segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Triplo empate

Não são pequenas as chances de o Campeonato Brasileiro de 2012 terminar, pela primeira vez na história, com dois (ou mais) times empatados em número de pontos na parte de cima da tabela, fazendo com que o campeão seja decidido por critérios de desempate (vitórias, saldo de gols e tudo o mais).
A perspectiva é que o campeão faça algo em torno de 72-73 pontos.
Os confrontos mais decisivos desta reta final do campeonato serão Vasco x Corinthians, Vasco x São Paulo e os clássicos estaduais, além de Botafogo x Santos.
Como manda estes dois confrontos em casa, há um leve favoritismo para a equipe cruz-maltina para este sprint final do Brasileirão.
Dois cariocas e dois paulistas devem formar o batalhão que seguirá para a Libertadores.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O meu 11 de Setembro

Pela manhã, tudo o que eu conseguia pensar é que não queria estar na pele dos meus colegas de Política. Afinal, aquela terça-feira prometia uma série de questionamentos difíceis acerca da morte do então prefeito de Campinas, ocorrida na noite anterior.
Eu tinha meus próprios problemas para lidar. Trabalhava como editor-assistente de Dinheiro (hoje Mercado) na Folha em um ano especialmente complicado: racionamento de energia elétrica e crise na Argentina consumiram várias horas de trabalho, longos finais de semana e grandes esforços ao longo de todo aquele 2001.
Às 08 horas, como acontecia todos os dias, entramos para a reunião da pauta, conduzida pela competente Cleusa Turra. Ali, discutíamos os furos tomados no dia, fazíamos uma avaliação de cada caderno e discutíamos as prioridades editoriais da Folha de S.Paulo para o dia seguinte.
Os representantes de cada caderno (Ilustrada, Esporte, Cotidiano e assim por diante) iam proferindo suas pautas, seus investimentos para o dia, mas todos sabíamos que a atenção naquela manhã ficaria direcionada mesmo para a pauta político-policialesca.
O mundo era diferente. Naquela manhã, nenhum dos presentes portava um smartphone, nem mesmo um laptop. Por isso, coube à Gabriela Wolthers, representante da Sucursal do Rio, que estava participando da reunião por telefone (enquanto acessava computador e tinha uma tela de televisão a sua frente), avisar: um avião bateu no World Trade Center.
Não sei quanto aos outros, mas a imagem que veio à minha mente foi a de um monomotor qualquer que se perdeu por Manhattan e se chocou contra as estruturas de aço gigantescas. Acho que mais gente pensou assim, pois a reunião continuou. Cleusa apenas pediu que o representante do Mundo saísse, fosse para a redação para avisar ao correspondente e ver do que se tratava.
Cinco minutos depois, Gabriela insistiu. Talvez fosse melhor encerrar a reunião, porque a coisa parecia séria.
Corri para uma tela de TV mais próxima. Tinha interesses óbvios. Um mês antes, havia estado bem ali. Fora uma viagem em meio a um MBA, com vários colegas. Aproveitamos a estada em Nova York (uma das pernas de uma viagem que cortou o país) para visitar um antigo colega da Folha, Mauricio Esposito, que trabalhava no então Wall Street Journal. Almoçamos ali no World Trade Center numa tarde quente de agosto.
Havia sido correspondente da Folha em Nova York entre 1998 e 1999. Todas aquelas paisagens ainda eram muito frescas e vividas em minha memória.
A primeira imagem que vi na televisão foi a de um avião batendo na torre. "Ué, conseguiram filmar o acidente?". Pela legenda da CNN, porém, percebi que se tratava de um segundo choque: America under attack.
Isso mudou definitivamente o estado de espírito. Não me pergunte como, mas em questão de minutos a redação, que costumava ficar vazia nas primeiras horas da manhã, estava cheia, lotada.
Algumas pessoas foram chamadas, outras simplesmente apareceram. Sabíamos que o dia seria histórico, talvez infernal, mas algo incrível acontecia na Folha nestas horas: ela se agigantava ainda mais.
O mestre Mauro Zafalon chamou a atenção: a torre caíra. Com a pretensão de quem tinha 25 anos de idade, quis dar uma lição a ele: impossível, aquilo não cai, imagina...
Àquela altura, deveria já ter aprendido a ficar calado. Caíra sim.
Uma reunião com vários profissionais foi convocada de urgência. Entramos de novo na sala em que até poucos minutos antes estávamos discutindo um mundo que já não existia mais.
Até hoje me lembro da coragem da então editora-executiva Eleonora de Lucena. As 10h e pouco da manhã ela já tinha na cabeça não só a perspectiva histórica daquele dia (a nossa capa estará pendurada nesta sala, dizia, apontando para uma sequência de Primeiras Páginas históricas da Folha que ornamentavam o local), como vaticinou: não existem cadernos, não existe divisão _a Folha do dia 12 de setembro seria praticamente uma só, sobre o ocorrido.
O jornal foi dividido em editorias. Uma para cuidar dos brasileiros em NY, uma para os relatos do local, uma para os feridos e mortos, uma para artigos e entrevistas, uma para colocar a questão em perspectivas políticas, outra para os efeitos econômicos.
Fiquei responsável por fazer todos os infográficos daquela edição. Poderia chamar quem quisesse. Formei um dream team: Fabiola Salani, José Alan Dias, Cristiano Pombo.
Decidimos, com a experiência que tínhamos e auxiliado pelos editores de Arte, quais seriam as prioridades. Uma página central com o minuto a minuto dos atentados, a queda das torres, os resgates. Infográficos sobre os demais atentados pelos EUA. Artes que mostravam a repercussão no mundo financeiro (ouro subindo, cotação do petróleo indo a loucura, Bolsas derretendo). Como eram os aviões, quais eram as rotas. Um volume de trabalho insano. O pior é que o dia era marcado por boatos e informações desencontradas. Um avião que caira em Orlando, um ataque a missil contra a Casa Branca...
Além das artes, palpitei em tudo. A Redação estava surpreendemente em ordem, em meio ao caos. Cada um sabia o que tinha que fazer. Renata Lo Prete escolhia as melhores palavras para o que chamamos de lidão: o resumo histórico, o texto que sintetizaria o que foi aquele dia (e tente descrever o 11 de Setembro em apenas alguns centímetros).
Lucia Boldrini, Vinicius Torres Freire, Neivaldo José Geraldo comandavam um time talentoso, que ajudava a explicar não só o impacto para a economia americana, mas como isso poderia afetar a então cambaleante produção brasileira.
Ana Estela ajudava a fazer a Primeira Página, palpitava nas fotos, incentivava a todos. José Henrique Mariante tentava colar aquele mundo de gente, de informação, unir as peças diversas.
Hoje, dez anos depois, ainda existem informações e interpretações desencontradas sobre aquele dia. Cada um se lembra do que fez, aonde estava e como foi afetado pelo ignóbil atentando. Eu me lembro que trabalhei 17 horas seguidas, mas tive a maior aula de jornalismo de toda minha carreira. Sou grato aos que me ensinaram.

Reta final

Se há uma palavra que define bem quem tende a ser o campeão brasileiro de 2011 é a constância. Termo que as vezes é mal entendido, pois constância não significa apenas regularidade boa (ganhar sempre), mas sim repetir os acertos no momento certo e saber errar no momento errado.
No bolo de cima, o Corinthians aparece ainda à frente, apesar de todas as suas próprias tentativas de se sabotar. Mas seguido por times que não têm poder de decisão, nem de chegada. A última rodada mostrou resultados absolutamente normais: o Coritiba ganhar do Botafogo (apesar do placar elástico), o Vasco empatar com o perigoso (jogando em casa) Figueirense, o Grêmio bater o São Paulo no Olímpico (acabando com este mito de que pode-se perder pontos no Morumbi pois se recupera fora, o que é uma sandice) e o Fluminense ascendente sobrepassar o Corinthians.
Olhando para a frente, com exceção dos próximos dez dias, a tabela sinaliza vida mais confortável ao Corinthians que aos seus adversários.
Fazendo uma projeção sem nenhum critério científico mas pensando no que já ocorreu neste campeonato, há de se imaginar que o campeão brasileiro será definido por aquele que conseguir somar entre 69 e 71 pontos. Pela quantidade de jogos em casa, pela tabela espinhosa dos adversários, o alvinegro paulista é ainda o maior favorito ao título. Basta manter esta constância do campeonato _ganhar uma e até perder vez ou outra.