sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Amarelo

O clima na redação, naquela tarde fria de julho de 1998, era de indisfarçável otimismo. Sabíamos que provavelmente ainda teríamos que trabalhar muito, mas já estavámos nesta vida desde o início do ano e, portanto, mais 15 dias não fariam diferença.
Nossa última capa, após o jogo contra a Holanda, havia sido SHOW. Um exagero. Aquela seleção tinha jogadores bons (Dunga, Cesar Sampaio, Leonardo) outros bem mais ou menos (Junior Baiano, por exemplo, era uma temeridade) e alguns poucos craques. Ronaldo e Rivaldo definitivamente o eram. Roberto Carlos ensaiava ser.
Quando Galvão Bueno disse que ao vivo que a seleção iria de Edmundo no lugar de Ronaldo, ligamos para nossos enviados na França. "Mais uma do Galvão, não tem nada disso", replicou do outro lado da linha um experiente jornalista. Certo estava o narrador. Estávamos todos no escuro.
Bola rolando e o Brasil levou um passeio da França. Era inacreditável. Não sabíamos, àquela hora, que Ronaldo havia tido uma concussão ou qualquer coisa semelhante. Só víamos a sua apatia em campo e o Brasil jogando mal, muito mal, nervoso.
Um lance capital foi o escanteio infantil cedido por Roberto Carlos. Na sequência do lance, gol de Zidane, de cabeça.
O mesmo Roberto Carlos que havia cedido um gol para a Dinamarca.
Ao final do jogo, havia três grandes personagens para ser entrevistado: Zagallo, Ronaldo e Roberto Carlos. Como o atacante ficou estático, parado no meio de campo, com a chuteira envolta no pescoço para exibir o patrocinador, todos os repórteres cercaram o lateral.
Que antes de ser questionado, já deu o recado: "Para mim, o problema é que teve gente que amarelou". Como assim? "Pergunta para os outros. Teve jogador que tremeu".
Falava do Ronaldo, claro.
Se amarelou, não sei. Dizem que passou mal.
Mas Roberto Carlos pensou em si, só em si.
Em 2006, fez uma Copa medíocre. Arrumou o meião na hora do gol da França e depois veio dizer que ele não tinha que marcar ninguém. Então chispa da área, meu caro.
Também tentou transferir a responsabilidade.
Quando não jogou contra o Tolima, ventilou que havia sido uma decisão do Tite, não dele. Oras, então deixe isso claro, público. Não o fez.
Agora diz que está sendo ameaçado e vai sair do Corinthians.
A história se repete.
Como farsa.

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