quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Por trás da notícia

Sim, este blog teve um problema miserável com atualização no ano de 2012 e seus seis leitores ficaram órfãos na maior parte do tempo. Ainda assim, 2013 promete um período de maior assiduidade. Dificil escrever sobre futebol nestes tempos. Menos pelo (merecido) título do Corinthians, que vai ser lembrado sempre como um marco _não tanto quanto seus fanáticos torcedores querem fazer acreditar que será, mas um marco. Muito mais pelos bastidores cada vez mais complicados da paixão do brasileiro. Mais desalentador é verificar que a imprensa em geral abdica de fazer as perguntas certas, de mostrar como as coisas acontecem e de dar respostas em geral. Queria poder ter tempo (e inteligência) para ir atrás delas. A maior e mais incômoda é justamente explicar como se deu esta aliança governo-time de futebol-iniciativa privada, que está dando um estádio de R$ 1 bilhão de presente a fundo perdido. E que ninguém explica como esta conta vai fechar. Ainda assim, seja para dar palpites desnecessários, expor incômodos razoáveis ou simplesmente para falar de bola rolando, este espaço voltará a ser religiosamente ocupado.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Destinos cruzados

Olhe para a imagem acima. Nela estarão Paulo Henrique Ganso, Elano, Borges. Ibson não está no retrato, mas estava no elenco. No banco, o treinador de R$ 700 mil, Muricy "Eu merecia este título" Ramalho. Nos bastidores, um presidente que era tido e havido como sinônimo de modernidade e paradigma das mudanças no futebol brasileiro _por vários, inclusive por este que vos escreve. O que mudou tanto em tão pouco tempo? Uma série de fatores ajuda a explicar o acontecido: 1. Síndrome de "Soberano" - o mesmo mal que assolou o São Paulo pegou o Santos na curva. O clube achou que, não importa muito o que fizesse, iria sempre manejar as coisas de tal forma que acabaria campeão. Não deu importância às pessoas, minimizou o planejamento, subestimou os adversários (todos os fatos serão obviamente negados, mas foi o que ocorreu). 2. Neymardependência - Com o atacante, o time é um, com 70% de aproveitamento. Sem ele, é outro, com cerca de 30%. O atacante que se vê cada vez mais sozinho, isolado, apanhando cada vez mais dos adversários e com importância mais e mais vital. Até quando vai aguentar? 3. Perda de jogadores - O Santos abriu mão de um Elano, de um Ibson, de um Paulo Henrique Ganso. Perdeu Edu Dracena. Até do Pará. E não tinha peças à altura para substitui-los. Perdeu quando deixou sair, demorou para se movimentar. 4. Comando técnico - Muricy pega os times na alta e os revende na baixa. Tem sido assim há tempos e a verdade é que ainda é valorizado no mercado. Ele destruiu o sistema de jogo do Santos, não consegue ir além da página dois, centraliza tudo em Neymar e vocifera contra jornalistas.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Em boca fechada não entra mosca

O São Paulo Futebol Clube (sétimo colocado no Campeonato Brasileiro, desde dezembro de 2008 sem levantar uma taça, fora da Copa do Mundo e alijado da disputa da Libertadores desde 2010) continua agindo e acreditando no seu próprio apelido: Soberano. Prova disso são as mais recentes declarações do seu diretor João Paulo Jesus Lopes, pedindo a cabeça de Mano Menezes à frente da seleção brasileira e disfarçadamente acusando o diretor de seleções da CBF, Andres Sanchez, de tentar prejudicar o clube na negociação envolvendo o atleta Lucas. A argumentação do São Paulo é que Andres dificultou a assinatura do contrato de transferência de Lucas para o PSG durante o período olímpico. Mais: que teria deixado Lucas propositalmente na reserva. A nenhuma das afirmações é apresentada prova. São versões testemunhais. Não se conhece a visão dos pretensos acusados. Talvez nem eles queiram gastar tempo com isso. Que Andres ainda deve muita explicação pública, é fato. Edição da revista Época mostrando a trama que resultou na construção do estádio Itaquerão ainda deixa amargas perguntas sem respostas para a sociedade. Porém, se barrou uma negociata nos corredores do hotel da seleção, Andres merece elogios, não críticas. Essas devem ser endereçadas a quem queria utilizar a seleção brasileira como trampolim para seus próprios negócios. A cifra absurda de R$ 108 milhões obtida pelo São Paulo só foi possível graças às constantes convocações de Lucas para o selecionado _incluindo a sub-23 e a principal. Não consta nenhuma jornada genial do meia (?)/atacante (?) tricolor, todavia. A cúpula tricolor deveria agradecer à vitrine gratuita, que vai preencher o espaço de publicidade que está vago desde janeiro deste ano na camisa do outroa maior clube brasileiro. De mais a mais, para cobrar probidade e conduta ética é preciso dar o exemplo. Aos mandatários que rasgaram o estatuto do clube por duas vezes, aumentando o mandato de dois para três anos e consagrando uma reeleição indevida, não cabe adágio melhor do que esse: em boca fechada, não entra mosca.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

No centro do problema

O são-paulino acorda neste 30 de julho se perguntando: será que agora vai? Não, no campo não vai. Não adianta se enganar, querer mais ou imaginar que será possível algo muito diferente. O time é este daí, oscila bastante, com muito jogador bem mediano. Vai ganhar de uns times mais fracos (como o Flamengo), pode até se superar contra uns mais fortes (como foi o jogo contra o Cruzeiro), vai alternar boas partidas _independente do resultado_ com péssimas apresentações (da qual a mais gritante dela foi a piaba contra o Atlético-GO). Soproo de esperança, se existe, é o fato de a torcida começar a se manifestar contra a contaminação do ambiente político. Talvez seja tarde demais, mas, com certeza, é o melhor (talvez o único) caminho para a redenção. Fase boa e fase ruim todo time grande atravessa. Alguns mais outros menos. Na média, o torcedor do São Paulo é um privilegiado. Nos últimos dez anos, ganhou um SuperPaulistão, chegou a duas semifinais de Libertadores, a outras duas finais, ganhou uma, ganhou um Mundial, mandou ver num Paulisteca e enfileirou três Brasileirões. Tem time ai que no mesmo período colocou uma Copa do Brasil debaixo do braço e está comemorando até hoje. O maior legado que um clube pode deixar, porém, é o respeito as regras. Não por acaso a situação do São Paulo é desconfortável. O Clube não combina com a usuparção de poder a que está sendo submetido. "A economia vai bem, mas o povo vai mal" era uma das frases usadas na ditadura. É preciso primeiro arrumar a casa, eleger um novo presidente que cumpra apenas dois termos de mandato. Depois, vamos discutir o time e o futebol. **** De qualquer forma, no campo, evoluções visiveis: o 3-5-2 dá mais liberdade aos laterais que não sabem marcar, fortalecem o miolo da zaga e criam alguma proteção naquele meio de campo que só cerca, mas não rouba a bola de ninguém. Rogerio traz uma confiança em campo que o time não tinha. E Luis Fabiano sabe fazer gol. É o bastante? Não. O São Paulo está um degrau abaixo de pelo menos Fluminense, Inter, Vasco, Corinthians e, surpreendemente, o Atlético-MG (ponto para o Cuca). Com o fim da Olimpíada, deve ficar um pouco abaixo do Santos também. Tende a disputar posição com Grêmio, Cruzeiro, Botafogo e este pelotão intermediário.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Boa sorte, Lucas

O São Paulo acaba de recusar uma proposta de cerca de R$ 96 milhões pelo meio-atacante Lucas. A decisão foi de Juvenal Juvêncio. É uma saída equivocada, mais uma. Juvenal mais uma vez se apoia em um estatuto modificado ao arrepio do bom senso, se ancora em um mandato contestado na Justiça e nas arquibancadas e toma uma decisão sem ouvir ninguém, como se a razão pertencesse a ele e somente a ele. Lucas não vale R$ 96 milhões. Não ainda. Mas, se tem alguém disposto a pagar, o São Paulo tem que correr e aceitar. Isso representa quase 3 anos de cota da Globo. Quase 4 vezes a última cota de patrocínio master obtido pelo São Paulo _uma cifra que não irá se repetir, tendo em vista que o clube não consegue colocar outra publicidade em sua camisa. Representa 96 rendas médias de uma final de Libertadores _que o São Paulo não disputa desde 2006. E por que Lucas não vale tudo isso? Porque ele simplesmente não é ainda o craque pelo qual fizeram esta oferta. "Ah, mas pode vir a ser". Claro que pode. Acho improvável. Com esta idade, Neymar já havia feito muito mais _ganhado mais títulos, inclusive. Pode também não ser. Lucas pode se tornar o novo Denílson _cara de craque, pinta de craque, mas na hora agá... Alguns se lembrarão de Kaká, de como o São Paulo bobeou. Besteira. Kaká jogou o tempo que tinha que jogar no São Paulo. Saiu porque a torcida pegava no pé e porque não tinha um time bom para ajudá-lo _pelo menos não do meio para trás. Lucas vai acabar saindo também, mais dia menos dia. O que ele pode fazer para valer mais? Ganhar uma Copa sozinho? Alguém ai acha que ele consegue ou vai conseguir um dia? Este dinheiro poderia e deveria ser utilizado para reforçar um time cheio de carências. Se Lucas ficar, o time continuará sendo meia boca. Com um agravante: pesa agora sobre os ombros do menino todo o peso de ser a salvação da lavoura, um craque de R$ 100 milhões no qual reside toda a esperança de títulos. Mais um gol contra da atual administração tricolor.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

A chance mais concreta

Em 2000, o Corinthians tinha tudo para ser campeão da Libertadores. Vinha de um bicampeonato nacional. Tinha uma defesa correta e um meio-de-campo espetacular: Vampeta, Rincon, Ricardinho, Marcelinho e Edilson. Na frente, o verdadeiro senhor Libertadores _Luizão. O que aconteceu? O time tremeu? Nada disso. O Corinthians jogou o jogo e, por circunstâncias que só se explicam dentro de campo, acabou eliminado pelo Palmeiras, em uma partida improvável (podia empatar, saiu na frente, acabou perdendo). Foi também uma das mais doídas na história do clube. Doze anos depois, a equipe se encontra novamente em uma semifinal de Libertadores _diga-se de passagem, sua melhor performance até então. Tomou apenas dois gols na competição. Não perdeu de ninguém. Vai ganhar? A resposta para isso é: pode. Tem grandes chances. Sua defesa é sólida, consistente e não se apavora. Sua dupla de volantes é, disparada, a melhor do Brasil. Sua única falta de intensidade está, neste momento, no ataque. Há de se imaginar que a partir de agora serão dois jogos durissimos. Ou pega o Santos ou pega o vencedor de Libertad e Universidad do Chile. Para o Corinthians, o melhor dos mundos seria pegar os paraguaios, que não têm time e peso para fazer frente ao momento do clube brasileiro. Ninguém pode prever o final desta história. Mas as noites do Pacaembu, o duelo épico contra o Vasco, o gol perdido do Diego Souza, a substituição providencial de Julio Cesar (os corinthianos ainda haverão de agradecer à Ponte Preta), os momentos de Danilo e o futebol de Paulinho podem estar escrevendo a principal página da história futebolistica do clube.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Como ler as notícias

Corinthians vai jogar com universo limpo contra o Vasco. O time alardeou que tinha conseguido patrocínio de R$ 50 milhões, mas fechar mesmo até agora não fechou. Apesar de ser campeão brasileiro e porque o mercado está andando de lado, não conseguiu nenhum patrocinador e vai ter que ir com o uniforme limpo. Isso significa menos dinheiro, mas não dá para desvalorizar a equipe, então vamos dizer que a gente vai usar um uniforme limpo, que isso vai virar item para colecionador, etc. Leão reintegra Paulo Miranda e "fecha" com o grupo Leão foi atropelado pela diretoria. Daí o zagueiro da Ponte deu um gol de graça para o São Paulo, o time se classificou e o técnico vai querer mostrar que ele é quem manda. A diretoria vai aceitar, mas, se o São Paulo perder, e com falha de Paulo Miranda (o que não seria exatamente uma surpresa), periga cairem os dois. Fifa alerta que estádios não ficarão prontos para a Copa E o governo federal vai dizer que fica sim e que tudo estará funcionando. E as empreiteiras vão dizer que, para entregar na hora, vai ter que pagar hora-extra, sabe como é. Ou seja, daqui a pouco a nova manchete será: Custos da Copa sobem xx%.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Levanta, sacode a poeira...

Fato: título estadual é muito bom para quem ganha, dá para tirar um sarro do rival, capitaliza o status do clube. Mas vamos todos concordar que futebol bom mesmo, medição de força para valer, começa agora. * Isso posto, parabéns a todos os campeões estaduais, coisa e tal, melhor ser do que não ser. Título bom, porém, é Brasileiro, é Libertadores, é Copa do Brasil, é Mundial. Passos adiante. * Da rodada do final de semana, alguns fatos chamam a atenção: o Santos segue passeando sobre os adversários. Fracos? Não dá para dizer isso. Ganhou do Inter na primeira fase da Libertadores, por exemplo. Mas em jogo mais complicado, o time oscilou. Levou uma virada do Palmeiras, sofreu para ganhar dos reservas do Corinthians, perdeu do São Paulo _venceu na hora decisiva, fato, mas foi acuado em boa parte do jogo. Menosprezo ao Guarani? De forma nenhuma. O Bugre jogou bola, tem um time bacana. É mais uma provocação: todo mundo está louco para ver Neymar e cia em jogos pesados. Vélez, agora, vai mostrar a força do Santos. * Ainda no Santos, o Blog do Birner publicou que o presidente do clube pediu a dispensa de Neymar e Ganso da seleção. Ouviu de volta de Andrés Sanchez uma reprimenda por usar o Morumbi nas finais do Paulista. E os atletas não foram dispensados. Andrés trabalha para a CBF ou contra o Morumbi? Daí a gente lê que Marin escolheu o Morumbi para abrigar um amistoso da seleção contra o Chile e se pergunta: ruim para os clubes, bom para a CBF, que paga o salário de Andrés? Sei não. Parece que esse vai mesmo cair.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O exemplo do Santos

Torcedor sempre foi um cego apaixonado e ponto final. Isso é o que o move. Acredita que aquela camisa, aquele simbolo que já foi grande um dia, poderá mover montanhas e que o sucesso está de novo à espreita, a cada esquina. Acha que todo campeonato é um recomeço, uma nova oportunidade. Que sua torcida, suas cores, sua história é a mais distinta. Se o futebol não permitisse este tipo de interpretação, não teria a menor graça. Só esse esporte permite que haja discussões como "é melhor jogar bonito ou ganhar", "o título foi justo ou não". Vai ver se tem alguém preocupado em saber se o campeão da NBA joga bonito ou se foi merecido. Se o título dos Giants na NFL foi digno ou injusto. O problema é quando as coisas saem do controle. Daí, desculpa, vira patético. Com as redes sociais, isso só pulula. É mais ou menos assim: o time está na frente, é lider, está bem na fita, sujeito corre a propagar: "somos líderes, não vemos mais ninguém". Está tripudiando do adversário, certo? Legal, faz parte. Daí o time perde. O que colocam? "Ganhar ou perder não importa, isso é um sentimento, somos uma nação, vocês nunca vão entender isso...". Como assim? Os rivais nunca vão entender o que é perder? Sinto dizer, mas todo mundo entende, infelizmente. No fundo, futebol se trata mais de perder do que ganhar. Cada campeonato tem apenas um vencedor e dezenas de perdedores. "Só o time Y tem uma torcida como esta". Mentira. Todo grande time tem uma torcida maravilhosa. Quem nunca se arrepiou com o Maracanã entoando uma canção de amor ao rubro-negro. Quem não curtiu o maravilhoso painel humano do Fluminense na final da Libertadores. Quem não se lembra como, em minoria, com um time mequetrefe, a torcida do Palmeiras calou a do rival na semifinal da Libertadores de 2000? Quem nunca viu um Morumbi lotado na final de uma Libertadores e não se emocionou? Olha só, isso é puro mito. Esta torcida maravilhosa é a mesma que apedreja carro de jogador, que se mata selvagemente nas ruas da cidade, que fica pedindo "raça" e faz corinho de "queremos jogador" quando o time vai mal. Não é melhor do que nenhuma outra. Ponto final. Depois vem alguém querer dizer que o próprio time é invejado. "Ah, só falam do meu time, quando ganha ou quando perde". A mesma pessoa que vive postando provocações aos outros. Pera lá, você está falando de quem mesmo? Por isso, vale a pena destacar o exemplo do Santos e dos santistas. Fato: o Santos é o melhor e mais vitorioso time do Brasil. De 2010 para cá, ganhou 2,9 Paulistas (serão 3 no próximo domingo, mas ainda falta 0,1 do título), 1 Copa do Brasil, 1 Libertadores e deu show. Triturou todos os rivais em pelo menos uma (ou em mais de uma) ocasião. Tem o melhor jogador do Brasil, Neymar. Tem ótimos outros jogadores, como Elano e Ganso. Tem um baita treinador. Tem uma torcida legal. Está fazendo cem anos _e, olha só, vai conquistar título no centenário. Tem estádio, é um dos times mais vitoriosos do Brasil. Tem um baita curriculum no exterior _três Libertadores não é para qualquer um, aliás é para quase ninguém. Foi o manto vestido por Pelé, o jogador mais fabuloso do planeta. E sabe o que os santistas estão fazendo? Curtindo. Vibrando com os espetáculos proporcionados. O Santos é hoje o time que mais pode chegar à final da Libertadores. Não fizeram disso uma obsessão, não fazem disso uma guerra santa ou civil. Jogam bola. Ganham de 8 a 0 e acham legal _não saem vociferando ou querendo transformar tudo em uma batalha de puros contra impuros, morais contra imorais. Se tem alguém que deveria estar sendo invejado ou odiado pelos rivais é o Santos. E na verdade está sendo aplaudido. Um exemplo para o futebol. No campo e fora dele.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Rugido fraco

Em questão de dias ou talvez de horas, Emerson Leão não deverá ser mais treinador do São Paulo. Não, isso não é uma informação, mas também não se trata de palpite. É pura lógica. Tiver um pingo de amor próprio, Leão pega o boné e vai-se embora. Tiver um pingo de lucidez, a diretoria tricolor se antecipa e demite o treinador. Leão construiu a sua carreira baseado no rugido e no ataque. Sim, no ataque, na bola para frente. Quando teve time talentoso na mão _e ajudou muito a fazer isso_, se deu bem. Leão foi o grande responsável por acabar com o jejum de títulos do Santos _de 1984 a 2002, não ganhava nada. Entregou Robinho, Elano e Diego para o mundo, que não soube o que fazer com nenhum dos três. Abriu espaço para que outros treinadores não tivessem medo de colocar um bando de jogadores novos em campo (e não tivessem a mesma pressão de ter que conseguir um título). Abriu espaço para que pudessem existir Neymar e Ganso. Pouca coisa não é. Leão tabulou um São Paulo com jeito de campeão em 2005. Dizem que Paulo Autuori deu o arremate necessário _trocou Diego Tardelli por Amoroso (vivas), protegeu mais a zaga, fixou melhor Josué e Mineiro. Sabe-se lá. O que se sabe é que aquele time lá tinha o dedo leonino. Méritos, o treinador teve. Em sua volta ao São Paulo, colocou o time no ataque de novo. Mas desta vez com dois problemas: o ataque não é de nada e a defesa é uma porcaria. Resultado: o time não vai para frente nos jogos decisivos. Com isso, um zagueiro medíocre como Paulo Miranda fica no mano a mano com a maioria dos atacantes. Falha. Suas falhas causam gols contra o São Paulo. A diretoria contratou Paulo Miranda. Portanto, o técnico o utiliza. Se Paulo Miranda é uma porcaria, a diretoria tinha que não tê-lo contratado. Se o fez (e foi uma novela) e não deu certo, deveria demiti-lo. Negociá-lo. Se não o faz, ele está apto a ser usado. E se está, o treinador deve poder escalá-lo. Se acha que o treinador erra ao cometer tal ato, deve demitir o treinador. E o técnico tem que ser soberano. Caso contrário, vai virar um novo Sergio Baresi, um joguetinho nas mãos da diretoria. Diretoria essa, por sua vez, que acumula fracassos sucessivos. O rugido de Leão virou um miado. O melhor que ele faz é ir embora. E no fim das contas vai ser melhor para o São Paulo também.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Breves (o mundo da bola comentado em poucos segundos)

Teixeira caiu e uma parte do mundo acredita que é o início de um processo de mudança lenta e gradual. Zé das Medalhas vai ficar em seu lugar. Juca Kfouri aposta que será por breve período de tempo. Juca ficou falando que Teixeira iria cair por 23 anos. Uma hora acontece. Aparentemente, a maior possibilidade é de composição. O governo prefere uma marionete que não crie problemas, estando já na véspera da Copa das Confederações. A Globo não quer arrumar confusão. As federações (que já não queriam a queda de Teixeira) não têm interesse nenhum em mudar. Ou seja, é uma coisa meio Iraque: cai o Saddam, o caos continua o mesmo. *** Como é precipitado ficar falando em quem ganha e quem perde com isso tudo. O São Paulo vai ganhar? Nada. Vai, no máximo, parar de perder de goleada, como vinha acontecendo. Andres "ainda vamos ter vergonha de explicar o Itaquerão" Sanchez vai perder? Disse ele ao Estadão que vai decidir em 40 dias se segue no comando das seleções. Colocou o guizo no pescoço do presidente da CBF. Se ficar, vai dizer que é debaixo de suas condições. Se sair, terá que explicar que condições eram essas. Marin pode dar um sinal de força e coragem e demitir sumariamente o diretor de seleções, que não pode ficar chantageando o presidente da CBF. Mas não vai fazer. Então, de que forma Andrés perde? *** Manchete da Folha de hoje diz que o Palmeiras vai a Alagoas tentar evitar vexame histórico, etc e tal. Os jornalistas têm visto os jogos do Palmeiras? Por que esta abordagem? Por que não usam o mesmo enunciado para falar do São Paulo _que, se perder de um time pequeno do Pará, em casa, vai, daí sim, ser protagonista de uma daqueles indigências do futebol. *** Adriano não deveria ser coberto com este destaque todo. É um jogador que não atua há 1 ano, mais ou menos. A cobertura de seus atos deveria ser mais ou menos a mesma que é dedicada ao Rivaldo na Angola ou ao Kleberson no Flamengo. Um jogador que já foi bom e não é mais. Com uma diferença: esses outros dois foram campeões mundiais. Adriano não.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Conversinha

O diretor de seleções da CBF, Andrés Sanchez (salário estimado de R$ 70 mil mensais), teria que dar explicações públicas sobre seu comportamento _no mínimo inapropriado. Rememorando: o São Paulo fez uma consulta informal à CBF pela liberação do meia-atacante Lucas para disputar o clássico contra o Palmeiras no domingo. O jogador já estava servindo a seleção. Ouviu que não seria possível. Jogo jogado, seguiu adiante. Na sequência, a CBF liberou o zagueiro Dedé para disputar uma partida pelo Vasco no mesmo final de semana. O técnico Leão reclamou publicamente e ouviu como resposta que o São Paulo não havia feito um pedido "formal" _destacando que a palavra empenhada pela CBF não vale nada, tudo tem que ser formalizado e documentado. Leão foi adiante. Disse que alguém da CBF havia sugerido que Lucas forçasse o terceiro cartão amarelo no jogo anterior ao do Palmeiras (Bragantino). Assim, não haveria polêmica. Estaria automaticamente excluído da rodada. Andres ameaçou processar o treinador do São Paulo, disse que ele teria que provar o que falou e isso e aquilo. Pois bem. Ontem, voltou atrás. Disse que não chamou Leão de mentiroso. Ora, bolas. Se não chamou, significa que alguém da CBF efetivamente sugeriu um comportamento antiesportivo ao jogador do São Paulo, prejudicando o clube que paga seus salários rigorosamente em dia. Quem fez isso? Quem fez tem que ser demitido, como o próprio Andres disse que faria. A CBF é uma entidade envolta em diversas polêmicas, suspeita de negócios escusos, com um presidente escuso. Agora, tem um diretor que ficou notório pela sua passagem como presidente do Corinthians em que a transparência não foi seu forte _e a verborragia ficou conhecida. Andres leva para a CBF a sanha de tentar aniquilar o São Paulo. Isso é problema dele. Mas ele tem a obrigação de explicar agora o que ontem tentava desmentir. Caso contrário, tinha que ser colocado no olho da rua.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Valendo

Quem analisasse apenas as primeiras rodadas dos Estaduais do ano passado talvez tirasse conclusões peremptórias e equivocadas. Por isso mesmo quase ninguém analisou a sério as primeiras rodadas, a rigor. O mesmo vale para este início de 2012. A perna ainda está travada, os reforços ainda não começaram a jogar, os adversários são quase todos desconhecidos (quem é melhor: o Mirassol ou o Botafogo de Ribeirão Preto?), os técnicos ainda não tiveram tempo de preparar adequadamente suas equipes. Então simplesmente deve-se ignorar este início do ano? De maneira alguma. Ele deve ser visto como um ensaio, como um preparativo. Com exceção do Santos, que ainda não foi a campo com seus titulares (e que levou um choque de realidade após o jogo com o Barcelona), os demais grandes de São Paulo já podem ter seus motivos de preocupação e de satisfação. O Corinthians mantém a base do ano passado, aquele espírito de não desistir nunca e a capacidade de achar saídas em situações dificeis. Mas está ficando manjado. Elton é um bom reforço para a frente, mas a equipe segue dependente de Alex no meio. O Palmeiras está nitidamente melhor. Tem lateral-esquerdo e Valdivia parece que acordou. Vai ser suficiente? Talvez para não ter que fazer contas contra o rebaixamento, mas ainda distante de ser uma equipe ultracompetitiva, isso parece certo. E o São Paulo? Talvez a grande incógnita do futebol neste ano seja o SP. Parece ter se reforçado bem. Mas nos outros anos também parecia. É preciso ver se na prática dá liga. Parece estar com mais vontade. Mas foi só um jogo. E na hora h? A primeira rodada é indicio de que todos ainda têm muito o que acertar. O mais importante, neste instante, é saber quais parafusos apertar.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Tudo de novo, nada de novo

E começa tudo de novo. Mas não há novidades naquilo que recomeça. O Corinthians não explica como vai pagar o seu (o meu, o nosso) estádio (o dinheiro do BNDES ainda não saiu, ninguém falou seriamente sobre o naming right). Também não explicou porque uma parcela ínfima do dinheiro de comercialização dos seus jogadores fica com o clube _destacando que o entra e sai de atletas faz muito bem a empresários e agenciadores, mas não exatamente à saúde pública do clube em si. Não veio a público explicar as razões de ter ganhado uma caixinha de intermediação da Rede Globo de Televisão, segundo o que foi divulgado na blogosfera. E, mesmo com uma dívida monstruosa crescendo a cada ano, faz uma oferta "fora da realidade brasileira" para o meia Montillo (sic, palavras do próprio clube). Talvez feche. Talvez repita os episódios Ganso, Seedorf, Kaká, Tevez e tantos outros que também receberam suas propostas milionárias, mas não vieram. O Palmeiras já começa o ano com uma crise desnecessária. Pululam nas redes sociais manifestações contra os atos homofóbicos de uma das maiores "torcidas organizadas" do clube. Mas, que ninguém se iluda, também jorram textos de apoio aos dirigentes que não contratam jogadores suspeitos de homossexualidade _embora, no meio desta torcida, existam milhares de homossexuais e no plantel de cada clube, muito provavelmente (basta estudar um pouco de teoria das probabilidades e estatísticas) também. A aposentadoria do maior ídolo do Palmeiras foi anunciada por um dirigente. São Marcos sumiu. Não falou, não foi visto. Ronaldo passou dois anos no Corinthians. Fez uma dúzia de gols. Atrapalhou o time na reta final do Brasileiro-2010 e esteve em campo no vexame contra o Tolima. Quando se aposentou, deu entrevista coletiva, chorou em frente às câmeras. Atendeu religiosamente cada emissora de televisão. Era (ainda é, por um tempo será) o maior artilheiro da Copa, uma figura nacional. Ok. Marcos também é. Marcos é campeão do mundo. Querido por todas as torcidas. Passou 19 anos no Palmeiras. Ganhou tudo. Brasileiro, Paulista, Copa do Brasil, Libertadores. Quase tudo. Perdeu o Mundial no Japão. Virou símbolo de um clube. E não apareceu. Não fez o patrocinador aparecer. Num momento em que o clube mais precisa disso. Os dois maiores tiros do Palmeiras até agora: Diego Tardelli e Carlos Alberto. O primeiro não deu. Sorte do torcedor. O segundo caminha em passos rápidos para a Academia. A esta altura, ninguém mais acredita que dará certo. Talvez o Valdivia esteja feliz. O foco não ficará mais só nele. O São Paulo tenta, tenta. Mas não consegue. Morre por sua própria arrogância. Prometeu um "presente de Natal" para a torcida. Dois ou três reforços de nome. Deixou ventilar seu interesse em nomes como Nilmar e Montillo. Foi menosprezado publicamente pelo argentino. Não conseguiu até agora trazer ninguém que tire da torcida a sensação de troca de seis por meia dúzia. Ah, mas trouxeram o Cortês, dirá o incauto. Assim como trouxe o Wagner Diniz, o Pimentel, o Juan... os grandes laterais de uma temporada só no Rio de Janeiro e que nunca se adaptam a São Paulo. Todas as principais deficiências apontadas nos últimos dois anos continuam lá. Falta um lateral direito, falta um segundo atacante, falta um bom zagueiro, falta, principalmente, um camisa dez. E, pelo jeito, vai continuar faltando. E o Santos... Ainda está de férias. Mas nas férias percebe-se que a fórmula está desgastada. Ganso e clube não falam mais a mesma língua. Não se especula como o clube fará para consertar seus principais defeitos. Pelo menos o torcedor foi poupado de uma coisa. Depois da piaba que tomou, Muricy não apareceu em nenhum programa de televisão lavando louça e assistindo um jogo qualquer, dizendo que o seu "trabalho não para nunca". Deve estar em casa assistindo ao Barcelona e tentando aprender o que fazer quando se tem um time talentoso nas mãos.