terça-feira, 31 de agosto de 2010

Liquidação

E o São Paulo anuncia que iria vender Dagoberto e Miranda, mas ninguém se interessou. O zagueiro, tido como selecionável até o começo do ano, está livre para ir para QUALQUER time no final do ano, sem nem sequer o pagamento de multa.
A rádio Jovem Pan ainda informa que Jorge Wagner está no banco porque ousou assinar um pré-contrato com um time japonês sem avisar a direção do São Paulo. Se assim o fez é porque ninguém o teria procurado para reformular o contrato atual. De qualquer forma, a situação atual só é prejudicial ao atleta e ao clube.

sábado, 28 de agosto de 2010

Este é o Brasil

Movido por movimentos messiânicos e personalistas, ao arrepio do bom senso.

Vale o não dito

1. O Morumbi não podia ser palco da abertura da Copa porque o projeto não era adequado. O Corinthians foi escolhido sede sem que ninguém conheça o projeto.
2. O Morumbi não podia ser palco da Copa porque não teria garantias financeiras. O Corinthians diz que vai buscar empréstimos do BNDES sem colateral, pois a própria obra seria garantidora do retorno.
3. O Morumbi foi excluido porque não tinha estacionamento. O local do estádio do Corinthians é de densidade saturada e péssima infra-estrutura, revela a Folha.

1+2 = 3

1.
Em 2009, o atacante Ronaldo deu o caminho das pedras e disse que o presidente Lula indicava empreiteiras para o Corinthians poder construir seu Centro de Treinamento. "Ele [o presidente] está dando alguns contatos de empreiteiras que podem nos ajudar, não é financeiramente", revelou o atacante ao SporTV. "O presidente está sabendo de tudo [o que ocorre no clube e no futebol] e indica as empresas que podem nos ajudar."

2.
Reportagem do Estado de S.Paulo mostra que uma grande empreiteira brasileira gira negócios de R$ 38 bilhões ao ano atualmente _que deverão saltar para R$ 63 bilhões em 2012. Trecho da reportagem: Na opinião de um ex-executivo da empresa, o grupo não teria chegado aonde chegou não fosse o apoio maciço do governo. "O grupo desenvolveu uma extraordinária capacidade de relacionar-se com governos, tanto no Brasil quanto no exterior. Tem uma capacidade camaleônica de se adaptar", diz.

3.
Agora esta mesma empresa foi "convidada" para construir o estádio do Corinthians, um investimento a fundo perdido.

Este é o nosso Brasil. Por favor, só não venham com este papo de que o "estádio será construído sem um centavo de dinheiro público" que não é verdade.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Tudo junto e misturado

Há duas formas de ver o mundo.
1. A pessimista - São Paulo e Palmeiras fazem péssimas campanhas, dão desgosto a seus torcedores, têm times frágeis e estão muito próximos da zona de rebaixamento.
2. A otimista - Palmeiras está a quatro pontos e São Paulo a seis do G4.

O futebol apresentado diminui a possibilidade de os otimistas prevalecerem.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

7

Os sete pecados capitais do São Paulo nesta temporada.



1. Ira

O elenco teria queimado Dagoberto, que até agora se sente desrespeitado pelo São Paulo. O mesmo Dagoberto que, num gesto de raiva e desprezo, chutou a bola para a arquibancada no passeio de bola que o time levou na Vila Belmiro, pelo Paulistão. O garoto Oscar e outros tantos saíram brigados, na Justiça, com o clube. Marcelinho Paraíba não cumprimentou o técnico Ricardo Gomes em partida pelas oitavas-de-final da Libertadores. Jogador que atira o colete no chão, reclama pela imprensa. No São Paulo, os nervos estão, desde o começo do ano, à flor da pele.

2. Gula
O São Paulo só quis saber da Libertadores. Enafastiou-se com a competição. Eliminado, viu-se em um redemoinho do qual não consegue sair.
O São Paulo achava que poderia abocanhar tudo. Os campeonatos, a sede do Mundial da Copa-2014, as disputas com a CBF. Patrocínio de R$ 30 milhões? Tsc. Para o São Paulo, isso não é nada. Queria mais, mais, mais.
Acabou sem nada.


3. Orgulho
E prepotência. O que talvez melhor defina o pensamento atual do São Paulo é o seguinte. Diante de um resultado pífio frente ao Vasco, muito próximo de entrar na zona do rebaixamento (o que deve ocorrer no próximo final de semana), os diretores do São Paulo aparecem no jornal dizendo que "basta ganhar cinco partidas seguidas" que a equipe voltará a disputar o título (!).



4. Inveja
O presidente não debate seus passos com os diretores. Os diretores não querem ter exposição menor que o treinador. O time é um redemoinho de snetimentos mal-digeridos e brigas por posição e lugar cativo. A inveja predomina entre o elenco.

5. Avareza
O São Paulo não quis gastar para contratar um camisa dez. Não quis colocar a mão no bolso para achar uma saída para a lateral. O São Paulo não segurou seu principal jogador, Hernanes. O Sâo Paulo não fez bons contratos com seus jogadores de base. O São Paulo não aceita pagar o que bons técnicos querem receber.

6. Luxúria
E por outro lado, o São Paulo contrata dez jogadores medianos, com salários elevados, e os deixa no regime de engorda do CT. Desperdiça toneladas de dinheiro no CT de Cotia e não usa os egressos da categoria de base. Queima as reservas do clube.

7. Preguiça
Atávica. Generalizada. Preguiça de ir ao mercado buscar jogadores. Preguiça de lutar pelas mudanças necessárias ao Morumbi. Preguiça de conseguir um patrocínio. Preguiça de fazer promoções e aumentar a ida da torcida ao estádio. Preguiça de achar um técnico. Preguiça de contratar bons jogadores. Preguiça de equalizar custos. Preguiça dos jogadores em campo. Preguiça.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sem nada

Sem reforços. Sem patrocínio. Sem comando. Sem técnico. Sem time. Sem padrão tático.
O São Paulo também deve ficar sem estádio.
O presidente Juvenal Juvêncio quer levar adiante a empreitada de reforma do Morumbi, avisa o jornalista Victor Birner.
Ah, sim. Isso sem dinheiro.
O São Paulo vai demonstrando estar é sem rumo.

Timing errado

Parece um século atrás. Assistir ao trailer do filme Soberano, que estreia no próximo dia 17, remete a um tempo em que o São Paulo arrasava seus adversários, ganhava clássicos e ditava os rumos das coisas do futebol. Parece um passado longíquo. Nada. Foi ano retrasado.
Como o Corinthians de 2007 (rebaixado dois anos depois de ser campeão brasileiro), o São Paulo vive uma gangorra vertiginosa do céu ao inferno.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Galoucura

É inacreditável o que acontece com o Atlético-MG. O time até faz boas partidas, mas simplesmente não consegue vencer.

Arrogância

"Time grande não cai para a segunda divisão."
Frase de um diretor de São Paulo após o passeio de bola levado no Pacaembu.
Caro diretor. Time grande cai sim. Continue só falando e nada fazendo, que você verá.

Até quando...

O São Caetano havia acabado de dar um baile no Palmeiras em pleno Parque Antarctica. Foi quando um sinal soou na cabeça dos dirigentes palestrinos. Era lógico, matemático: contrataram o treinador da equipe do ABC. Se ele era capaz de fazer aquilo com um time capenga, imagine o que não faria com uma equipe mais incorpada.
Antonio Carlos, porém, se mostrou um desastre à frente da equipe alviverde.
Entre várias razões, por uma de destaque.
Há uma diferença muito grande entre treinar uma equipe mediana e uma gigante do futebol.
Só não percebe isso quem é cego ou louco.
Sérgio Baresi pode até ser um treinador promissor. Ninguém sabe.
Faz o que acha que tem que ser feito. Com um voluntarismo quase juvenil. Se expõe de maneira rídicula com seus pen drives e suas entrevistas rebuscadas. Tenta dizer que está pronto. Mas não está. Não tem peso, não tem experiência, não tem vivência, não tem malandragem nem jogo de cintura.
Sérgio Baresi e o comando do São Paulo insistem em querer levar o time para a segunda divisão.

Um abismo de diferença

Baile. Passeio. Humilhação. Jogo de um time só.
As frases ajudam a destacar o que foi a impiedosa participação do Corinthians na tarde-noite de ontem no Pacaembu.
O mesmo Corinthians que havia perdido havia uma semana para o Avaí...
O que falar sobre o jogo?
1. Adilson Baptista teve uma ótima leitura de jogo.
2. Qualquer time que tiver meio-de-campo irá ganhar do Sâo Paulo, equipe que não tem ninguém para aquela faixa de campo.
3. Ao São Paulo faltam qualidade técnica e vontade, além de comando.
4. Ao Corinthians, se falta refinamento, sobra aplicação tática-conjunto.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Parem o mundo, que eu quero descer

A seleção brasileira de futebol terá que fazer jogo-treino porque não conseguiu marcar amistosos para as datas da Fifa.
A seleção cinco vezes campeã do mundo. Que disputou sete finais. Essa não conseguiu fazer um amistoso.
Uma data Fifa. Os campeonatos do mundo inteiro estarão parados. Mas ninguém "quis" jogar com o Brasil.
A camisa amarela. Que todos dizem temer e respeitar. Mas ninguém teria manifestado interesse ou a honra de enfrentá-la.
O país que vai sediar a Copa do Mundo. O time a ser batido. Mas não tem adversário.
Não faz sentido nenhum.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Azedume

Teria o Inter conseguido se sagrar campeão se a regra do jogo não tivesse mudado?
Toda a festa e o merecimento a parte, é justo dizer que a equipe foi favorecida por uma mudança nos bastidores. Ah, mas o São Paulo também, pois escalou o Ricardo Oliveira... Um erro não anula o outro. Não deveria ter valido para ninguém.

Gigante

É quase uma Copa do Mundo. De quatro em quatro anos, o Inter consegue uma Libertadores. É lógico que uma série de fatores conta para isso. Um planejamento bem feito e bem executado, mas sem seguir estritamente a lógica do papel _a partir do momento em que perceberam que o plano iria afundar, houve reforço da equipe e troca de comando. A força de uma apaixonada torcida, que advoga para si o título de maior parceira do clube (o sócio-torcedor do Inter é o único bem-sucedido). Boa costura nos bastidores, com o acerto da sede para o Mundial, fazendo com que a diretoria não tivesse que perder tempo com estes conchavos, mas sim com o que interessava.
Mas é fato também que o futebol vê hoje a consolidação de um grande time. Mudaram muitos nomes, mas vários atletas foram bicampeões. De Rafael Sóbis, passando por Tinga, a Fabiano Eller, Índio, Bolívar. O Inter remontou em parte um esquadrão que tinha sido muito bem-sucedido. A eles foram acrescidos, na dose certa, novos valores revelados (Andrezinho, Taisson, Giuliano) e jogadores experientes e bom de bola (Alecsandro, D´Alessandro, Kleber).
Por onde se olhe, o Inter merece o título.
É o gigante do futebol brasileiro hoje.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Mesmo velho papo

Após vitória, jogadores do Grêmio exaltam Renato Gaúcho. Atletas do São Paulo dizem que time cresceu nas mãos do inexperiente Sérgio Baresi. A turma do Palmeiras diz que os gritos de Felipão mexeram com seus brios e a ele dedicam a vitória. Isso sem falar nos times que estão bem, tais quais o Corinthians de Adilson Baptista, o Fluminense de Muricy Ramalho e o Inter de Celso Roth.
O discurso no início do trabalho é sempre este mesmo. Empregado nenhum quer ficar mal com o novo chefe. Em poucas semanas, porém, aparece um descontente com a reserva, outro que joga o colete no chão, um cronista questionando métodos, alguém lembrando quanto aquele profissional ganha.
E daqui três, quatro meses, um deles, senão todos, será seriamente questionado até perder o emprego.

O pior momento do ano

Há uma rara e brava exceção: a torcida do Internacional. O time de Porto Alegre poderá, ou melhor, deverá, ou melhor ainda, será campeão da Libertadores amanhã a noite. Uma daquelas datas que ficarão marcada para sempre no imaginário e na lembrança de cada um dos seus torcedores. Numa campanha impecável e inesquecível, com as doses certas de emoção, sofrimento e redenção.

Há ainda os que vivem cada rodada com a esperança de dias felizes ao final da jornada, seja por uma conquista, seja pela manutenção do status quo.

Mas a verdade é que para a maioria dos torcedores o momento é de limbo. Não há aquela curiosidade que atiça os começos de temporada. Não há aquele frenesi dos jogos de mata-mata da Copa do Brasil, nem o desenrolar da Copa Libertadores que agitam o primeiro semestre. Não temos eliminatórias para a Copa, não temos uma Copa do Mundo em mente, nem uma mísera Copa América. Temos o Brasileirão, mas ainda na metade do primeiro turno, ainda sem aquela chama que começa a incendiar cada um dos torcedores a partir de sua metade final.

Tudo parado, tudo comportado. Tudo muito chato.

domingo, 15 de agosto de 2010

Constatação

E o Palmeiras só vence sem Felipão no banco.

Empate amargo

Não se deixe enganar pelo resultado, que foi muito ruim. Veja o jogo, a escalação, as alternativas criadas. O São Paulo fez uma partida bem diferente das modorrentas atuações dos últimos tempos. O técnico não inventou nada _aliás, fosse outro, com mais experiência, a equipe até teria ido melhor (no final, faltou perna para Cleber Santana marcar o gol da virada). O teste de verdade será na semana que vem.

Para o alto e avante

Lugar comum e clichê, mas vale ser ressaltado. O Fluminense não tem um elenco estelar. Só que quem tem, hoje, Inter e Santos, não precisam do Brasileiro _quer dizer, o Inter quase. O time carioca, então, tem o melhor elenco entre os emergentes e ainda se reforçou. Tem o técnico casca dura, que não empolga, mas segue aquela fórmula que já deu muito resultado no passado (não no recente).
Muricy e tricolores parecem combinar.
E o Fluminense começa a abrir uma vantagem que talvez mais ninguém consiga tirar no final.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O que foi que eu perdi?

A Folha não diz quando foi o tal jantar em que foi acertada a negociação com Neymar. Só pode ter sido na terça a noite _e na pressa, pois ontem os atletas já estavam de volta ao Brasil. Ou teria sido no sábado? Ou no domingo? Não sabemos.
Mas diz que o presidente do Santos estava presente à mesa.
O mesmo que hoje diz que não vai vender o atleta.
Se o Chelsea vai pagar a multa estabelecida e acertou tudo com o jogador, o que restaria ao presidente do Santos fazer?

Aposta igual, resultados distintos

Trocar de técnico. Chamar alguém que já tivesse treinado a equipe anteriormente. Trazer jogadores consagrados do passado.
A mesma fórmula foi utilizada por dois clubes diferentes. Os resultados não poderiam ser mais distintos.
O Inter deu adeus ao confuso e irado Jorge Fossati e trouxe de volta Celso Roth. Não, não foi só o técnico quem mudou as coisas. A diretoria seguiu atenta ao mercado e promoveu a volta de jogadores importantes como Tinga e Rafael Sóbis. Recuperou Taíson, que estava quase de saída. Seguiu apostando em D´Alessandro. Construiu um grande time em 2009, que está dando resultado em 2010, depois de beliscar o vice brasileiro.
E tem tudo para ser campeão da Libertadores. Pela segunda vez em quatro anos.
O Palmeiras fez igual. Buscou Felipão, Kléber, Valdivia. Mas tudo dá errado. Já faz seis partidas que não vence. A vitória sobre o Santos foi um suspiro.
A lição que fica?
Planejamento é a longo prazo. Mas os contornos e correções devem ser feitos prontamente.
Não há grandes times sem o uso de uma base sólida.
E quem se reforça com inteligência, não com emoção, tem maior chance de êxito.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Devagar e sempre

Juvenal não demorou nem 24 horas para contratar Ricardo Gomes para o lugar de Muricy Ramalho. A interpretação: a diretoria do São Paulo é ágil.
Juvenal não tem a mínima ideia de quem será, efetivamente, o próximo técnico da equipe. Interpretação: a diretoria do São Paulo é prudente.
Ok. Então não erram nunca?

Vai durar?

Qualquer análise começa por dizer que Mano Menezes não é Dunga, nunca foi. Enquanto Dunga foi um bom jogador, campeão mundial, Mano foi medíocre dentro das quatro linhas. Fora delas, porém, o atual treinador da seleção tem uma folha de bons serviços prestados, ao contrário do técnico que assumiu o comando brasileiro em 2006.

Isso posto, é necessário avançar para o segundo ponto: devagar com o andor.

Ok, ok. O torcedor quer a seleção para frente, é necessário viver cada dia de uma vez e o futebol precisa de alegria. Se o futuro a Deus pertence, por que não louvar e se entusiasmar com o presente, tendo em vista o futebol apresentado pelo selecionado ontem, diante da boa equipe americana?

Mas olhar para trás ainda é um remédio eficiente para evitar exageros e repetição de erros.

Na estreia de Dunga em 2006, contra a Noruega, os jornalistas de plantão decretavam: "acabou a moleza na seleção". O técnico ainda prometia deixar de lado "o estilo brigador" e que iria só "gritar quando fosse necessário".

A principal diferença do ontem para o hoje é que Dunga preferiu usar a base da Copa-2006. Em poucos jogos, porém, mudou a estrutura. Passou a convocar mais e mais novatos. Os experimentos foram feitos de todos os jeitos, até que se definisse, apenas em 2009, a equipe padrão do Brasil. Essa que acaba de naufragar na Copa.

Primeiro jogo não diz muito. A continuidade do trabalho é que poderá dizer se este time é o que promete. Mas o aperitivo foi muito bom.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O fim da era dos supertécnicos

O treinador nunca vai deixar de ser protagonista. Pelas suas mãos são burilados talentos, criadas alternativas, definido o padrão tático do time. O seu comportamento se reflete no campo. Dizem os mais sábios, como Tostão, que técnico não ganha jogo, mas ajuda a perder.
Há naturalmente uma transição na geração de treinadores. Lá atrás, sempre que um time tinha problemas, as soluções pensadas eram Rubens Minelli, Carlos Alberto Silva, Jair Picerni, Cilinho.
Nos anos 90, os treinadores foram catapultados à condição de primeira estrela do futebol. Muito disse se deve a quem mais rejeitava o rótulo: mestre Telê Santana.
Até o início de 1990, Telê tinha a injusta fama de pé frio. Com um campeonato brasileiro no curriculum, havia feito trabalhos excepcionais em vários clubes e na seleção brasileira, mas não levantava a taça.
Sua ida ao São Paulo quebrou o paradigma. Nos cinco anos no Morumbi, foi vice-campeão brasileiro (90), campeão brasileiro (91), campeão paulista (91, 92), campeão da Libertadores (92, 93), vice-campeão da Libertadores (94), campeão mundial (92, 93), campeão da Recopa Sul-Americana, campeão da Supercopa dos Campeões. Praticamente ganhou tudo o que disputou.
Em sua esteira, nasceram os técnicos que advogavam para si as vitórias do clube. Nasceram as "eras". A "era Luxemburgo" no Palmeiras e depois no Santos. A "era Muricy" no São Paulo. A "era Felipão". A "era Nelsinho" e outras tantas.
Pois agora tudo se renova, se reconstroi. As equipes têm imensas dificuldades em contratar treinadores. Falta inovação no mercado.
Os "velhos" nomes encontram dificuldades. Luxemburgo e seu bom elenco no Atlético-MG encontra dificuldades para fugir da zona do rebaixamento _e a cada rodada vai ficando pior. Felipão estreou no Palmeiras em 1997 acumulando seis partidas invicto _perdeu apenas uma nos dez primeiros jogos comandando a equipe na ocasião. Agora, não consegue ganhar. Muricy e Adilson, os treinadores na ponta do Brasileirão, fazem bons trabalhos, mas ainda têm sobre si as desconfianças geradas por maus resultados recentes em outros clubes.
E o São Paulo pena para conseguir achar um treinador, qualquer um.
A falta de nomes indica a pobreza do mercado.
(MARCELO DIEGO)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Rogério

Ele sabe que está prestes a se aposentar. Disse que talvez tenha mais dois anos competitivos.
Sabe que dificilmente terá outra chance como esta. Para medir o tamanho do desafio, por exemplo, é bem provável que seu time não consiga figurar entre os finalistas do Campeonato Brasileiro deste ano, classificando-se para a Libertadores do ano que vem.
Ele tem noção de que o time é fraco e está sem comando, tanto na parte técnica quanto diretiva.
Mas ele não foge.
Conclama os torcedores, evoca espírito guerreiro, chama a responsabilidade.
Diante do abismo técnico entre as duas equipes, pouco ou nada deve adiantar.
Mas qualquer que seja o resultado de hoje a noite, mesmo que signifique a última partida dele em um torneio de Libertadores, Rogério Ceni conseguirá sair maior do que entrou.

Qual a torcida mais feliz da década?

Quem mais celebrou títulos nos últimos dez anos em São Paulo?
Toda torcida no Estado terá uma boa dose de recordação (contando só os grandes torneios).

Corinthians
Campeão brasileiro 90, 98, 99, 2005
Campeão Copa do Brasil 95, 2002, 2009
Campeão paulista 95, 97, 99, 2001, 2003, 2009
Campeão Rio-SP 2002

14 títulos / 1,4 por ano

Palmeiras
Campeão brasileiro 93, 94
Campeão Copa do Brasil 98
Campeão Libertadores 99
Campeão Paulista 93, 94, 96, 2008
Campeão Rio-SP 93

9 títulos / 0,9 por ano

Santos
Campeão brasileiro 2002, 2004
Campeão Copa do Brasil 2009
Campeão Paulista 2006, 2007

5 títulos / 0,5 por ano

São Paulo
Campeão brasileiro 2006, 2007, 2008
Campeão Libertadores 92, 93, 2005
Campeão Mundial 92, 93, 2005
Campeão Rio-SP 2001
Campeão Paulista 91, 92, 98, 2000, 2005

15 títulos / 1,5 por ano

Título sim; maturidade não

O Santos é o novo campeão.
Merecido. Ganhou de quem apareceu pela frente.
Como no Campeonato Paulista, termina o torneio, porém, tendo que justificar uma derrota. Bobagem. Usar o regulamento serve exatamente para isso. A regra está ali, serve a todos, a derrotados e a vencedores.
Apregoam os repórteres que o time já sofre processo de desmanche. Uéslei, André e Robinho vão embora. O Santos faz o que tem que fazer. Ganhou dois títulos. Precisa reforçar seu caixa. Ninguém vence indefinidamente. Manter estes jogadores não significaria montar um esquadrão capaz de ganhar todos os títulos do mundo. O custo poderia ser alto para um resultado incerto.
Porque a verdade é que o Santos é campeão, mas de um campeonato que se transformou em coadjuvante. Em tese, os melhores do país estão na disputa da Libertadores no primeiro semestre. Em tese porque a classificação se dá em dezembro, sendo resultado do trabalho de um ano (o time pode ser ótimo no primeiro semestre, acumular muitos pontos, declinar no segundo, não ser campeão brasileiro e ainda assim se classificar para a Libertadores). E de dezembro a março, quando a Libertadores começa, há um hiato que pode despertar gigantes e adormecer a outros.
Mas é fato que times de tradição estão fora da Copa do Brasil. É uma espécie de fast track nacional. Mas o Santos não tem nada a ver com isso. O torneio deste ano tinha Palmeiras, Grêmio, Fluminense, Atlético-MG e Vitória. O Santos se qualificou em meio a todos eles.
A equipe do Santos, porém, mostra que os jogadores individualmente são ótimos, mas não formam um conjunto. Depois do vexame da visita a um orfanato mantido por entidade espírita, as imagens grotescas de uma transmissão de webcam mostraram que os títulos vieram, a maturidade não necessariamente.
É bom renovar, fará bem ao Santos. Talvez este caminho seja mais efetivo para que este bom time se transforme em ótimo.
Hoje, o Santos está ao lado do Internacional em um posto acima dos demais clubes brasileiros. Merece a faixa de campeão.