quinta-feira, 29 de julho de 2010

Os números

Ricardo Gomes, em um ano de clube, acumulou sua décima nona derrota em 70 jogos (27%). Ou seja, grosso modo, de cada 10 jogos que o SP faz, ele perde três sob o comando de Ricardo Gomes.

A chamada era Muricy produziu os seguintes números: 252 jogos, com 139 vitórias, 67 empates e 46 derrotas (18,25%). Ou seja, a cada dez partidas que o SP fazia com o antigo treinador, duas eram derrotas.

Houve um acréscimo de quase dez pontos percentuais no total de derrotas de um comandado para o outro. Com um detalhe: o material que Ricardo tem em mãos hoje é bem melhor do que o de um ano atrás, pelo menos em teoria.

Em qualquer empresa séria, Ricardo Gomes já estaria conversando com um headhunter.

O tamanho do desafio

Todas as seis vezes em que chegou à final da Libertadores, o São Paulo ganhou o primeiro jogo da semifinal. Isso não acontece agora.
O time precisará vencer a partida, coisa que não faz desde maio.
A equipe precisará marcar dois gols para evitar a decisão nos pênaltis. Não é a marca deste São Paulo.
O Inter não terá que marcar gols. Ele vem anotando em todos os jogos sob o comando de Celso Roth.
Não é apenas difícil. É missão impossível.

Falar é fácil

"Nosso primeiro tempo foi muito fraco."
"Ficamos reféns do contra-ataque."
"Time brigou, mas não jogou bem."
"Vamos ter que mudar para vencer no Morumbi."
Não é preciso ser um gênio para concordar com as frases acima. Basta ter assistido ao jogo semifinal de Libertadores, entre Internacional e São Paulo.
O que assusta é que elas foram proferidas pelo futuro ex-treinador da equipe paulista, Ricardo Gomes.
Cabem algumas perguntas ao comandante:
1. Por que o primeiro tempo foi fraco e se era essa sua observação por que só houve mexida no time depois de um gol sofrido?
2. De quem é a culpa por ficar refém do contra-ataque? Quem escalou um time com um volante na defesa, dois zagueiros, dois volantes e mais um volante improvisado na lateral? Quem não enxergou que Marlos, Dagoberto e Fernandão estavam inoperantes?
3. Time brigou, como disse que ia brigar. Mas não jogou bem. Por que não está jogando bem desde a volta da Copa?
4. Por que não mudou para empatar o jogo de ontem? Há algo que possa ser feito?

Por que perdeu, perdeu por quê?

Toda análise de futebol tende a ser bairrista ou clubística. Afinal, nos jogos de ontem a noite a discussão se encerra com uma máxima: os melhores venceram.
Tanto Santos quanto Internacional têm jogadores mais habilidosos que seus adversários, jogaram com planos táticos mais bem definidos, exploraram melhor as deficiências alheias e construíram os placares favoráveis.
A ambos foi concedido o mesmo estigma: venceram de pouco. Poderiam ter feito mais.
Bobagem.
A diferença entre eles e seus rivais é um abismo. Os adversários não irão construir uma nova equipe em sete dias. Os dois não vão esquecer do futebol no mesmo período de tempo.
Santos será campeão da Copa do Brasil.
O Inter estará na final da Libertadores.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Ricardo Gomes

Dizem que ele está quase demitido. E que só não sairá se não conseguirem arrumar um técnico.

Ele está caindo por causa dos resultados ou por causa do futebol ruim?

Se for por causa dos resultados, qualquer treinador pode assumir, uma vez que 1 ponto em 9 possíveis, qualquer um consegue.

Se for por causa do futebol ruim, ele deveria ter sido expurgado no começo deste ano.

Se ficar, será a demonstração cabal de uma covardia ampla, geral e irrestrita.

Ele deveria pedir para sair.

Mas não fará.

Nomes? Existem para todos os gostos.

Chega, porém, de invenções.

É hora de voltar a pensar grande.

Fim da linha

Juvenal Juvêncio foi presidente do São Paulo pela primeira vez entre 1988 e 1990. Sua eleição deu-se por apenas um voto de diferença _supostamente a de um funcionário remunerado, o que colocaria em lisura o processo.
Juvenal voltou ao comando em 2006, catapultado pelos bons resultados colhidos pela gestão de Marcelo Portugal Gouvea. Também conseguiu sucesso: conquistou os Brasileiros de 2006 e 2007. Graças a isso, foi reconduzido ao cargo. Não sem antes, promover uma alteração no estatuto, aumentando o mandato presidencial de dois para três anos. O rompimento da longa tradição democratica cobra seu preço.
O mandato alongado revela-se um fiasco.
O São Paulo se apequenou. Alguns fatos:
1. Juvenal demorou para demitir Muricy. Quando o fez, se atrapalhou.
2. Juvenal brigou com a CBF por causa do Clube dos 13. O São Paulo não viu sua cota de publicidade aumentar.
3. Juvenal não conseguiu fechar UM contrato de patrocínio efetivo para o clube neste ano.
4. O CT de Cotia, menina dos olhos de Juvenal, não revela UM jogador por temporada.
5. Apesar de dizer que ganharia na Justiça, o clube de Juvenal não conseguiu segurar os talentosos garotos que compunham a categoria de base. O meia Oscar, tratado como o "novo Kaká", foi DE GRAÇA para o Internacional. Pode meter gol no São Paulo na semifinal da Libertadores.
6. Juvenal não conseguiu barrar a inscrição antecipada de jogadores. Ou seja, o lobby do Inter foi mais forte que o do São Paulo.
7. Juvenal inventou Ricardo Gomes e não percebe que o São Paulo não joga nada faz um ano.
8. Juvenal faz contratações erradas. Depois, desfaz-se dos jogadores. As posições carentes, porém, continuam carentes.
9. Juvenal não conseguiu viabilizar o Morumbi como sede da Copa do Mundo.

Ao torcedor do São Paulo, agora, resta esperar por abril de 2011 para ter alguma esperança de mudança.

domingo, 18 de julho de 2010

Como assim?

1. Parreira será coordenador da seleção, diz o iG. Mas não era ele o símbolo de uma seleção em que tudo deu errado, que era necessário ser implodida?

2. Scolari voltou ao Palmeiras. Mas ele não tinha um "projeto" no Uzbequistão e por ele tinha sido seduzido?

3. O Palmeiras vai contratar Valdivia, estuda trazer Ronaldinho Gaúcho, paga R$ 700 mil mês ao treinador e ainda acha espaço para reformar o Palestra. Mas não era esse clube que adiantava receitas para fechar o mês até outro dia?

4. Neymar se rebela e não quer sentar no banco de reservas. Mas não era ele quem tinha maturidade para ir à seleção?

5. Paulo Ganso se recupera de uma artrocospia. Ué, como ele teria condições para jogar uma Copa, como pressionou (ele, a mídia e seus patrocinadores)?

6. Werder Bremen quer Richarlyson, Lazio quer Hernanes, Miranda fala em sair, Dagoberto também. Ué, por que não fechar logo esses negócios e evitar que esses atletas continuem passeando em campo enquanto seus pensamentos estão na Europa?

7. O São Paulo não dizia que era vítima do agente do jogador Oscar? Então como ele conseguiu na Justiça se desvincular do clube e ir para o Internacional?

8. Kaka então se disse vítima de perseguição religiosa. Por que então agora o doutor Runco veio falar que ele não tinha condições de disputar uma Copa? Por que ele foi a um instituto da USP fazer testes?

9. Como Robinho estava sem ritmo de jogo, se ele ficou semanas treinando duro com o restante da seleção?

10. Por que Scolari não se sentou no banco de reservas do Palmeiras se já tinha sido contratado?

Morumbi 2014

E a Folha (que foi muito mal neste caso) hoje revela que o São Paulo resolveu seguir adiante com a reforma do Morumbi. Ótimo. Quanto custa e quem paga?
Torcedor do São Paulo. Prepare-se para quatro anos de vacas magras. Com sorte, sem nenhum descenso pelo caminho.

(Quase) fundo do poço

Véspera da Copa. O São Paulo ganha do Grêmio por 3 a 1 na bacia das almas. Todos os jogadores comemoram o mês que teriam, para descansar, se fortalecer, treinar alternativas ao time previsível e burocrático visto no primeiro semestre.
Fim da Copa. O tempo de parada, dizem os jogadores, só fez mal. Atletas com problemas de readaptação. Esquema tático em frangalhos. Inversões pouco inteligentes. A previsibilidade só aumentou. Nenhuma jogada ensaiada. Dois jogos, duas derrotas. Para dois times medianos.
As promessas se sucedem. Do mesmo jeito que vieram em junho. Estarão firmes, estarão fortes. O torcedor não compra, não acredita. Não faz sentido.
E a diretoria do São Paulo peca por omissão.
Porque a terceira parte desta infeliz história já está escrita. E ela é assim: o São Paulo perde a semifinal da Libertadores para o Internacional, percebe-se distante dos líderes do Brasileirão e promete uma "profunda reformulação no elenco" para equalizar as contas e já pensando em 2011. Pois para os lados do Morumbi 2010 vislumbra-se de novo como um ano perdido.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Covardia

Pois Ricardo Teixeira veio a público.
Para dizer que as grandes seleções da Copa têm times novos. E o do Brasil era velho.
Que percebeu que alguma coisa ia mal. Mas era tarde demais para mudar.
Que não importa o resultado, mas a renovação.
Ué...
Não foi ele que disse tudo isso quatro anos atrás?
Ele demitiu Dunga.
Mas quem demite... Ricardo Teixeira?

O país do fussbal

Tenho 35 anos. Para a minha geração, esta Copa pode selar a Alemanha como o verdadeiro país do futebol. Pertenço à infeliz categoria dos que não viram Pelé jogar. Quando nasci, o Rei não atuava mais com a amarelinha, que ele, mais do que ninguém, ajudou a glorificar.
Não posso falar da Copa de 78, mas me lembro da de 82, por ter boa memória e por ser apaixonado desde criança pelas coisas do futebol.
Pois de lá para cá vi a Alemanha nas finais daquele ano, de 86, de 90, de 2002 e talvez agora. Isso sem contar a semifinal de 2006, vendida cara para a Itália.
Ou seja, das "minhas" Copas, a Alemanha só não chegou forte mesmo em 1994 (quartas) e 1998 (novamente quartas).
Já o Brasil ficou pelo caminho em 1982, 1986, 1990, 2006 e 2010.
A comparação é inevitável.
Força, pragmatismo, paixão, renovação, concentração.
Chutes potentes, defesas sólidas.
A Alemanha é uma aula de futebol.

Enredo velho

1. Em 1990, Sebastião Lazaroni, após ganhar a Copa América, foi execrado pela opinião pública por "ter abandonado o futebol arte". Seu pecado foi proteger a defesa brasileira. Abdicou de um homem de criatividade no meio-de-campo para colocar um zagueiro a mais. Isso não foi suficiente para impedir a derrota brasileira frente à Argentina nas oitavas-de-final, por 1 a 0. Ironia é que o Brasil fez uma boa partida, mas foi punido em uma jogada fortuita. Outro símbolo daquele time era o volante Dunga, de temperamento irascível. O presidente da CBF era Ricardo Teixeira.

2. Após a Copa, todos pediram o resgate da tradição brasileira e a convocação apenas de jogadores que atuassem em solo pátrio. Feito isso, a seleção passou a acumular um insucesso após o outro. Depois do fracasso na Copa América de 91, o treinador novato Falcão (alçado ao posto apenas por sua semelhança de visão com o então campeão do mundo Franz Beckenbauer) foi decepado. Para seu lugar, foi chamado Parreira.

3. Com base na seleção de 90, o Brasil fez uma campanha sofrível nas eliminatórias, classificando-se apenas na última rodada e graças à genialidade de Romário, chamado na bacia das almas. Uma dose de sorte e de inspiração do então maior craque brasileiro deram ao Brasil seu primeiro título em 24 anos de Copas.

4. Parreira saiu, ficou Zagallo e a seleção montou uma nova e talentosa geração de futebolistas que, se não ganhou em 98, chegou à final. Em 2002, esta equipe se fortaleceu e foi campeã. A aposta em jogadores novos e não tão experientes em 98 rendeu frutos quatro anos depois.

A história a partir daí é velha conhecida. E sempre se repete. Por vezes é o discurso de que os jogadores, por atuarem no exterior, não servem à seleção. Por outras, é o de que não temos mais grandes jogadores. Depois é a que falta renovação. Depois são os treinadores inventados. O Brasil é sempre cheio de idas e vindas, mas percebe-se que repete os mesmos erros, mas também, por vezes, insiste em acertos.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A explicar

Pois Ricardo Teixeira poderia agora vir a público explicar sua opção por Dunga e seu distanciamento das coisas da seleção.
Poderia dividir com a população seus critérios e o que pensa para o futuro da seleção.
Poderia esclarecer as razões de Andres Sanches ser o chefe da delegação brasileira e esclarecer o que o presidente corinthiano efetivamente fez por lá.
Porque aqui, do lado de cá do oceano, passou uma impressão danada que eles estavam mais preocupados em implodir o Morumbi (e colocar um novo e bilionário estádio lá, com empresas conectadas à Fifa) do que no desempenho do Brasil na Copa.

Fim de uma era

Por óbvio que pareça, em dias como o de hoje não custa lembrar que é mais fácil perder do que ganhar uma Copa do Mundo.
Depois de Pelé _e não obstante a tonelada de jogadores talentosos que pisaram em nossos gramados_, a seleção brasileira ganhou apenas as edições de 1994 e de 2002. Perdeu as de 1974, 1978, 1982, 1986, 1990, 1998, 2006 e agora 2010.
Cada derrota tem sua história, contada geração a geração.
Não é verdade que aprendemos e evoluímos com elas. A de 1982 não fez menos dolorosa a Copa de 1986 que tampouco foi responsável pelo papelão de 1990. Assim como a vitória de 1994 não foi construída após os erros de quatro anos antes.
A seleção brasileira de Dunga foi construída em cima de uma premissa falsa. A de que era vencedora. Essa falsa verdade foi inclusive propagada hoje na coletiva de imprensa que se seguiu à eliminação da equipe, num ambiente em que os repórteres pareciam estar com medo de fazer perguntas ao treinador (muito bem pago) do selecionado nacional.
O que Dunga conseguiu? Ter sido primeiro colocado nas eliminatórias. Ótimo. Scolari foi quarto, quase na repescagem e depois campeão mundial. A Argentina só se classificou na bacia das almas e hoje faz um grande Mundial.
O Brasil foi primeiro não obstante o fato de ter empatado com Bolívia em casa por 0 a 0, ter suado muito para ganhar do Uruguai em casa e outros resultados medíocres.
Dunga celebrava as conquistas da Copa América e da Copa da Confederação. A memória do torcedor é curta. A primeira foi conquistada com muito, imenso sofrimento e futebol sofrível _apenas um jogo bom, na final, contra a sensação Argentina (na época um time em construção). A Copa das Confederações exibiu aquele sufoco todo para ganhar do Egito (4x3), África do Sul (1x0) e EUA (3x2).
Essas conquistas mereciam esta valorização toda que tiveram?
Não.
Dunga fez da seleção seu exército. Preferiu a mediocridade e o confronto. Poderia ter montado uma seleção melhor, poderia ter usado a mão-de-obra que tinha a disposição. Se fosse um bom técnico, usaria isso a seu favor. Ronaldinho e Adriano, Ganso e Neymar, Hernanes e Marcelo. Os jogadores estão aí, estavam a disposição.
Não foram levados, em nome do protecionismo.
Se a seleção tinha que ser um grupo fechado, não podia ser um grupo fechado de bons jogadores?
Perder é parte do jogo.
Mas há derrotas que doem. Outras nem tanto.
A de 2006, no fim, execretada por todos, acabou por doer mais do que essa.
Porque em 2006 havia a fé depositada em jogadores bons.
Já a de 2010 era uma esperança baseada em falsas premissas.
Dunga nunca foi um jogador ruim. E conseguiu uma proeza: a volta por cima que deu como atleta conseguiu ser destruída pelo seu trato como treinador.