segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Valendo

Quem analisasse apenas as primeiras rodadas dos Estaduais do ano passado talvez tirasse conclusões peremptórias e equivocadas. Por isso mesmo quase ninguém analisou a sério as primeiras rodadas, a rigor. O mesmo vale para este início de 2012. A perna ainda está travada, os reforços ainda não começaram a jogar, os adversários são quase todos desconhecidos (quem é melhor: o Mirassol ou o Botafogo de Ribeirão Preto?), os técnicos ainda não tiveram tempo de preparar adequadamente suas equipes. Então simplesmente deve-se ignorar este início do ano? De maneira alguma. Ele deve ser visto como um ensaio, como um preparativo. Com exceção do Santos, que ainda não foi a campo com seus titulares (e que levou um choque de realidade após o jogo com o Barcelona), os demais grandes de São Paulo já podem ter seus motivos de preocupação e de satisfação. O Corinthians mantém a base do ano passado, aquele espírito de não desistir nunca e a capacidade de achar saídas em situações dificeis. Mas está ficando manjado. Elton é um bom reforço para a frente, mas a equipe segue dependente de Alex no meio. O Palmeiras está nitidamente melhor. Tem lateral-esquerdo e Valdivia parece que acordou. Vai ser suficiente? Talvez para não ter que fazer contas contra o rebaixamento, mas ainda distante de ser uma equipe ultracompetitiva, isso parece certo. E o São Paulo? Talvez a grande incógnita do futebol neste ano seja o SP. Parece ter se reforçado bem. Mas nos outros anos também parecia. É preciso ver se na prática dá liga. Parece estar com mais vontade. Mas foi só um jogo. E na hora h? A primeira rodada é indicio de que todos ainda têm muito o que acertar. O mais importante, neste instante, é saber quais parafusos apertar.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Tudo de novo, nada de novo

E começa tudo de novo. Mas não há novidades naquilo que recomeça. O Corinthians não explica como vai pagar o seu (o meu, o nosso) estádio (o dinheiro do BNDES ainda não saiu, ninguém falou seriamente sobre o naming right). Também não explicou porque uma parcela ínfima do dinheiro de comercialização dos seus jogadores fica com o clube _destacando que o entra e sai de atletas faz muito bem a empresários e agenciadores, mas não exatamente à saúde pública do clube em si. Não veio a público explicar as razões de ter ganhado uma caixinha de intermediação da Rede Globo de Televisão, segundo o que foi divulgado na blogosfera. E, mesmo com uma dívida monstruosa crescendo a cada ano, faz uma oferta "fora da realidade brasileira" para o meia Montillo (sic, palavras do próprio clube). Talvez feche. Talvez repita os episódios Ganso, Seedorf, Kaká, Tevez e tantos outros que também receberam suas propostas milionárias, mas não vieram. O Palmeiras já começa o ano com uma crise desnecessária. Pululam nas redes sociais manifestações contra os atos homofóbicos de uma das maiores "torcidas organizadas" do clube. Mas, que ninguém se iluda, também jorram textos de apoio aos dirigentes que não contratam jogadores suspeitos de homossexualidade _embora, no meio desta torcida, existam milhares de homossexuais e no plantel de cada clube, muito provavelmente (basta estudar um pouco de teoria das probabilidades e estatísticas) também. A aposentadoria do maior ídolo do Palmeiras foi anunciada por um dirigente. São Marcos sumiu. Não falou, não foi visto. Ronaldo passou dois anos no Corinthians. Fez uma dúzia de gols. Atrapalhou o time na reta final do Brasileiro-2010 e esteve em campo no vexame contra o Tolima. Quando se aposentou, deu entrevista coletiva, chorou em frente às câmeras. Atendeu religiosamente cada emissora de televisão. Era (ainda é, por um tempo será) o maior artilheiro da Copa, uma figura nacional. Ok. Marcos também é. Marcos é campeão do mundo. Querido por todas as torcidas. Passou 19 anos no Palmeiras. Ganhou tudo. Brasileiro, Paulista, Copa do Brasil, Libertadores. Quase tudo. Perdeu o Mundial no Japão. Virou símbolo de um clube. E não apareceu. Não fez o patrocinador aparecer. Num momento em que o clube mais precisa disso. Os dois maiores tiros do Palmeiras até agora: Diego Tardelli e Carlos Alberto. O primeiro não deu. Sorte do torcedor. O segundo caminha em passos rápidos para a Academia. A esta altura, ninguém mais acredita que dará certo. Talvez o Valdivia esteja feliz. O foco não ficará mais só nele. O São Paulo tenta, tenta. Mas não consegue. Morre por sua própria arrogância. Prometeu um "presente de Natal" para a torcida. Dois ou três reforços de nome. Deixou ventilar seu interesse em nomes como Nilmar e Montillo. Foi menosprezado publicamente pelo argentino. Não conseguiu até agora trazer ninguém que tire da torcida a sensação de troca de seis por meia dúzia. Ah, mas trouxeram o Cortês, dirá o incauto. Assim como trouxe o Wagner Diniz, o Pimentel, o Juan... os grandes laterais de uma temporada só no Rio de Janeiro e que nunca se adaptam a São Paulo. Todas as principais deficiências apontadas nos últimos dois anos continuam lá. Falta um lateral direito, falta um segundo atacante, falta um bom zagueiro, falta, principalmente, um camisa dez. E, pelo jeito, vai continuar faltando. E o Santos... Ainda está de férias. Mas nas férias percebe-se que a fórmula está desgastada. Ganso e clube não falam mais a mesma língua. Não se especula como o clube fará para consertar seus principais defeitos. Pelo menos o torcedor foi poupado de uma coisa. Depois da piaba que tomou, Muricy não apareceu em nenhum programa de televisão lavando louça e assistindo um jogo qualquer, dizendo que o seu "trabalho não para nunca". Deve estar em casa assistindo ao Barcelona e tentando aprender o que fazer quando se tem um time talentoso nas mãos.