domingo, 31 de outubro de 2010

Impecável

O comentário de Victor Birner sobre a não-convocação de Hernanes. Não é porque ele é o destaque da Lazio que passou a ser um jogador fora de série. Aliás, talvez ele só esteja se destacando por ser a Lazio. Para alguns, é mais fácil ser um peixe grande num lago pequeno do que um peixe pequeno numa lagoa grande.

Palpite

Se fosse bom, vendia-se, não se dava.
Mas na reta final do Brasileiro fica mais fácil brincar no simulador de resultados. E hoje ele combina os resultados de forma a mostrar que o título tende a ficar entre Cruzeiro e Corinthians; que o campeão deve fechar o ano com 68 pontos; que os dois e o Fluminense estarão na Libertadores e que se quarta vaga houver ela caberá ao Grêmio, coroando a melhor história de ressurreição do ano.

A culpa é do árbitro

Tudo bem, a bola parece que entrou e o bandeirinha estava mal posicionado. Na dúvida, pró-atacante. Mas esse não foi nem de longe o pior lance do campeonato. E querer creditar a esse erro de arbitragem as chances diminutas de o Santos ser campeão é mascarar a realidade. Este mesmo discurso não deveria, pois, ter permeado a crítica esportiva após a bisonha virada para o lanterna do campeonato, Grêmio Prudente, na semana passada?

Rave da democracia

E as eleições acabam sem que temas esportivos tenham participado da agenda dos candidatos. Bolinhas de papel, balões de água e encíclicas papais tiveram muito mais espaço do que discussões sérias sobre os preparativos para a Copa e para a Olimpíada. Fala sério.

Amor com amor se paga

Em 2009, o Corinthians deixou o seu coração falar mais alto e, numa atitude popularesca, comemorou a derrota de 2 a 0 para o Flamengo nas rodadas finais do Brasileiro. Comemorou sim. O título do jornal oficial dos corinthianos classificou o resultado de "Doce Derrota". Os três pontos foram cruciais para que o Flamengo tirasse do São Paulo a possibilidade do quarto título nacional consecutivo.
O mesmo Flamengo acabou eliminando o time alvinegro da Libertadores deste ano, como a querer provar que o futebol dá, o futebol tira.
Agora, corinthianos sabem que o futuro do campeonato não mais depende só deles. O Cruzeiro por exemplo fecha sua participação contra o Palmeiras.
Mas ninguém tem tantas possibilidades de atrapalhar ou ajudar, mesmo que de maneira indireta, o Corinthians do que o próprio São Paulo. Joga com Cruzeiro (fora), Fluminense e com o próprio rival paulista no Morumbi. Se perder para os dois rivais e ganhar do Corinthians, pode tirar o time paulista da disputa. Se acontecer o contrário, pode empurrar o quinto título brasileiro para o Parque São Jorge.
As teorias da conspiração já começaram a pulular. E torcedores do Corinthians agora cobram de terceiros um profissionalismo que a rigor não tiveram.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Empate é um bom resultado?

Sim. Se o time estiver em um jogo difícil, em condições adversas e a derrota for provável, empate pode ter sabor de vitória.
Sim. Se estiver jogando fora, se o seu time estiver muito desfalcado.
Sim. Se pela frente você tiver adversários teoricamente mais fáceis do que seus adversários.
Não. Em um campeonato em que vitória vale três pontos e que cada resultado conta, abrir mão da tentativa de sobrepujar o adversário é poder jogar fora a chance de ser campeão.
Não. O objetivo do jogo é vencer. Empatar é uma anomalia.
Se é bom ou ruim, como pode-se ver, depende do ponto de vista. Uma coisa, porém, é fato: o Corinthians ontem optou por empatar com o Flamengo, abdicando da vontade de vencer. Se vai fazer falta ou não, óbvio, só o final do campeonato dirá.

Falta de senso

Nota no jornal "O Estado de S.Paulo" desta quinta-feira (28/10) indica que uma suposta oposição no Santos estaria vetando o nome de Adilson Batista como treinador da equipe. Motivo: se ele não serviu para o Corinthians, serviria menos ainda ao alvinegro praiano. Primeira dúvida é identificar quem seria esta oposição santista. Se for a mesma que está penhorando todos os bens do clube na Justiça, talvez mereça apenas o silêncio como resposta. E publicar uma nota no jornal serviria apenas para criar confusão. Se a moda pega, técnico nenhum poderia ser contratado. Cuca, Muricy e Tite, líderes do campeonato neste instante, em algum instante já não serviram para clubes brasileiros.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Perguntas incovenientes

1. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, quer trazer para São Paulo o centro de mídia, tirando-a do Rio de Janeiro. Para isso, informa o Estadão de 26/10, trabalha nos bastidores. Com a mesma eficiência com que tem trabalhado para trazer jogos da Copa para São Paulo?

2. Valdivia está ou não está machucado?

3. O técnico Paulo Cesar Carpegianni havia dito que Richarlyson poderia ser punido pela expulsão infantil no jogo contra o Santos. Agora, o jogador pode voltar a ser titular. A suspensão automática será sua punição?

4. Quem controla o que o jogador toma? Quem deveria controlar?

5. Abel Braga teria desistido de ir ao Santos. Ele não tinha feito todo um discurso de que não estava feliz e que pagaria do próprio bolso a multa? Qual o empecilho então?

6. Se Abel desistiu, os supostos planos e palpites dele para a montagem do Santos de 2011 serão revistos? Ou esta conversa era balela?

7. Como está a recuperação de Fred? O fato de outros jogadores do Fluminense estarem de molho não indica que pode haver algo de errado mesmo no departamento médico?

8. Por que Hernanes consegue jogar na Lazio como meia-atacante e no Brasil não conseguia?

9. Dorival Junior afinal, que acompanhava os treinamentos, tinha razão ao não deixar Neymar bater pênaltis?

domingo, 17 de outubro de 2010

Deixa que eu deixo

Cruzeiro perdeu, Corinthians e Fluminense só empataram. Segue a gincana dos que não querem ganhar o campeonato. No caso do time paulista, são sete partidas sem vitória.

Jogo do ano

É chavão, é batido, é lugar comum. Mas qual a melhor definição de São Paulo x Santos do que o jogo do ano para a equipe tricolor? As duas vitórias contra o Cruzeiro na Libertadores foram, àquele momento, mais importantes. A segunda partida contra o Internacional deixou o gosto de que o time até teria condições de se classificar, não fosse a covardia do jogo de ida. Mas nenhum contou com tanta carga de dramaticidade e bom futebol como o visto no Morumbi, com o placar final de 4 a 3 para a equipe do São Paulo. Aos que preferirem ver os defeitos de defesa, óbvios, cabe o argumento de que eles também existiam antes, só que não havia a coragem tática de se lançar ao ataque e construir o resultado.
O São Paulo provavelmente não irá se classificar para a Libertadores _principalmente se a vaga seguir apenas para os três primeiros colocados, numa mudança de regra ridícula imposta pela Conmebol e aceita pela CBF. E a culpa será da diretoria e da presidência, que demoraram uma eternidade para perceber o óbvio: não dá para uma grande equipe ficar sem técnico.
Carpegiani não é perfeito. Mas os trabalhos à frente do Atlético-PR e agora à frente do São Paulo mostram a sua importância, ainda, para o futebol.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Faltam quatro anos para a Copa

Não há nenhum estádio pronto, as grandes obras não saíram do papel, não existe um projeto concreto de construção de aeroporto, de fortalecimento de infra-estrutura, de incremento à segurança (o ex-presidente do STF foi assaltado enquanto caminhava numa das praias mais populares do Brasil). E o tema está ausente da discussão eleitoral. Isso diz muito sobre o Brasil.

Momento

Todos os grandes de São Paulo enfrentaram momentos de maior ou menor instabilidade. O Palmeiras não conseguiu paz nem no começo de Scolari, trocado após diversos problemas na passagem de Antonio Carlos. O Santos, que parecia imune neste ano a sacolejos, viu Dorival cair depois de brigar com Neymar. O São Paulo enfrentou um longo inverno e ainda não viu o calor voltar por total.
O Corinthians "escolhe" sua crise na pior hora possível.
A queda de rendimento do time é visível. A falta de comando se evidenciou ontem, calando os que acham que interino e treinador de ponta são a mesma coisa.
A sua sorte é ter um jogo não tanto complicado no domingo. Não vencer o Guarani, porém, significa praticamente dar adeus ao título. E elevar demais a temperatura de uma panela de pressão que vinha sendo mantida a fogo baixo.

Corinthians, 100, é 41%

Derrotas para o Vasco (2 a 0), Grêmio (1 a 0),Internacional (3 a 2), Atlético-MG (2 a 1) e Atlético-GO (4 a 3). Vitórias sobre o Goiás (5 a 1), Fluminense (2 a 1), Prudente (3 a 0), Santos (3 a 2). Empates com o Atlético-PR (1 a 1), Botafogo (1 a 1), Ceará (2 a 2). Desde que comemorou cem anos, o Corinthians disputou 12 partidas. Dos 36 pontos possíveis, fez 15. Centenário, seu aproveitamento é de 41%.

Vale mesmo?

Praticamente ninguém acompanhou a rodada da Sul-Americana ontem. Nem a Globo passou os jogos. Hein? Sul-Americana. Sim, Sul-Americana. O torneio que vale uma vaga para a Libertadores e que restringiu a competitividade do Brasileiro. Fala sério.

Fim do asterisco

Acabou o primeiro turno do Campeonato Brasileiro. No meio do segundo. O Corinthians se deu ao luxo de adiar uma partida para fazer festa e este jogo pode, no final das contas, ser decisivo para o resultado final do Campeonato.
Todas as equipes têm o mesmo número de jogos. A classificação fica mais coerente. Os grandes vencedores da rodada, por óbvio, são o Cruzeiro e o Santos. O primeiro tem uma vantagem de ao menos uma rodada sobre os seus adversários. Faltando apenas nove para o campeonato acabar, é considerável. O Santos está a seis pontos do líder. Ainda verá o confronto direto entre Cruzeiro e Corinthians da arquibancada. Joga a reta final sem a pressão de títulos ou de estar na Libertadores. O que poderia acontecer de ruim já aconteceu _perdeu Ganso, o técnico e viu o craque do time se desestabilizar.
A zona de degola ainda está muito parelha e só deve piorar. E a zona intermediária dificilmente vai mudar, com os times perdendo para os mais fortes e ganhando dos mais fracos.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Craque do Brasileiro

Quem seria o supercraque deste Campeonato?

Supertécnicos

Por um lado, avaliar a trajetória do Santos permite se indagar se o técnico de fato fazia tanta diferença. O "interino" Marcelo tem aproveitamento melhor que o do experimentado Dorival Jr.
Por outro, avaliar os resultados e o futebol (principalmente do meio para frente) do São Paulo permite indagar o por quê de a diretoria ter demorado tanto para colocar alguém do ramo no banco de reservas.
De um ou outro ponto-de-vista só se permite deferir que o tempo é ainda muito curto para colocar a culpa ou a benção nas mãos de um ou outro treinador.

Cheiro de 2009

O time que lidera boa parte do campeonato vacila na reta final. A equipe de Muricy não consegue ter o fôlego suficiente para enfrentar a maratona decisiva. Um time dado como carta fora do baralho se aninha nas primeiras colocações no quarto final do torneio. Cinco ou seis equipes têm condições de serem campeãs até o final.
O Campeonato Brasileiro mostra uma saudável coincidência com o ano de 2009.

Razões que a razão desconhece

Falta um elemento essencial para entender a saída de Adilson Batista do comando técnico do Corinthians: informação.
Há duas teorias na praça. Uma é que o técnico pediu para sair, por motivos nada claros _pressão das torcidas organizadas, falta de comprometimento dos jogadores, ausência de apoio da diretoria. Mario Giobbi, o superdirigente do futebol corinthiano, conduz as informações por este caminho.
Outra é que o treinador foi demitido no calor dos acontecimentos, ainda nos vestiários. A interpretação da fala de Adilson leva por este rumo.
É essencial saber qual a versão correta. Essencial para o torcedor, para o acompanhante do futebol.
O Corinthians não está em uma boa jornada. Não conseguiu vencer os últimos cinco jogos. Foi derrotado pelo Atlético-GO em uma partida patética.
Mas é importante levar em consideração que:
- O time perdeu jogadores muito importantes, com contusão (Dentinho, Jorge Henrique)e outros por motivos diferentes (Elias na seleção, Roberto Carlos cansado).
- Há derrotas em que o time mostrou bom futebol (caso do segundo tempo do jogo contra o Inter e do primeiro tempo contra o Atlético-MG).
- O mesmo técnico conseguiu levar a equipe a importantes vitórias, como a contra o Fluminense fora de casa.
- Não havia tempo para uma decisão peremptória sobre a qualidade do treinador (resta lembrar que Mano Menezes fez um Campeonato Paulista muito ruim quando assumiu o Corinthians em 2008).

domingo, 3 de outubro de 2010

Cortesia

Quando Ricardo Gomes não teve seu contrato renovado, Cruzeiro e Atlético-MG acusaram o São Paulo de assediar seus treinadores. O clube paulista reagiu com veemência, apegando-se ao fato de ser diferenciado e, assim, não especular com quem tem contrato em vigência.
Este discurso caiu por terra, ao tirar Paulo Cesar Carpegianni do Atlético-PR.
Os técnicos, sempre tão corporativistas ao defender seus interesses, deveriam repudir esta atitude, que causa um transtorno enorme a um clube que estava em plena ascensão no campeonato.
Detalhe seja levado em consideração, porém: Emerson Leão e Paulo Autuori faziam bons serviços no São Paulo quando foram assediados por clubes do exterior.

O Brasileiro que ninguém quer ganhar

Empatar em casa com o Ceará, em 2 a 2. Empatar com o quase-certo rebaixado Prudente, em um estádio vazio. Empatar em casa com o Atlético-PR...
Se ao menos um deles tivesse vencido, caminharia com passos mais sólidos para ser campeão brasileiro. Mas Corinthians, Fluminense e Cruzeiro deram show de incompetência e não se mexeram na tabela. A sorte do trio é que o Internacional está distante (e inconstante) demais para esboçar reação mais sólida.
Não é de hoje que o Fluminense alterna mais momentos ruins do que bons. O Corinthians está numa maré de deixar seus torcedores preocupados, a despeito dos problemas com jogadores muito importantes. E o Cruzeiro demonstra que talvez não tenha fôlego para chegar.
Este parece ser o Brasileiro que ninguém quer ganhar.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Soberba 2

"Eu sei quanto alguns clubes pagaram para repatriar atletas. É nível Europa. Eu vejo aqui e acolá clubes de grande expressão atrasando salários. Isso não é bom. Ao observar quanto alguns técnicos ganham, faço uma reflexão. O meu ganha R$ 10 mil por mês. Mas está resolvendo o meu problema? Não está. Eu estou contente? Não estou. A verdade é que ele é interino, se não fosse interino poderiam me cobrar." (Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo)

1. Se os clubes pagam para repatriar atletas e eles funcionam, tudo bem. O custo do dinheiro é diferente. Os R$ 10 mil para Baresi são muito para o resultado que ele apresenta, não é mesmo?
2. O seu técnico não está resolvendo o problema. Culpa dele ou de quem colocou um iniciado para dirigir um clube gigante?
3. Descortesia total com o profissional que está "quebrando um galho" e é destratado publicamente.

Soberba 1

"No São Paulo, existem algumas coisas que não abrimos mão. O técnico cuida exclusivamente da parte do campo de jogo, só traz um auxiliar técnico porque trabalhamos com uma comissão permanente. E ainda temos uma postura diferenciada de contratações. São coisas que causariam incompatibilidade. Não tenho nada contra o profissional Vanderlei Luxemburgo, que é competente, boa pessoa e tem excepcional currículo" (dirigente do São Paulo).

1. Mudar postura conforme a situação significa corrigir rotas, rumos, arrumar o que está errado. Um comandante que não abre mão de mudar a rota do seu navio acaba batendo num iceberg e afundando.
2. O São Paulo hoje não tem um técnico que cuide do campo de jogo. Aliás, não tem faz tempo. E ainda quer passar recado.
3. A postura diferenciada de contratações levou ao São Paulo André Luis, Marcelinho Paraíba, Leo Lima, Joilson, Wagner Diniz, Renato Silva e tantas outras aquisições furadas.
4. Um profissional que é competente, boa pessoa e tem excepcional curriculum não pode ser contratado porque tem um jeito diferente de trabalhar? Já perguntaram a ele se toparia mudar.