quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Reviravolta no São Paulo

Política é a arte da persuassão. No momento em que Juvenal Juvêncio estressa que vai "ganhar mais esta" talvez seja o momento em que ele esteja mais distante de um terceiro mandato.

A oposição foi à Justiça e iniciou uma guerra de liminares. Juvenal sabe que pode ganhar no tapetão, mas terá que perder tempo considerável sustentando a legitimidade de sua condição de presidente.

Sai ainda mais enfraquecido de uma disputa em que talvez até tenha razão: manutenção do Clube dos 13 e partilha dos direitos de transmissão de televisão.

O script pode ser o seguinte:

1. Juvenal chama a CBF para a briga e não se candidata, tornando a briga personalista e não centrada no São Paulo;

2. Juvenal assina um contrato de cobertura do Morumbi, articula o transporte público até o estádio e termina seu mandato como o grande responsável pela modernização do estádio;

3. Entra um novo presidente, do grupo do Juvenal, que fica apenas três anos, conduz os negócios do jeito que o mandatário deseja, mas com fôlego político novo para conduzir as negociações com a TV, se reaproximar de outros clubes e diminuir o ambiente de tensão do São Paulo;

4. Se o estádio de Itaquera não ficar pronto a tempo (e pode ser que não fique, pois são apenas dois anos até a Copa das Confederações), o São Paulo poderia sediar a Copa e Juvenal seria eleito presidente novamente em 2014.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Who cares?

Derretam a Taça das Bolinhas.
Ninguém se importa com ela.
Crianças continuam nascendo, gente querida continua indo embora, amantes se encontram, casamentos acabam e ninguém, ninguém mesmo perde o sono para saber quem vai ficar com aquela taça horrorosa.
O São Paulo não deveria ter aceitado. Teria se poupado. Podia ter entregue a taça ao Flamengo. Seria um gesto de grandeza política e pessoal. Nenhum torcedor iria achar ruim. O time não teria um título brasileiro a menos. Sua história seria valorizada, não o contrário. Seria uma reafirmação dos seus princípios.
O Flamento não deveria beijar assim a mão da CBF, uma entidade sem critérios. Ficou duas décadas dizendo que o Sport era campeão e agora decide que "não era bem assim". Ah, culpa da administração passada? Não. Sempre foi o mesmo presidente.
Para a CBF, tudo bem ter um ou dois ou três campeões no mesmo ano.
Critérios esportivos não valem de nada.
O Flamengo deveria meter um processo na CBF por ter ficado de fora da Libertadores de 1988. Por perdas e danos.
Vamos ver se daí esta farra de reescrever a história acaba ou não.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Hipocrisia

Cansa. Muito.
A mesma torcida que dias atrás (dias; não semanas, não meses; dias) estava tocando o bonde do terror no treino do Corinthians é aquela que falsamente cai no golpe de marketing do "Eterno Ronaldo".
E os mesmos jornais que descascavam a equipe corinthiana na semana retrasada hoje classificam o momento do time como "ótima fase".
Pera lá. O Corinthians ganhou do Palmeiras na bacia das almas. Melhor jogador: goleiro.
Ganhou do Mogi Mirim no quarto final da partida.
Ganhou do Santos com autoridade? Sim. Mas como afirmar que, a esta altura, isso não seja exceção?
Detalhe: todas as partidas foram feitas no Pacaembu.
Em um campeonato de nível tão fraco, exaltar Corinthians e São Paulo, execrar os demais é miopia.
E hipocrisia.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Postura

Olhando com a distância que o curto tempo permite, há um abismo nas posturas de Ronaldo e Juvenal Juvêncio. Os dois escolheram dias e horários semelhantes para falar: segunda-feira, perto da hora do almoço.

Ronaldo, vitorioso, milionário, sentiu que não conseguiria mais corresponder às expectativas dentro de campo. Entre virar um fantasma do presente ou um herói do passado escolheu a segunda opção. Os mesmos críticos que lhe apontavam o dedo desaprovador o cobriram de elogios. Seus feitos foram reconhecidos, seu legado exaltado. O Corinthians alivou sua folha de pagamento e, diz-se por aí, não terá impacto concreto na sua receita.

Ronaldo falou, se emocionou e distribuiu este sentimento a todos os demais. Não se absteve de criticar as recentes atitudes violentas da torcida, mas reafirmou seus compromissos com o futebol. A questão do hipotireoidismo é meio uma bobagem. Afinal, não só por isso ele estava fora de forma. Nem novidade era, ele já havia falado. Faltou um posicionamento mais claro sobre as diversas críticas costuradas á organização do futebol (calendário, empresários), mas talvez o momento não fosse para isso. Ronaldo desculpou-se pelos seus erros, listou os momentos amargos da carreira e deixou claro que a ausência de uma Libertadores era um marco indelével.

De outra sorte, Juvenal Juvêncio deu um show de arrogância. Primeiro, ao aceitar a famigerada Taça de Bolinhas. Ele havia sido signatário do documento que atestava o Flamengo como campeão brasileiro de 1987 (que foi). Agora, rasga o documento e a moral do São Paulo com uma atitude mesquinha.

Depois diz que pode se candidatar à reeleição porque o São Paulo precisa de gente competente. Que a oposição está reduzida a nada.

Ele tem razão nas duas premissas. Mas ao chamar seus assessores diretos de incompetentes, Juvenal mostra se achar acima de tudo e de todos. Ao justificar a virada de mesa com base em uma oposição enfraquecida (até as custas de politicagem), o mandatário adota os mesmos expedientes de ditadores de quinta categoria.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sai daí, sai já

Então há uma oferta na praça de 6 milhões de euros por Fernandinho e outra sondagem para Dagoberto. Rodrigo Souto diz que quer sair.
Nenhum dos três está jogando nada.
O São Paulo deveria negociá-los imediatamente.
Juntar o dinheiro e contratar Alex Silva.

Amarelo

O clima na redação, naquela tarde fria de julho de 1998, era de indisfarçável otimismo. Sabíamos que provavelmente ainda teríamos que trabalhar muito, mas já estavámos nesta vida desde o início do ano e, portanto, mais 15 dias não fariam diferença.
Nossa última capa, após o jogo contra a Holanda, havia sido SHOW. Um exagero. Aquela seleção tinha jogadores bons (Dunga, Cesar Sampaio, Leonardo) outros bem mais ou menos (Junior Baiano, por exemplo, era uma temeridade) e alguns poucos craques. Ronaldo e Rivaldo definitivamente o eram. Roberto Carlos ensaiava ser.
Quando Galvão Bueno disse que ao vivo que a seleção iria de Edmundo no lugar de Ronaldo, ligamos para nossos enviados na França. "Mais uma do Galvão, não tem nada disso", replicou do outro lado da linha um experiente jornalista. Certo estava o narrador. Estávamos todos no escuro.
Bola rolando e o Brasil levou um passeio da França. Era inacreditável. Não sabíamos, àquela hora, que Ronaldo havia tido uma concussão ou qualquer coisa semelhante. Só víamos a sua apatia em campo e o Brasil jogando mal, muito mal, nervoso.
Um lance capital foi o escanteio infantil cedido por Roberto Carlos. Na sequência do lance, gol de Zidane, de cabeça.
O mesmo Roberto Carlos que havia cedido um gol para a Dinamarca.
Ao final do jogo, havia três grandes personagens para ser entrevistado: Zagallo, Ronaldo e Roberto Carlos. Como o atacante ficou estático, parado no meio de campo, com a chuteira envolta no pescoço para exibir o patrocinador, todos os repórteres cercaram o lateral.
Que antes de ser questionado, já deu o recado: "Para mim, o problema é que teve gente que amarelou". Como assim? "Pergunta para os outros. Teve jogador que tremeu".
Falava do Ronaldo, claro.
Se amarelou, não sei. Dizem que passou mal.
Mas Roberto Carlos pensou em si, só em si.
Em 2006, fez uma Copa medíocre. Arrumou o meião na hora do gol da França e depois veio dizer que ele não tinha que marcar ninguém. Então chispa da área, meu caro.
Também tentou transferir a responsabilidade.
Quando não jogou contra o Tolima, ventilou que havia sido uma decisão do Tite, não dele. Oras, então deixe isso claro, público. Não o fez.
Agora diz que está sendo ameaçado e vai sair do Corinthians.
A história se repete.
Como farsa.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Esfriou

Por que ninguém mais comenta o andamento das negociações para a construção do Fielzão?

Vilão

O Globo estampa em sua manchete no caderno esportivo que a "culpa" pela derrota no amistoso de ontem foi de Hernanes. Ao ser expulso, ele fragilizou a seleção brasileira, que perdeu de 1 a 0 para a França.
A escalação de Renato Augusto, a falta de força no ataque nada disso é levado em consideração. A voadora de Hernanes é a justificativa _diga-se de passagem que Hernanes é um bom jogador, mas nada de expecional e, portanto, nem na seleção deveria estar.
Já diretores corinthianos "lamentam" a ausência de Liedson na pré-Libertadores. "Se ele estivesse em campo as coisas seriam diferentes". Dãããã. Claro que seriam. Se o São Paulo tiver um meia, se o Santos tiver uma zaga mais forte, se o Palmeiras contratar um centroavante as coisas serão diferentes.
Mas quem contrata? A torcida? Não são os próprios diretores?

Same old, same old

Ontem à tarde, um blogueiro postava que Muricy havia aprendido as lições das derrotas na Libertadores comandando o São Paulo. E que iria "deixar a técnica de lado" e formar um time "guerreiro e lutador". Ou era falta de informação (sempre pode ser) ou deu tudo errado: o que se viu na noite de ontem (9/2) foi um Fluminense dominado pelo Argentino Juniors. Em casa.
Parecia o velho São Paulo de Muricy. Time desarticulado, nervoso, com chutões para a frente. No Sportv, o comentarista dizia que a equipe estava muito mal armada.
Pode ser coisa de apenas um jogo, claro. Mas é fato que o Fluminense estava muito mal na reta final do Brasileiro _ganhou de bandeja o campeonato graças a derrocada corinthiana. E que estes jogos de Estadual não significam muita coisa.
Com Fred e Cavalieri em forma as coisas melhoram? Claro que sim.
Mas, torcedor e blogueiros, esta será a tônica, não a exceção.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Obviedades

O Corinthians é um time melhor quando tira volante do meio-campo e coloca meia de ligação para dialogar com o ataque. O Corinthians é um time melhor quando tira quem não quer (ou não pode) jogar, casos de Dentinho, Ronaldo e Roberto Carlos.

O Palmeiras é um time forte na defesa, que ameaça se soltar no ataque, mas muito dependente de Kleber, que é um jogador mediano e que colocou na cabeça que esta bobagem de fazer falta, dar cotolevada e fazer biquinho é uma boa.

O São Paulo é um time sem padrão tático, sem esquema tático e sem criatividade.

E no que vai dar isso? O Corinthians vai chegar forte à fase final (valorizando o campeonato). O Palmeiras vai ser competitivo. E dependendo de como estiver seu espírito, o Santos vai ser o favorito.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Antes e depois

Ontem, os comentaristas diziam que:
- Ronaldo é gênio e em uma bola pode decidir um jogo. Tem que estar em campo.
- Corinthians sabe planejar e as temporadas recentes indicam isso.
- Roberto Carlos trouxe a experiência necessária para a equipe.
- Corinthians tem um dos melhores elencos do país.

Hoje, dizem que:
- Ronaldo está velho e tem que parar.
- Faltou planejamento.
- Roberto Carlos pipocou.
- O elenco do time é uma draga.

Observação: importante ressaltar que desde o início aqui foi dito que qualquer julgamento sobre o Tolima era precipitado uma vez que provavelmente ninguém tinha visto a equipe jogar. E ela não é nada demais. Mas esteve melhor que o Corinthians.

Corinthians faz história na Libertadores

Infelizmente de um jeito que o torcedor não queria. Conseguiu ser eliminado sem anotar nenhum gol e ainda na fase de classificação (atenção estatísticos: essa participação nem conta, pois o time não disputou o torneio, apenas o qualificatório). Um fiasco completo. Quais as razões?

1. O empate em Goiás. Não tivesse sido relapso e jogado pelo placar em dezembro, não teria ficado em terceiro no Brasileiro e estaria direto na Libertadores.

2. Menosprezo. Os relatos são de que os jogadores e dirigentes negligenciaram o adversário. Ronaldo dizia que o Tolima não seria problema, o espião do Corinthians disse que o time não era de nada, Roberto Carlos falou que não dava para pensar em não se classificar.

3. Saída de Elias. De um time muito bom em 2009, o Corinthians virou um time bom em 2010 e caiu em 2011. Ainda pode crescer, tem elenco para isso. Mas a saída de Elias acabou com o time.

4. Ronaldo em má fase. E ainda assim, ninguém tem coragem de colocá-lo no banco.

5. Decisões equivocadas do treinador. Que insistiu em um esquema de três atacantes sem nenhum meia de ligação (mesmo problema do São Paulo). O time fica isolado na frente e descompensado do meio para trás.

6. Banco inchado. Danilo e Bruno César no banco, com Paulinho jogando. Algo de errado.

7. Treinador defensivo. A vocação do time era buscar o ataque. Adilson Batista tentou fazer o time ir ainda mais a frente, fracasssou e foi defenestrado. Escaldado, Tite resolveu colocar o time atrás. Também exagerou.

8. Ausência da torcida. Os ingressos muito caros mudaram o perfil e afastaram o torcedor do jogo de ida no Pacaembu. Conclusão: não houve o caldeirão esperado.

9. Erro de planejamento. A diretoria demorou demais para contratar um atacante, substituir Elias e William.

10. Cabeça difusa. O Corinthians estava tão preocupado com aspectos fora de campo que se esqueceu do que a torcida quer.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Vale a pena ver de novo

A onda de contratações retrô continua a toda e coube ao Corinthians repatriar Liedson por R$ 4 milhões. Diferentemente de Rivaldo e dos Ronaldos, porém, Liedson nunca foi genial. Sua melhor característica é justamente a que o tempo mais pôde roubar: a velocidade.

Enredo de filme

Time capengando, necessidade de vitória, jogo em casa. Com o placar apontando 1 a 1, o goleiro Saulo, do Sport, faz um gesto desesperado, se manda para a área do adversário na cobrança do escanteio, usa sua impulsão e, nos acréscimos, marca de cabeça o gol necessário para o seu time. Mas se machuca na queda. Sai de campo. Todas as substituições já haviam sido feitas. Cabe ao baixinho Carlinhos Bala colocar as luvas e ir para debaixo da meta. Ainda resta uma emoção: escanteio para o adversário, Bala sai como um raio e corta o cruzamento.
O jogo em que o goleiro fez a função de atacante e o atacante, a de goleiro.
Enredo de filme total.