do Santos, alternava boas e más exibições, perdeu dois pênaltis no Maracanã, chegou a esquentar o banco. Na volta, em 2011, depois de uma contusão séria, arrebentou em um jogo contra o Botafogo e depois desapareceu. Dizem que é falta de ritmo. Pode ser. Futebol ele parece ter. Mas a verdade é que ainda não mostrou uma consistência, nem uma maturidade que permita referir-se ao gênio que acredita ser.

Ações de Ronaldo

É importante saber qual é o cargo, salário e o papel de Ronaldo dentro do Corinthians. Bem como saber se ele tem a licença necessária para transacionar jogadores. Pelo barulho que está fazendo e pelos métodos que parece estar adotando, o ex-atacante deve, em breve, deixar de ser a velha unanimidade nacional.

Lixo de regulamento

Os primeiros colocados do Paulista terão que decidir sua sorte em apenas um jogo. Um jogo. Empate vai para pênaltis. Não importa se a distância do primeiro para o oitavo lugar for de 1 ou de 100 pontos. Tudo fica igual. A única diferença é o mando de campo _o que digamos não é diferença alguma em se tratando de Campeonato Paulista.
E tem gente que ainda leva este campeonato a sério.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Façam o que eu faço...

Assim falou Muricy quando saiu do Fluminense:
"Esse é o grande problema das pessoas. Falam, dão como certo, depois não acontece e fica por isso mesmo. Não tem nada a ver. Ninguém me procurou e, mesmo que tivesse procurado, eu não ia conversar. Vou descansar durante um mês. Não ia ser correto eu largar um contrato muito bom que eu tinha com o Fluminense. Falar que saí por causa de um motivo e amanhã estar em outro clube. Pode acontecer com outros treinadores. Comigo não é assim. Por isso as pessoas têm que pensar bem antes de falar a meu respeito. Não recebei nenhuma proposta e não vou conversar com ninguém. Não é legal. O Santos está no meio de uma competição, com um treinador novo que sabe trabalhar".

Mais nada a dizer, boa noite.

domingo, 3 de abril de 2011

São Paulo é uma enganação

O São Paulo é uma enganação, uma jogada de marketing. Seu torcedor acreditou realmente neste time, lotou o Morumbi para receber o Luis Fabiano e não percebeu que o time parece frágil demais. Parece porque não dá para ter certeza nenhuma deste São Paulo que muda a toda hora.
Quando parecia que Casemiro e Carlinhos Paraíba eram o remédio necessário na contenção, o técnico muda tudo. Rodolpho ora é zagueiro, ora falso lateral, ora líbero. Alex Silva joga um dia na direita, outro na esquerda. Lucas é meio-campo ou falso ponta?
Depois da patética partida na quinta-feira (em que o time se encheu de falsos meias e nenhum atacante), mais uma pobre exibição neste domingo.
O São Paulo é um time de altos e baixos. O problema é que em mata-mata, não há espaço para isso. A não ser que tenha um alto muito alto na quarta, o time do Morumbi corre sério risco de ser eliminado (para variar) da Copa do Brasil.
E do Paulista.
O técnico vai mudar seu jeito de pensar? Muito improvável.
Nos corredores do Morumbi restam três alternativas: reza braba é uma; o presidente se impor e exigir um esqueleto tático é outra; mudar o treinador seria a terceira e improbabilissima. Torcedor, separe o terço.

Santos e a semana que define tudo

Tá, não vamos ser peremptórios assim. Mas como escapar da sensação de que esta semana irá definir quem o Santos quer e pode ser pelo resto do ano. Destruído pela derrota em casa frente ao Palmeiras, com os apupos da torcida no ouvido do Neymar, o Santos precisa se reencontrar. Tem disparado o melhor elenco no papel: Jonatas, Charles, Arouca, Neymar, Ganso, Elano... Mas esta turma não consegue jogar junto. Contusão, expulsão, má fase. São tantas coisas e no fundo o problema talvez seja um só: o time acreditou que poderia ser maior do que é. A resposta está, talvez, em se voltar ao básico.
O Santos pode contratar Muricy, o homem que não rompia contratos e agora rompe. Muricy é aquilo lá. Se virar o jogo, vai falar que foi ele. Se não virar, vai dizer que é complicado, pegou o trabalho pela metade. O que ele poderia agregar? Melhorar a defesa? É um começo. Mas vai colocar um monte de volante e torcer para que a diferença técnica de Elano, Neymar e Ganso seja suficiente? Neste ano não tem sido.
Independente de qualquer coisa, de qualquer esquema, tudo isso fica meio para segundo plano se o time não ganhar do Colo Colo na quarta. Deve ganhar. Vai ganhar. Mas SE acontecer, será um desastre.
Então no fundo é uma semana decisiva mesmo.

Palmeiras líder deve chegar com força

O Palmeiras é um time "chato". Dificilmente toma gols. Dificilmente perde. Com raras exceções (o clássico contra o Corinthians foi uma), quase nunca termina uma partida em que tenha tido chances sem anotar um gol. É uma equipe desprovida de grandes craques, mas com jogadores que parecem estar fazendo o máximo. Parece ter alguma coisa na água, pois corre mais, dá mais carrinho e quer mais a bola do que qualquer adversário.
O Palmeiras é líder do campeonato porque joga muito bem fora de casa e, como não tem casa mesmo, parece ter incorporado a verdade de que precisa jogar bem em qualquer lugar. E jogar bem não é praticar um futebol vistoso, pois no Brasil hoje ninguém o pratica, mas lutar pela bola e criar condições de vitória.
O Palmeiras é, como previsto desde o início do ano, um outro time graças ao trabalho do Felipão. Não é líder por acaso, mas não se deixa inebriar. É favorito ao título do Campeonato Paulista.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Festa antecipada

Foi bonito, emocionante, uma demonstração de apoio ao clube em um momento difícil, a capitalização de um momento de rara euforia entre os torcedores. Foi tudo isso a apresentação do Luis Fabiano.
Mas imagine se o São Paulo perder hoje do Santa Cruz ou for eliminado pelo Corinthians no mata-mata do Paulistão?
Vai dar uma sensação de festa antecipada, de celebração ao nada.
Se a gozação faz parte da brincadeira que é o futebol, ela poderia ficar restrita aos torcedores e não invadir vestiários e a presidência.

terça-feira, 29 de março de 2011

Luz no fim do túnel

Uhm... estranho, muito estranho.
Até outro dia, a Fifa dizia que Rogério Ceni tinha 98 gols. Domingo a noite, porém, postou em seu site uma homenagem ao centésimo gol do goleiro-artilheiro.
Ontem, o presidente da Fifa reclamou publicamente dos atrasos das obras no Brasil. Destaque para São Paulo que nem começou ainda a construção do estádio (a propósito, a maquete já está saindo pela bagatela de R$ 700 milhões).
Correm a explicar que Sepp Blatter e Ricardo Teixeira já travam uma batalha surda nos bastidores. Se querem medir forças, melhor nunca menosprezar a Fifa, não é mesmo?
E talvez nesta fritura toda o São Paulo, as turras com a CBF, ganhe um aliado poderoso e inesperado.

100 palavras

Talvez ele seja o maior jogador da história do São Paulo. Talvez não. Talvez ele seja arrogante. Talvez seja apenas o reflexo daquele espírito que todos deveríamos ter, de não desistir nunca. Talvez ele não seja mais o mesmo. Mas insiste em fazer grandes defesas. E gols, muito gols. Como de fora é possível rotular alguém? Neste momento, quaisquer palavras, quaisquer adjetivos são menores para dimensionar o feito único e inigualável de Rogério Ceni.
E para quem tem dúvidas, tente ver, ouvir e não se emocionar (aqui).

quinta-feira, 17 de março de 2011

Número um

Aos que querem tirar Felipão do Palmeiras, um número: uma derrota na temporada. Quatro ou cinco empates. Mas só uma derrota.
Com um time absolutamente mediano. Sem centroavante.
Felipão faz um trabalho brilhante e prova ser um dos melhores.

Muricy no Santos

E Muricy está numa encruzilhada. Não poderá assumir qualquer equipe brasileira antes de um mês, sob o risco de ver sua palavra desfeita _embora a contradição seja uma de suas características mais marcantes.
Por outro lado, daqui a um mês talvez o Santos não o precise com a mesma urgência de agora.
O que fazer?
Ao lado de Muricy corre a certeza de que a defesa seria mais bem trabalhada. Contra ele, a certeza de que ele demora para apresentar resultados. E a situação do Santos exige retorno imediato.

Mãos à obra

Começou com aquela história de que não teria dinheiro público investido. Depois, a Prefeitura veio dizer que iria dar incentivos (ou seja, o meu, o seu, o nosso) a quem "investisse" no novo estádio do Corinthians.
Surgiram as informações de que a obra não poderia ser erguida do dia para a noite. Faltava licença ambiental, documentação na Prefeitura. O Palmeiras penou nos corredores da burocracia durante meses até conseguir o alvará para reformar o seu estádio _que já existia, tinha CEP e pagava IPTU.
Agora aparecem as informações de que há uma corrida para regularizar a situação e passar a obra à frente das demais.
Depois vieram com a conversa de que uma construtura iria bancar os milhões requeridos. E que ganharia com o direito de exploração da arena. Venda de seu naming rights por exemplo. A despeito de o estádio já ter sido celebrado como Fielzão. Ninguém ainda explicou como uma construtora vai realmente ganhar dinheiro com isso.
E assim vamos e ninguém parece se indignar com esta farra.

terça-feira, 15 de março de 2011

Tudo igual

Muricy Ramalho é um bom treinador de futebol, mas um técnico mediano.
Ele gosta de repetição. Treina as equipes à exaustão, principalmente posicionamentos defensivos. Seus ferrolhos costumam ser bem-sucedidos e suas equipes têm relativo sucesso em prevenir gols.
Como é um técnico apenas mediano, não desenvolve métodos novos, não improvisa, não é adepto da arte aliada a eficiência e não consegue adaptar suas equipes a novas circunstâncias e dinâmicas de jogo.
Se falha na estratégia em campo, Muricy nunca falhou em seu esquema de marketing. Poucos souberam usar com tanta inteligência este nicho de mercado como ele. Muricy já deu diversas demonstrações de que criou um personagem, retroalimentado pela imprensa esportiva (e principalmente alguns jornalistas de rádio são bastante acríticos). Em determinada ocasião, por exemplo, o treinador deixou claro que não era ranzinza daquele tanto, mas distribuía bordoadas aos jornalistas porque no fundo eles queriam uma notícia. Ele virava a notícia.
Nos momentos de vitória, que não foram poucos, Muricy nunca se escondeu de um bom microfone. Vende a imagem de que é "tarado por futebol" e que assiste até a campeonato da quinta divisão. Diz ainda que dá muito lucro aos times, por revelar talentos. Ficou anos no São Paulo. Não consta que tenha garimpado nenhum valor de campeonatos estaduais fora de São Paulo, muito menos que tenha alçado voo de jovens talentos. Lucas, a maior revelação do Morumbi desde Kaka, nunca teve uma chance com Muricy. Precisou do limitado Sergio Baresi para subir.
Muricy sempre vendeu a imagem de que contrato para ele era sagrado, não se rompia sob nenhuma circunstância. Se o time estivesse mal, paciência.
"Eu sou assim", disse, quando não aceitou ir para a seleção brasileira, preso que estava a um documento que nem sequer havia assinado com o Fluminense.
Louvável, bradaram todos.
Agora, Muricy rasga o mesmo contrato.
Diz que não cumpriram o acertado com ele ao não darem condições de trabalho. Essas condições, ele sabia, não existiam nas Laranjeiras quando para o Rio ele se mudou. Essas condições não apareceriam do dia para a noite. Aos empregadores, Muricy não deu o benefício da dúvida. O mesmo que ele sempre advogou aos técnicos em situação periclitante.
Se o Fluminense estivesse melhor na Libertadores e no Carioca, Muricy tivesse uma outra atitude. Talvez. Nunca saberemos.
O fato é que ele era um bom treinador e um técnico mediano, mas que conseguia vender-se estrategicamente com um diferencial de mercado. Agora, perdeu isso.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Amigos no jornalismo

A primeira vez que eu o vi foi logo na aula de estreia da faculdade de jornalismo. A primeira frase que ele me falou foi, apontando para um lugar vazio entre a cadeira dele e a minha: "uma gostosa vai sentar aqui". Não sentou.
Ainda no primeiro ano, ele estava ao meu lado na primeira reportagem esportiva que fiz. Um treino no São Caetano, na época na divisão Z do Campeonato. Mas o Serginho Chulapa jogava lá. Foi divertido. O preparador físico espinafrando que nem água quente tinha. Saímos de lá com a sensação de que aquele time nanico nunca sairia do lugar. Onze anos depois, era campeão paulista.
Depois, fomos ao treino do São Paulo. Era época de Telê. Fizemos um longo trabalho de reportagem sobre os preparativos do tricolor para o Mundial de 93. Tiramos dez. Tenho uma cópia do trabalho até hoje.
Quando fui fazer teste na Folha de S.Paulo, ele foi ao meu lado. Eu caí na Agência Folha, ele na falecida Folha ABC. Um ano e pouquinho depois, estávamos trabalhando juntos no Esporte.
Eu fui pauteiro, ele repórter. Era fácil. Quebramos altos paus. As vezes eu estava errado, as vezes não. Mas sempre em alto nível. Sempre acabava em cerveja.
Fizemos juntos a Olimpíada de Sydney. Mas a mais bacana foi a de Atenas. Sentados no estádio Olímpico, esperando o início da cerimônia de abertura, tomamos uma cerveja e lembramos a longa jornada, do treino do São Caetano até aquele evento. Foi bom. Naquele dia, batemos o pé e desmentimos a emissora de televisão que dizia que a delegação dos EUA havia sido vaiada. Estávamos lá. Não houve vaias.
Sempre procuramos fazer bom jornalismo. E sempre nos divertimos muito.
Agora, Fábio Seixas está no Rio, levando suas boas histórias e sua boa companhia. Que a cidade saiba desfrutar. Em São Paulo, fará falta.

(MARCELO DIEGO)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Reviravolta no São Paulo

Política é a arte da persuassão. No momento em que Juvenal Juvêncio estressa que vai "ganhar mais esta" talvez seja o momento em que ele esteja mais distante de um terceiro mandato.

A oposição foi à Justiça e iniciou uma guerra de liminares. Juvenal sabe que pode ganhar no tapetão, mas terá que perder tempo considerável sustentando a legitimidade de sua condição de presidente.

Sai ainda mais enfraquecido de uma disputa em que talvez até tenha razão: manutenção do Clube dos 13 e partilha dos direitos de transmissão de televisão.

O script pode ser o seguinte:

1. Juvenal chama a CBF para a briga e não se candidata, tornando a briga personalista e não centrada no São Paulo;

2. Juvenal assina um contrato de cobertura do Morumbi, articula o transporte público até o estádio e termina seu mandato como o grande responsável pela modernização do estádio;

3. Entra um novo presidente, do grupo do Juvenal, que fica apenas três anos, conduz os negócios do jeito que o mandatário deseja, mas com fôlego político novo para conduzir as negociações com a TV, se reaproximar de outros clubes e diminuir o ambiente de tensão do São Paulo;

4. Se o estádio de Itaquera não ficar pronto a tempo (e pode ser que não fique, pois são apenas dois anos até a Copa das Confederações), o São Paulo poderia sediar a Copa e Juvenal seria eleito presidente novamente em 2014.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Who cares?

Derretam a Taça das Bolinhas.
Ninguém se importa com ela.
Crianças continuam nascendo, gente querida continua indo embora, amantes se encontram, casamentos acabam e ninguém, ninguém mesmo perde o sono para saber quem vai ficar com aquela taça horrorosa.
O São Paulo não deveria ter aceitado. Teria se poupado. Podia ter entregue a taça ao Flamengo. Seria um gesto de grandeza política e pessoal. Nenhum torcedor iria achar ruim. O time não teria um título brasileiro a menos. Sua história seria valorizada, não o contrário. Seria uma reafirmação dos seus princípios.
O Flamento não deveria beijar assim a mão da CBF, uma entidade sem critérios. Ficou duas décadas dizendo que o Sport era campeão e agora decide que "não era bem assim". Ah, culpa da administração passada? Não. Sempre foi o mesmo presidente.
Para a CBF, tudo bem ter um ou dois ou três campeões no mesmo ano.
Critérios esportivos não valem de nada.
O Flamengo deveria meter um processo na CBF por ter ficado de fora da Libertadores de 1988. Por perdas e danos.
Vamos ver se daí esta farra de reescrever a história acaba ou não.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Hipocrisia

Cansa. Muito.
A mesma torcida que dias atrás (dias; não semanas, não meses; dias) estava tocando o bonde do terror no treino do Corinthians é aquela que falsamente cai no golpe de marketing do "Eterno Ronaldo".
E os mesmos jornais que descascavam a equipe corinthiana na semana retrasada hoje classificam o momento do time como "ótima fase".
Pera lá. O Corinthians ganhou do Palmeiras na bacia das almas. Melhor jogador: goleiro.
Ganhou do Mogi Mirim no quarto final da partida.
Ganhou do Santos com autoridade? Sim. Mas como afirmar que, a esta altura, isso não seja exceção?
Detalhe: todas as partidas foram feitas no Pacaembu.
Em um campeonato de nível tão fraco, exaltar Corinthians e São Paulo, execrar os demais é miopia.
E hipocrisia.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Postura

Olhando com a distância que o curto tempo permite, há um abismo nas posturas de Ronaldo e Juvenal Juvêncio. Os dois escolheram dias e horários semelhantes para falar: segunda-feira, perto da hora do almoço.

Ronaldo, vitorioso, milionário, sentiu que não conseguiria mais corresponder às expectativas dentro de campo. Entre virar um fantasma do presente ou um herói do passado escolheu a segunda opção. Os mesmos críticos que lhe apontavam o dedo desaprovador o cobriram de elogios. Seus feitos foram reconhecidos, seu legado exaltado. O Corinthians alivou sua folha de pagamento e, diz-se por aí, não terá impacto concreto na sua receita.

Ronaldo falou, se emocionou e distribuiu este sentimento a todos os demais. Não se absteve de criticar as recentes atitudes violentas da torcida, mas reafirmou seus compromissos com o futebol. A questão do hipotireoidismo é meio uma bobagem. Afinal, não só por isso ele estava fora de forma. Nem novidade era, ele já havia falado. Faltou um posicionamento mais claro sobre as diversas críticas costuradas á organização do futebol (calendário, empresários), mas talvez o momento não fosse para isso. Ronaldo desculpou-se pelos seus erros, listou os momentos amargos da carreira e deixou claro que a ausência de uma Libertadores era um marco indelével.

De outra sorte, Juvenal Juvêncio deu um show de arrogância. Primeiro, ao aceitar a famigerada Taça de Bolinhas. Ele havia sido signatário do documento que atestava o Flamengo como campeão brasileiro de 1987 (que foi). Agora, rasga o documento e a moral do São Paulo com uma atitude mesquinha.

Depois diz que pode se candidatar à reeleição porque o São Paulo precisa de gente competente. Que a oposição está reduzida a nada.

Ele tem razão nas duas premissas. Mas ao chamar seus assessores diretos de incompetentes, Juvenal mostra se achar acima de tudo e de todos. Ao justificar a virada de mesa com base em uma oposição enfraquecida (até as custas de politicagem), o mandatário adota os mesmos expedientes de ditadores de quinta categoria.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sai daí, sai já

Então há uma oferta na praça de 6 milhões de euros por Fernandinho e outra sondagem para Dagoberto. Rodrigo Souto diz que quer sair.
Nenhum dos três está jogando nada.
O São Paulo deveria negociá-los imediatamente.
Juntar o dinheiro e contratar Alex Silva.

Amarelo

O clima na redação, naquela tarde fria de julho de 1998, era de indisfarçável otimismo. Sabíamos que provavelmente ainda teríamos que trabalhar muito, mas já estavámos nesta vida desde o início do ano e, portanto, mais 15 dias não fariam diferença.
Nossa última capa, após o jogo contra a Holanda, havia sido SHOW. Um exagero. Aquela seleção tinha jogadores bons (Dunga, Cesar Sampaio, Leonardo) outros bem mais ou menos (Junior Baiano, por exemplo, era uma temeridade) e alguns poucos craques. Ronaldo e Rivaldo definitivamente o eram. Roberto Carlos ensaiava ser.
Quando Galvão Bueno disse que ao vivo que a seleção iria de Edmundo no lugar de Ronaldo, ligamos para nossos enviados na França. "Mais uma do Galvão, não tem nada disso", replicou do outro lado da linha um experiente jornalista. Certo estava o narrador. Estávamos todos no escuro.
Bola rolando e o Brasil levou um passeio da França. Era inacreditável. Não sabíamos, àquela hora, que Ronaldo havia tido uma concussão ou qualquer coisa semelhante. Só víamos a sua apatia em campo e o Brasil jogando mal, muito mal, nervoso.
Um lance capital foi o escanteio infantil cedido por Roberto Carlos. Na sequência do lance, gol de Zidane, de cabeça.
O mesmo Roberto Carlos que havia cedido um gol para a Dinamarca.
Ao final do jogo, havia três grandes personagens para ser entrevistado: Zagallo, Ronaldo e Roberto Carlos. Como o atacante ficou estático, parado no meio de campo, com a chuteira envolta no pescoço para exibir o patrocinador, todos os repórteres cercaram o lateral.
Que antes de ser questionado, já deu o recado: "Para mim, o problema é que teve gente que amarelou". Como assim? "Pergunta para os outros. Teve jogador que tremeu".
Falava do Ronaldo, claro.
Se amarelou, não sei. Dizem que passou mal.
Mas Roberto Carlos pensou em si, só em si.
Em 2006, fez uma Copa medíocre. Arrumou o meião na hora do gol da França e depois veio dizer que ele não tinha que marcar ninguém. Então chispa da área, meu caro.
Também tentou transferir a responsabilidade.
Quando não jogou contra o Tolima, ventilou que havia sido uma decisão do Tite, não dele. Oras, então deixe isso claro, público. Não o fez.
Agora diz que está sendo ameaçado e vai sair do Corinthians.
A história se repete.
Como farsa.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Esfriou

Por que ninguém mais comenta o andamento das negociações para a construção do Fielzão?

Vilão

O Globo estampa em sua manchete no caderno esportivo que a "culpa" pela derrota no amistoso de ontem foi de Hernanes. Ao ser expulso, ele fragilizou a seleção brasileira, que perdeu de 1 a 0 para a França.
A escalação de Renato Augusto, a falta de força no ataque nada disso é levado em consideração. A voadora de Hernanes é a justificativa _diga-se de passagem que Hernanes é um bom jogador, mas nada de expecional e, portanto, nem na seleção deveria estar.
Já diretores corinthianos "lamentam" a ausência de Liedson na pré-Libertadores. "Se ele estivesse em campo as coisas seriam diferentes". Dãããã. Claro que seriam. Se o São Paulo tiver um meia, se o Santos tiver uma zaga mais forte, se o Palmeiras contratar um centroavante as coisas serão diferentes.
Mas quem contrata? A torcida? Não são os próprios diretores?

Same old, same old

Ontem à tarde, um blogueiro postava que Muricy havia aprendido as lições das derrotas na Libertadores comandando o São Paulo. E que iria "deixar a técnica de lado" e formar um time "guerreiro e lutador". Ou era falta de informação (sempre pode ser) ou deu tudo errado: o que se viu na noite de ontem (9/2) foi um Fluminense dominado pelo Argentino Juniors. Em casa.
Parecia o velho São Paulo de Muricy. Time desarticulado, nervoso, com chutões para a frente. No Sportv, o comentarista dizia que a equipe estava muito mal armada.
Pode ser coisa de apenas um jogo, claro. Mas é fato que o Fluminense estava muito mal na reta final do Brasileiro _ganhou de bandeja o campeonato graças a derrocada corinthiana. E que estes jogos de Estadual não significam muita coisa.
Com Fred e Cavalieri em forma as coisas melhoram? Claro que sim.
Mas, torcedor e blogueiros, esta será a tônica, não a exceção.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Obviedades

O Corinthians é um time melhor quando tira volante do meio-campo e coloca meia de ligação para dialogar com o ataque. O Corinthians é um time melhor quando tira quem não quer (ou não pode) jogar, casos de Dentinho, Ronaldo e Roberto Carlos.

O Palmeiras é um time forte na defesa, que ameaça se soltar no ataque, mas muito dependente de Kleber, que é um jogador mediano e que colocou na cabeça que esta bobagem de fazer falta, dar cotolevada e fazer biquinho é uma boa.

O São Paulo é um time sem padrão tático, sem esquema tático e sem criatividade.

E no que vai dar isso? O Corinthians vai chegar forte à fase final (valorizando o campeonato). O Palmeiras vai ser competitivo. E dependendo de como estiver seu espírito, o Santos vai ser o favorito.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Antes e depois

Ontem, os comentaristas diziam que:
- Ronaldo é gênio e em uma bola pode decidir um jogo. Tem que estar em campo.
- Corinthians sabe planejar e as temporadas recentes indicam isso.
- Roberto Carlos trouxe a experiência necessária para a equipe.
- Corinthians tem um dos melhores elencos do país.

Hoje, dizem que:
- Ronaldo está velho e tem que parar.
- Faltou planejamento.
- Roberto Carlos pipocou.
- O elenco do time é uma draga.

Observação: importante ressaltar que desde o início aqui foi dito que qualquer julgamento sobre o Tolima era precipitado uma vez que provavelmente ninguém tinha visto a equipe jogar. E ela não é nada demais. Mas esteve melhor que o Corinthians.

Corinthians faz história na Libertadores

Infelizmente de um jeito que o torcedor não queria. Conseguiu ser eliminado sem anotar nenhum gol e ainda na fase de classificação (atenção estatísticos: essa participação nem conta, pois o time não disputou o torneio, apenas o qualificatório). Um fiasco completo. Quais as razões?

1. O empate em Goiás. Não tivesse sido relapso e jogado pelo placar em dezembro, não teria ficado em terceiro no Brasileiro e estaria direto na Libertadores.

2. Menosprezo. Os relatos são de que os jogadores e dirigentes negligenciaram o adversário. Ronaldo dizia que o Tolima não seria problema, o espião do Corinthians disse que o time não era de nada, Roberto Carlos falou que não dava para pensar em não se classificar.

3. Saída de Elias. De um time muito bom em 2009, o Corinthians virou um time bom em 2010 e caiu em 2011. Ainda pode crescer, tem elenco para isso. Mas a saída de Elias acabou com o time.

4. Ronaldo em má fase. E ainda assim, ninguém tem coragem de colocá-lo no banco.

5. Decisões equivocadas do treinador. Que insistiu em um esquema de três atacantes sem nenhum meia de ligação (mesmo problema do São Paulo). O time fica isolado na frente e descompensado do meio para trás.

6. Banco inchado. Danilo e Bruno César no banco, com Paulinho jogando. Algo de errado.

7. Treinador defensivo. A vocação do time era buscar o ataque. Adilson Batista tentou fazer o time ir ainda mais a frente, fracasssou e foi defenestrado. Escaldado, Tite resolveu colocar o time atrás. Também exagerou.

8. Ausência da torcida. Os ingressos muito caros mudaram o perfil e afastaram o torcedor do jogo de ida no Pacaembu. Conclusão: não houve o caldeirão esperado.

9. Erro de planejamento. A diretoria demorou demais para contratar um atacante, substituir Elias e William.

10. Cabeça difusa. O Corinthians estava tão preocupado com aspectos fora de campo que se esqueceu do que a torcida quer.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Vale a pena ver de novo

A onda de contratações retrô continua a toda e coube ao Corinthians repatriar Liedson por R$ 4 milhões. Diferentemente de Rivaldo e dos Ronaldos, porém, Liedson nunca foi genial. Sua melhor característica é justamente a que o tempo mais pôde roubar: a velocidade.

Enredo de filme

Time capengando, necessidade de vitória, jogo em casa. Com o placar apontando 1 a 1, o goleiro Saulo, do Sport, faz um gesto desesperado, se manda para a área do adversário na cobrança do escanteio, usa sua impulsão e, nos acréscimos, marca de cabeça o gol necessário para o seu time. Mas se machuca na queda. Sai de campo. Todas as substituições já haviam sido feitas. Cabe ao baixinho Carlinhos Bala colocar as luvas e ir para debaixo da meta. Ainda resta uma emoção: escanteio para o adversário, Bala sai como um raio e corta o cruzamento.
O jogo em que o goleiro fez a função de atacante e o atacante, a de goleiro.
Enredo de filme total.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Curto e grosso - Rodada 5 do Paulista

Então vamos combinar que aquele papo de que os jogadores estão em começo de atividade e coisa e tal começa a fazer água. Tudo bem, jogando quarta e domingo fica mais difícil treinar, tem boleiro que demora mesmo para entrar em forma, ainda falta um mundo de gente para estrear.

Mas já dá para separar o joio do trigo. Fácil. Exemplo: o Palmeiras acertou a cozinha, a marcação (como sempre, nos times de Scolari) e voltou a fazer gol. Se o ataque não é nenhuma Brastemp, pelo menos tem um Kleber um pouco mais inspirado (e jogando como segundo atacante, onde rende mais). Cicinho tem tudo para se transformar em um grande atleta com a camisa alviverde.

O Santos se consolida como o time deste início do ano. Com a provável chegada de Ganso, Neymar e com a estreia de Diogo, tem tudo para se consolidar. E Elano parece ser "a" contratação do futebol brasileiro (aliás, não precisava enxergar muito longe para perceber isso).

O Corinthians vive baixos e baixos. Tudo pode mudar na quarta-feira. Deve se classificar frente ao Tolima e enfrentar uma fase durissima de grupo na Libertadores, abandonando de vez o Paulistinha (está certo). Ver um jogo com o São Bernardo e lembrar a qualidade de um Danilo, porém, faz questionar se o time joga tudo o que pode e se estão corretos os vaticínios de que o time não tem elenco.

O São Paulo tem um time pior que o de 2010, que já não era essas coisas. Perdeu na frente a qualidade de Ricardo Oliveira _e não é Fernandinho ou Fernandão, muito menos Dagoberto, que irá cobrir esta ausência. A defesa outrora forte agora baila. Mas não por culpa dos zagueiros e sim pela ausência de um volante, daqueles bons, mordedores. O São Paulo é o time do quase. Tem quase a defesa forte do Palmeiras, quase a qualidade do Corinthians, quase o ataque do Santos. Mas na hora do vamos ver, fica sempre no quase.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Curto e grosso - Rodada 4 do Paulista

E a pergunta provável que vai ficar, ao final do turno interminável, é: precisava colocar mata-mata com oito times?
Porque os times do interior de SP estão muito fracos, pouco competitivos. Ah, ok, a Ponte ganhou do São Paulo no Morumbi e da Lusa no Canindé. Mas a Ponte, o Botafogo são times com tradição. A verdade é que ao menos três dos grandes estarão lá, entre os quatro primeiros. Quem não estiver, que se coce.
O Palmeiras está subindo. O Corinthians está de olho e com a cabeça só no Tolima. O São Paulo aproveita-se dos times mais ou menos para tentar contornar a sua fragilidade. E o Santos treina bem.
A próxima rodada pelo menos terá um clássico. Em Barueri, sem grandes atrativos, mas clássico. As coisas podem melhorar.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Primeiro sinal

Rivaldo reluta em deixar o cargo de presidente do Mogi Mirim. O Sâo Paulo, dizem os jornais, incomoda-se com a situação, pois seria antiético.
De presidentes que relutam em deixar o cargo, porém, o São Paulo parece entender. Terá moral de cobrar o mesmo do mandatário do Mogi Mirim?

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Campanha no ar

Cômica ou séria, vale a pena checar o blog contra a reeleição de Juvenal Juvêncio. Aqui.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Pergunta pertinente

Wanderley Nogueira, com a precisão de sempre, questionou no Mesa Redonda de ontem (23/01): qual a moral de Juvenal Juvêncio para falar de Marco Polo Del Nero, Ricardo Teixeira ou Nicolas Leoz?

Outras perguntas incômodas:
- O estatuto do São Paulo não foi alterado supostamente porque o presidente precisaria de tempo para viabilizar o Morumbi na Copa? Pois se não conseguiu deveria ser impedido de se reeleger por incompetência, não somente por uma interpretação escusa da lei.
- Quem será o diretor de futebol do São Paulo?
- Cadê a oposição, que rivaliza o trono presidencial até alguns anos atrás?

Curto e grosso - Rodada 3 do Paulista

Os mesmos críticos que hoje dizem que o Corinthians não está pronto para o Tolima vão apontar uma grande evolução do time e dizer que o jogador A ou o jogador B estava se poupando para a Libertadores quando (ou se) a equipe paulista vencer o jogo de quarta-feira.

Duvido que alguém esteja vendo os jogos do Tolima para formular tais conceitos. Sobre o Corinthians, não dá para fazer uma análise concreta ainda. O Corinthians perdeu Elias, o motorzinho do time. Nenhum time consegue contornar esse impacto a não ser jogando, testando. Pode ser que não dê certo, pode ser que dê.

Do mesmo jeito, parece precipitado dizer que o Santos é o time a ser batido. Pera lá. Que é um baita dum time, isso parece ser. Que está se reforçando do meio para frente, com certeza. Mas como este time vai reagir em momentos de grande tensão emocional _afinal, o primeiro semestre deste ano não se parecerá em nada com o do ano passado. Os times serão mais duros, as viagens mais desgastantes, o elenco já está cheio de estrelinha. Também é preciso um tempo.

O Palmeiras mudou o foco. O discurso é olhar para frente. Embora o time seja nota seis, é o tipo de armadilha que Luiz Felipe Scolari é mestre em montar. Elenco mais ou menos, vai consolidando a sua retranca de resultados e daqui a pouco ninguém mais consegue ganhar do Palmeiras. Excesso de otimismo? Talvez.

O São Paulo é uma incógnita. Embora seu torcedor tenha motivos para achar que pode dar em alguma coisa, os vícios e vicissitudes ainda de 2010 parecem criar uma trava. Com a volta dos garotos, a chegada do Rivaldo e tudo o mais, este ponto de questionamento deve continuar por pelo menos mais alguns meses. Ficará tarde demais para responder?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Retrocesso

O dia 20 de janeiro de 2011 está escrito nas páginas tristes do São Paulo Futebol Clube. Nesta noite, a história contará que Juvenal Juvêncio reuniou conselheiros do clube para convencê-los de que tem argumentos jurídicos para candidatar-se pela terceira vez seguida à presidência do clube. Recebeu aplausos, cumprimentos e um caminho livre de quem deveria zelar pelo padrão ético e patrimônio do São Paulo.

Folclórico, político, Juvenal ressurgiu no São Paulo no início dos anos 2000 como diretor de futebol. Brilhantemente, foi o primeiro a perceber as lacunas da Lei Pelé. Com astúcia, seduzia jogadores em fim de contrato. Ao invés de pagar multas altas aos clubes, pagava salários bons aos atletas. Com a tática, montou um bom time que, por sorte, competência e circunstância, foi campeão mundial em 2005.

Eleito presidente, Juvenal melhorou este time e pavimentou o caminho para um inédito tricampeonato brasileiro. Revitalizou o Morumbi, tornando-o melhor e mais lucrativo. Investiu nas categorias de base.

Cometeu dois grandes erros: mudar o estatuto do clube para alongar o mandato de dois para três anos; e ter se tornado obsessivo com o intuito de colocar o Morumbi na Copa.

Nos últimos dois anos, JJ colecionou derrotas em campo e fora dele.

Não obstante, tenta se manter no poder atrelado a detalhes jurídicos, a uma oposição fraca e a uma situação acomodada. Sabe-se lá quais são os interesses que atendem, com certeza não são o do real torcedor do São Paulo.

O clube que já foi associado a modernidade e a gestão, que serviu de paradigma e contraexemplo ao que se praticava em outras bandas se vê agora do lado oposto. Na contramão. Envolto em mudanças de regra e em interpretações largas do bom senso, do sentido ético das coisas.

Juvenal, que tanto se outorgou a veste de paladino da moralidade e dos bons costumes, agora pode dar as mãos aos algozes que tanto criticou.
Está proibido de endereçar críticas a outros clubes e à CBF.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Curto e grosso - Rodada 2 do Paulista

Campeonato Estadual só serve para uma coisa: colocar time em crise. É o que pode acontecer com o Palmeiras hoje, por exemplo.

Que ninguém diga que o Corinthians "preocupa" após o empate com o Bragantino (1 a 1). Segundo jogo, segunda semana de treino.

Também que ninguém venha dizer que o São Paulo está bem pelo mesmo motivo. Não está. Só aparece para este time baba.

Mas louvemos o Santos, que voltou a jogar fácil.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Default

O Campeonato Carioca começa hoje tendo os dois últimos campeões brasileiros, a maior torcida do país, jogadores como Fred e Conca, atrações como Ronaldinho Gaúcho, e, o melhor, uma fórmula bacana: turno e returno, várias finais. Poucos times.
A draga do futebol pegou a Dutra e desceu ao Sul.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Curto e grosso - Rodada 1 do Paulista

A melhor coisa da rodada é o texto de Antonio Prata sobre a Linense.
A segunda é o gol de Roberto Carlos contra a Portuguesa. Uma trivela para ninguém botar defeito, um goleiro desatento.
A terceira é o fato de haver um jogo de futebol para assistir.
Todo o resto ou não é importante ou não dá para medir (como cobrar mais esforço ou padrão tático de quem há duas semanas estava se entupindo de peru?).
Agora, tratar como novidade o fato de o Corinthians ter um bom time (hello, alguém se lembra que eles disputaram o título até o final?), que o Santos tem uma molecada boa de bola, que o Palmeiras está uma lástima e que o São Paulo não tem meio-de-campo é agredir a inteligência alheia.
Jogo bom mesmo será na semana que vem, quando o Corinthians vai atropelar o Tolima. Até lá, só esta mesmice.

Legal e imoral

Marcello Lima revela em seu blog que após intensa consulta jurídica chegou-se à conclusão de que não seria ilegal Juvenal Juvêncio concorrer a um novo mandato _e que isso será anunciado nesta semana. Ilegal então não é. E antiético?

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Lágrima de crocodilo

E tem portal de internet sensibilizado com o jogador Somália, que, emocionado, chegou a chorar ao pedir perdão por ter mentido sobre um sequestro relâmpago só para escapar da bronca de um atraso no treino.

Rememorando: o sujeito chegou as 04h da matina, acordou tarde, perdeu a hora, desceu ao estacionamento, voltou para o seu apartamento (contando dinheiro na carteira), desceu de novo, desta vez sem relógio, pegou seu carro e rumou para a delegacia para dar queixa de sequestro. Naquela tarde deu entrevista dizendo que pensou muito na sua filha e no medo que tivera.

Fez a polícia perder seu tempo investigando uma bobagem. Como se a polícia não tivesse mais o que fazer.

Pego na contramão (as câmeras internas filmaram tudo, um espetáculo deprimente de um atleta para lá de mediano), Somália foi multado e agora, chorando, "pede perdão".

Perdoar é um ato nobre. Mas alguém acredita que, tivesse dado certo, Somália estaria chorando? Arrependido nada. Está querendo contornar uma situação que, além de rídicula, é uma incorrência em um crime.

Com a tragédia que acontece no Rio, se comover com as lágrimas de Somália é uma bobagem sem tamanho.

Prioridade

Dinheiro gasto em prevenção a enchentes no Rio = R$ 1 milhão.
Salário do Ronaldinho = R$ 1,2 milhão.
Obras no Maracanã = R$ 1 bilhão.

Vivemos num mundo em que a vida de 348 pessoas não vale nada. Nada.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Fenômenos estranhos

Estranho. O Flamengo não é aquele time que teria deixado de pagar um clube grego pelo empréstimo do Diogo? Não é um dos maiores devedores de INSS do governo? Não é o clube que não tem grana para construir um CT? E contrata o Ronaldinho Gaúcho pagando R$ 1,2 milhão?
Estranho. Para pagar o Ronaldinho, seria necessário vender o quê, umas 150 mil, 200 mil camisas por mês? O contrato dele é de três anos. Seriam 7,2 milhões de camisas vendidas neste período. Faz sentido?
Estranho. O Sevilla não aceitou uma proposta do Milan. Aceitaria uma do Corinthians, pelo Luis Fabiano?
Estranho. Ganso está em recuperação, salários em dia e bem no meio da janela de transferência começa a falar mal do Santos. Será que a chegada do Elano ganhando mais do que ele tem alguma coisa a ver?
Estranho. O Palmeiras diz que ia contratar Ronaldinho. Não deu. Então não contrata ninguém.
Estranho. O técnico Paulo Cesar Carpegiani diz que, já que Miranda pode ir embora, melhor talvez não escalá-lo em alguns momentos. Então não é melhor dispensá-lo já? Partindo desse pressuposto, todos os jogadores não vão um dia sair dos seus clubes?
Estranho. Descobriram agora que o teto do Maracanã não presta e será preciso mais R$ 1 bilhão para reformá-lo.
Estranho. Thiago Neves vai para o Fla.
Estranho. Emerson contundido de novo?
Estranho, muito estranho.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

São Paulo na lama

Anos atrás, o lodo invadiu o São Paulo Futebol Clube em uma das inúmeras enchentes de começo de ano de São Paulo.
Neste ano, até o momento, este tipo de problema ainda não aconteceu. Mas os nobres salões do Morumbi podem afundar em uma lama tão fétida quanto a do passado.
Até o momento, não se sabe se o São Paulo seguirá sua tradição de democracia ou se irá chafurdar na imoralidade.

Cobertura ruim

E é incrível como ninguém consegue cobrir decentemente a evolução dos preparativos para o Mundial de 2014. Como se acompanhar evolução dos estádios fosse o único quesito. Calma lá. Ainda dá tempo de fazer alguma coisa em aeroportos? Qual o déficit real de quartos de hoteis? Quais são as tratativas estaduais, dos novos governos, para receber o evento? Quem centraliza as informações e com que grau de acuidade? Está havendo lambança ou seriedade no trato do dinheiro público?

Entressafra

Os times não se reforçam, não treinam com bola, os campeonatos no início do ano são meio mixurucas. Então, sobram apenas falsas polêmicas, velhos dilemas e uma ou outra novela para acompanhar. Chatice mesmo é tentar adivinhar o destino de Ronaldinho Gaúcho. Engraçado que os repórteres e analistas escrevem que não se pode confiar em Assis, irmão do meia, mas na coletiva de hoje (6 de janeiro), estavam todos com muita cerimônia e reverência a ele. Talvez na falsa esperança de que ele dê o "furo" do destino do meia.
Que vai fazer um bom torneio, claro, porque aqui no Brasil falta técnica.
Mas que provavelmente vai chamar muito mais a atenção por outros aspectos, fora do esquadro do campo.