quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Partidarização da imprensa

Não se iludam. Isso acontece em todos os segmentos do jornalismo. Há discussões eternas sobre isso e talvez seja mesmo impossível imaginar sistemas perfeitos, precisos e teóricos em que isso não exista. Fato é que jornalistas deveriam levar os fatos, sem filtros, para seus públicos. Mas não o fazem, deixando-se influenciar pela sua visão de mundo, sua cultura, seus gostos e suas predileções.

Esqueça rótulos batidos como "de esquerda" ou de "direita". Isso não existe mais. Existem sim predileções. A contundência e a militância na cobrança de explicações de casos de corrupção do passado hoje cedem espaço a interpretações titubeantes e difusas. "Fizemos o que todo mundo fez", o "Supremo extrapolou suas funções" e assim por diante.

Em um governo, a questão é de má fé e incompetência. Para outro, que nada fez, a questão é a falta de chuvas.

Talvez, porém, em nenhum outro lugar e nenhuma outra situação isso fica tão latente quanto no jornalismo dito esportivo _dito porque jornalismo é jornalismo e deveria seguir as mesmas regras, padrões e cuidados com quaisquer assuntos.

Por um lado é necessário cuidado para evitar prejulgamentos. Não é, por exemplo, pelo fato de um jornalista ser flamenguista que uma reportagem contundente contra o Vasco deva ser, a priori, desqualificada. O que valem são os fatos, a consistência da apuração.

Por outro lado, de uma maneira sutil, há cada vez mais campanhas odiosas e posicionamentos incompatíveis com a isenção jornalistica pululando nas redes sociais.

Jornalistas que vestem a bandeira de seus times, manipulam informações, adotam o escárnio por bandeira e a desinformação por padrão.

O site da Época Negócios publicou que o contrato entre a Penalty e o São Paulo FC não é o que foi divulgado. Enquanto o clube do Morumbi diz que ganha R$ 36 milhões ao ano, o jornalista da Época Negócios afirma que "houve uma manobra contábil": seriam cerca de R$ 12 milhões a R$ 13 milhões de dinheiro efetivo. O restante seria material de jogo, contabilizado desta forma. Portanto, o contrato não seria tudo aquilo.

O clube desmente. Ponto negativo para o clube: desmente, mas não abre os números. Portanto é uma questão de acreditar em um lado ou outro.

Ponto negativo para o jornalista: também não diz quais são suas fontes. Viu o contrato? Publique uma cópia dele. Não deve ter visto. Sua reportagem não cita direitos de imagem, o patrocínio ao futebol de salão.

Que torcedor aproveite a confusão para criar marola, é compreensivel. Estúpido, mas compreensivel. Que jornalistas usem a informação para cobrar transparência do São Paulo é no mínimo um corporativismo chato. Para mim, é má fé mesmo.

1. Por que não se cobra o mesmo rigor ou a mesma apuração dos demais contratos?

2. Por que se adotou esta prática de olhar sempre para um clube em comparação com outro?

3. Por que a imprensa não fala nada sobre o fato de um clube altamente endividado, inclusive com o INSS, ser alvo de benefícios fiscais para a construção de um estádio?


4. Por que o BNDES não liberou, depois de um ano, o financiamento para este estádio?

5. Quem, quando e como vai pagar por este estádio? Quanto será efetivamente pago?

São só algumas perguntas que não mobilizam jornalistas, cada vez mais engajados em torcida e menos em informar.











terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Os caminhos do São Paulo em 2013

O São Paulo encara 2013 como um jogo de pôquer. E já vai para um all-in na primeira mão. Não deveria. Se nenhuma história é exatamente igual à outra e se os caminhos do sucesso são diferentes para cada um, é verdade também que o sucesso do seu maior rival começou a ser construído em cima de vexames e insucessos. O rebaixamento corinthiano de 2007 cedeu espaço a um ano de reconstrução e tranquilidade. Adversários mais frágeis e vitórias fáceis retomaram a comunhão perdida entre torcedores e jogadores. Fortaleceram a base para a construção de um time campeão de torneios secundários em 2008. A eliminação precoce ante ao Tolima _comemorada pelos rivais, mas não estudada a fundo (o time estava mal preparado, era começo de temporada)_ permitiu a dedicação maior ao Campeonato Brasileiro, uma arrancada com nove vitórias em dez jogos, que criou a gordura necessária para o título do ano seguinte, 2011. A Libertadores foi o próximo passo. Aqui há uma série de ponderações e senões, claro. Se o Diego Souza não tivesse perdido aquela bola, se Romarinho não tivesse achado um gol em La Bombonera, se aquela bola do Chelsea não tivesse sido chutada em cima do Cassio. Nada vem ao caso. Isso faz parte. O São Paulo deposita suas fichas na classificação para a Libertadores. Se ela acontecer, será o rumo natural das coisas. Se não acontecer, nem bem o ano começa e a crise já estará instalada no Morumbi e, provavelmente, sem saída por pelo menos 12 meses.