terça-feira, 31 de maio de 2011

DIZ-ME COM QUEM ANDAS

Jerome Valcke é o homem que tirou o Morumbi do Mundial. É o mesmo que, fingindo não ser com ele, finge chiliques e cobra rapidez das "autoridades" para que resolva os problemas (tradução: assine um cheque de estimados R$ 1 bilhão) para a construção de uma nova arena no Estado de São Paulo. Valcke é o mesmo sujeito que aparece em fotos beijando os homens do poder do futebol brasileiro.
Ninguém em São Paulo teve a coragem de contestar o manda-chuva da Fifa. Que cria obstáculos incontornáveis, de tal sorte que os estádios existentes nunca servem e os que serão construídos ficam caríssimos.
Quem ganha com isso, além das empreiteiras? Resposta que poucos sabem.
Mas que fica cada vez mais claro que estes interesses financeiros é que ditam as regras da Fifa. Jerome Valcke já foi demitido do cargo por se envolver em uma escusa negociação com os patrocinadores da entidade. E agora vê seu nome envolto eum escândalo sobre a compra da sede da Copa do Mundo de 2022.
O governo brasileiro poderia desautorizar Jerome Valcke. Mas isso é esperar demais. O governo acha que não tem nada a ver com o que acontece na Fifa.
Enquanto isso, tratores mexem a terra daqui para lá e de lá para cá, Dilma coloca pressão e construtoras falam em R$ 300 milhões para lá e para cá como se fosse dinheiro de pinga.
No fundo, em nome da decência, parece mesmo ser um bom negócio ficar de fora desta Copa.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

RODADA #2

A VITÓRIA - Ok, era em casa e era obrigação vencer. Mas tirar um coelho da cartola quando o jogo caminhava para um modorrento 0 a 0 foi providencial para o São Paulo. Mantém-se na ponta de cima de tabela, adiciona dois pontos preciosos (teria só um em caso de empate). No ano passado, o São Paulo perdeu seis jogos no Morumbi (18 pontos). Foi esse o principal fator para alijá-lo da Libertadores.

A SURPRESA POSITIVA - O desempenho dos reservas do Vasco, que atropelaram o América-MG, e a performance do Atlético-MG, que não só vai vencendo, mas acumulando gordura no saldo de gols.

A SURPRESA NEGATIVA - O Inter voltou a decepcionar sua torcida, desta vez em casa. Mas o principal destaque negativo do momento é o Avaí, que desde o jogo contra o São Paulo, pela Copa do Brasil, parou. Tomou dois gols em casa do Vasco, quatro fora do Flamengo e mais três em casa. Nove gols em três jogos.

O CRAQUE - Marcos, goleiro do Palmeiras, foi o grande responsável pela equipe alviverde voltar de MG com um pontinho na mala.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Não é comigo

1. Tudo bem, todo mundo tem direito a errar. Mas a diretoria do São Paulo num ano contrata, a peso de ouro, gente do quilate de Fernandão, de Cleber Santana, de Leo Lima, de Junior Cesar, de Alex Silva e depois simplesmente deixa todo mundo sair ou sai com todos. O negócio agora é garotada, é Cotia. Mesclar não é uma alternativa?

2. Então a obra do Corinthians ia começar, não começou. E o erro é do repórter que disse que seria nesta terça, quando na verdade é "em alguma terça"?

3. O presidente do Palmeiras iria controlar os gastos, mas eles estão maiores do que na época do Beluzzo. E ainda assim, os atletas são constantemente espinafrados?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

RODADA #1

A VITÓRIA - A do São Paulo sobre o Fluminense. O time paulista estava esfacelado, tanto em sua escalação quanto em sua moral. O carioca é o atual campeão brasileiro e tem praticamente o mesmo elenco do ano passado. A vitória de 2 a 0 foi bem construída, a partir de um futebol compacto e aguerrido. O São Paulo ainda não inspira confiança em seus torcedores, mas causou o primeiro impacto positivo.

A SURPRESA POSITIVA - A vitória do Corinthians. Embora não tão bem construída quanto a do São Paulo (tomou muito mais sufoco do Grêmio), soube aproveitar com precisão cirúrgica as oportunidades construídas.

A SURPRESA NEGATIVA - A derrota do Cruzeiro poderia ser, mas a verdade é que este resultado, fora de casa, não pode ser considerado de todo surpreendente. Já a incapacidade do Internacional de bater o catadão do Santos foi a surpresa negativa.

O CRAQUE - Pelo que jogou, e apesar de ser contra a equipe reserva do Avaí, Ronaldinho fez a diferença.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Fielzão no telhado

Merece elogio a nova postura do governo de São Paulo de não querer pagar (com o seu, o meu, o nosso dinheiro) R$ 375 milhões para que o Corinthians possa construir o seu estádio (privado) e abrir a Copa do Mundo.
Merece repúdio o fato de o governo de São Paulo ter endossado este projeto como sede da Copa, não colocando-se na defesa dos interesses dos cidadãos de São Paulo.
Merecerá desprezo se se confirmar o fato de que o aumento de custo pode ter sido inflado artificialmente, a fim de colocar no PSDB e no governo de São Paulo o peso político de uma exclusão da Copa _afinal, estádio e infraestrutura o Estado tem.
Merece reflexão o fato de que a Prefeitura está promovendo diversas isenções fiscais para viabilizar o projeto _mesmo com fins de ficar pronto para a Copa, o estádio não deveria ter dinheiro público (seja direto, seja indireto, via isenções e taxas de juros mais baixas que as praticadas no mercado).

terça-feira, 17 de maio de 2011

Os erros do São Paulo e os da torcida

Quando todo mundo grita, ninguém tem razão.
O São Paulo Futebol Clube é hoje uma casa onde a falta de razão impera.
Abaixo, os motivos:

1. Presidência - Juvenal Juvêncio é um presidente ilegítimo. Como em toda boa ditadura, usa de argumentos falaciosos para se justificar à frente do clube. Mas é difícil a todos (imprensa, torcida e até jogadores) reconhecerem a sua debilitada autoridade. Ter a maioria em um conselho governista não significa ter a legitimidade do cargo. Ser chamado de cachaceiro é um símbolo disso. Juvenal trata o São Paulo como seu brinquedo. Não ouve diretores, conselheiros. Manda, desmanda. Vai, volta atrás. É o principal responsável pelo sucateamento da credibilidade do clube. Passou a ser um personagem folclórico, uma espécie de Vicente Matheus da Vila Sônia.

2. Jogadores - É nítida e evidente a falta de garra, de vontade e de comprometimento do elenco. Somada a falta de talento (essa não é culpa dos jogadores) forma-se um time com poucas chances de ser campeão. Jogadores mais preocupados em bater boca com o presidente (caso de Alex Silva), com o técnico (Rivaldo e Dagoberto), em cobranças públicas (caso de Rogério Ceni, pedindo reforços, e de Casemiro, pleiteando aumento salarial) do que em desenvolver bom futebol é o retrato acabado de um time sem alma.

3. Comissão técnica e diretoria - Desmantelada a antiga comissão técnica, a atual não conseguiu fazer os jogadores aguentarem 90 minutos de jogo. Eles se arrastam em campo. A diretoria não conseguiu prover soluções para os setores mais carentes do time (verdade seja dita: não conseguem há cinco anos). E ficam reféns dos mandos e desmandos do senhor feudal do Morumbi.

4. Técnico - Não deu padrão tático ao time. Não consegue encaixar as peças. Não tem um esquema de jogo. É confuso nas orientações, no posicionamento, lento nas substituições. Pior: mostrou não ter brio. Depois do que aconteceu, Carpegiani teria uma ótima saída: abrir mão da multa (de R$ 1 milhão), defender seu trabalho e dar uma banana para o São Paulo. Preferiu se segurar por alguns meses, antes de ser defenestrado de vez. Impossível não acreditar que jogador irá correr menos ainda _quem vai defender um técnico na bica de ser mandado embora?

5. Torcida - Protesto nas arquibancadas, posicionamento público, tudo isso é muito bem recebido. Agredir jogador, atirar coisas, danificar bem privado é pura e simplesmente crime. Os marginais estão todos passíveis de identificação. E deveriam ser punidos exemplarmente. Os mesmos 45 mil que aplaudiram a chegada de Luis Fabiano fizeram teatrinho semelhante em 2004, chamando-o de pipoqueiro. Os mesmos que confeccionam bandeiras para Rogério Ceni o qualificaram de amarelão há meia década. Essa torcida afastou Kaka. Terão esses uniformizados essa capacidade de discernimento?

Chapa branca

Aos incautos um aviso. Cuidado com o que leem por ai. Hoje (17/05), um grande jornal de São Paulo anuncia que o Corinthians "enfim" pode iniciar a arena.
Vamos à desconstrução da reportagem:
1. O último documento necessário para a obra foi emitido no sábado pela Prefeitura. O jornal não revela qual foi a celeridade do trâmite. O texto diz que a aprovação aconteceu "duas semanas depois" de apresentado o pedido corinthiano. Aposto um braço (esquerdo ou direito, tanto faz) que prazos foram atropelados. Quem assina o documento? O que o secretário do Meio Ambiente tem a dizer? Como ficou a situação do impacto ambiental e dos dutos da Petrobras? Quantas e quais foram as audiências públicas (veja o caso do Metrô e perceba como uma obra de grande impacto precisa de consulta da sociedade)?
Veja bem, ninguém defende excesso de burocracia. O problema no país é justamente este. O que se defende, desde sempre, são regras iguais a todos.

2. O contrato entre Corinthians e Odebrechet nem sequer foi assinado. A matéria cita que o aumento de custo (de módicos R$ 300 milhões) são "um problema". A matéria não responde o básico: quem vai pagar? De onde sairão os recursos?

3. O Corinthians diz que "garante um estádio de 45 mil pessoas". "Se vai ser abertura da Copa ou não, não é problema do Corinthians". Opa, deixa eu entender se o roteiro está certo: a Fifa e a CBF desqualificam o Morumbi porque o projeto do estádio já pronto (reforma de R$ 400 milhões) não atende as suas exigências; anunciam que a maquete de Itaquera será o estádio da Copa; para acelerar as obras, governos (cidade, Estado, federal) e empresas privadas se juntam para atropelar trâmites, passar por cima de prazos, pressionar o BNDES; mas agora dizem que este estádio pode não servir para abertura da Copa (ou seja, o tal do impacto positivo para o Estado não seria recompensado).

O que as autoridades estão esperando para desejar boa sorte na empreitada PRIVADA do Corinthians e desistir de sediar a Copa ou brigar para que ela aconteça numa arena de fato e de verdade?
Isso eu não sei, nem os leitores desta reportagem saberão.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O São Paulo terá mais trabalho do que pensa

Com uma equipe desorganizada, sem laterais, sem volantes mordedores e com um ataque inoperante, o São Paulo terá mais trabalho do que pensa para voltar de SC com a classificação para as semifinais da Copa do Brasil nas mãos.
Se o placar de 1 a 0 não é exatamente ruim _um gol fora obriga o adversário a buscar três tentos_, também não reflete a tranquilidade que poderia ter dado, visto o volume de jogo de ontem.
A volta de Lucas e de Rodolpho, se acontecerem, devem dar um alento à equipe.
E a comissão técnica tricolor precisa vir a público explicar: por que tantos atletas estão se machucando e por que a equipe cai tanto de produção no segundo tempo?

América 8 x 1 Brasil

Desde 1992, com o São Paulo, os times brasileiros sempre se mantiveram extremamante competitivos na Taça Libertadores da América. Em 1993, 1994, 1995, 1997, 1998, 1999, 2000, 2002, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010 sempre houve ao menos um time do país na final.
O que explica a noite desta quarta-feira, em que nada mais nada menos do que quatro equipes foram desclassificadas de uma vez só?
Talvez haja uma explicação para cada jogo. Talvez não haja nenhuma.

Inter 1 x 2 Peñarol - Não é de hoje que o Inter mostra ser um time pouco confiável em decisões (lembram-se do Mazembe). Apesar de ter um bom elenco, a equipe trocou de técnico _saiu Roth e entrou Falcão, que não se sentava num banco de reservas há duas décadas. Mas nada disso parece fazer tanto sentido quando uma equipe, em casa, toma um gol decisivo com menos de 30 segundos do segundo tempo.

Fluminense 0 x 3 Libertad - O Fluminense foi errático o campeonato inteiro. Restaria saber se a equipe que entraria em campo seria a mesma que conseguiu uma heroica classificação na Argentina ou aquela que andou empatando em casa e perdendo para o Nacional do Uruguai. Foi a segunda. A falha do goleiro desestabilizou a equipe _e só o Fluminense para achar que Berna é melhor que Cavalieri.

Cruzeiro 0 x 2 Once Caldas - Os colombianos são o pior pesadelo do técnico Cuca. Mais uma vez, o melhor time da Libertadores não passa das oitavas (sorte do Santos, em certa medida). Talvez a expulsão de Roger explique o resultado. Mas a compreensão mais fundamental é: o Cruzeiro perdeu o conjunto, ao ter vários jogadores lesionados ao mesmo tempo.

Católica 1 x 0 Grêmio - É uma boa estratégia de marketing, mas a imortalidade do Grêmio não ganha resplado em campo com uma equipe tão fraca. Foi a única não-surpresa da noite.

domingo, 1 de maio de 2011

Os paulistas

Santos - Não é de hoje que tem o elenco mais forte. Adilson Batista conseguiu a proeza de ser mandado embora após uma derrota _justamente para o Corinthians. A interinidade de Marcelo Martelote, que não é treinador, só consagrou seu substituto, qualquer que fosse. Não que Muricy não tenha méritos, pois os têm. Ele fez o óbvio: criou a liberdade para que Ganso e Neymar façam o que sabe de melhor e ajeitou a defesa. Mas errou. Errou ao priorizar o Paulistinha. Neymar e Ganso estão cansados, Leo está com a lingua de fora e Elano se machucou. A vantagem contra o America é boa: pode até perder por um gol de diferença, desde que faça gol fora de casa _e uma equipe tão talentosa quanto o Santos haverá de anotar ao menos um gol em solo mexicano. Volta ao Brasil e terá quatro duelos em duas semanas, contra o arquirival Corinthians e contra o Cruzeiro, provavelmente _só o time que disputa com o alvinegro praiano a primazia de ser o melhor do país. Se perder o Paulista para o Corinthians, a cornetagem será enorme. Imagine PHGanso jogando mal. Logo surgirão vozes dizendo que é "consequência" de um suposto contrato já assinado ou bobagens do tipo. Imagine se desgastar, ganhar o Paulistinha e ficar de fora da Libertadores. Aqui, parece valer a máxima: quem tudo quer...

Corinthians - Não é de hoje que não joga um bom futebol. Neste domingo, mesmo com um jogador a mais, foi dominado pela equipe palmeirense e, convenhamos, auxiliado pela arbitragem, que adotou rigor excessivo apenas de um lado. O Corinthians neste instante está envolto com: suspeita de influência na arbitragem, a construção (ou a tentativa de) de um estádio que ninguém sabe quem vai pagar, idas e vindas de jogadores, elenco enfraquecido, jogadores que desrespeitam o técnico e assim por diante. O título paulista obviamente será comemorado em demasia. Alguém aposta no time como campeão brasileiro?

Palmeiras - A equipe fraquejou em sua primeira decisão, embora tenha sido prejudicada pela arbitragem. Valdivia foi vítima de uma profecia auto-realizável: de tão inútil sua jogada do "chute no vácuo", acabou saindo justamente por sua causa. Pode ficar de fora da partida contra o Coritiba. Na Copa do Brasil, encontrou um caminho muito fácil até o momento. Agora pega a sua primeira grande parada. Se passar, é favoritissimo ao título. Mas, como diz Galvão Bueno, chegar é uma coisa, passar é outra.

São Paulo - Que o time é outro com Lucas e Rodolpho, é um fato. Que Luis Fabiano dará uma condição de finalização melhor, é quase uma certeza (ou um consolo aos que viram os pífios chutes de Marlos e Ilsinho ontem). Que as voltas de Fernandinho e Fernandão melhoram as opções para os jogos, também é um alento. Mas sem laterais, tanto na esquerda quanto na direita, sem volante de contenção e com um técnico que passou quatro meses fazendo testes e mais testes para chegar a lugar absolutamente algum, parece claro que o São Paulo está predestinado a fazer um bom papel de coadjuvante, mas ainda não o de protagonista.

Final do Paulistinha

E de repente, não mais que de repente, é como se este campeonato, moribundo por três meses, importasse ou valesse alguma coisa. Não vale. Não vale a tristeza, nem a alegria exacerbada dos torcedores. Talvez valha para dirigentes que não têm muito a dizer, para poderem se jactar de pequenas conquistas, que serão imediatamente esquecidas no andamento dos campeonatos mais importantes. De todos, a Libertadores é a joia da coroa. Depois, o Brasileiro. Por fim, a Copa do Brasil.
Que o Flamengo comemore seu bonde sem freio e que Corinthians e Santos estejam empolgados com a final, é perfeitamente compreensível. Mas não mascara o fato de que estes torneios só servem para faturar umas mesquinharias e para enganar o torcedor.