sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

It´s the economy, stupid

Onde estão alguns dos melhores campeonatos de futebol do mundo? Onde estão alguns dos maiores craques do planeta bola? Na Espanha. Em Portugal. Na Inglaterra. Pois estes países todos foram eliminados na disputa, ontem, pela primazia de sedir uma Copa do Mundo.
Sob o falso argumento de que busca mercados emergentes, os delegados da Fifa (envoltos em um mar de suspeitas de corrupção) escolheram a Rússia e o Qatar. A Rússia tem quase nenhuma tradição no esporte _até porque sua prática é severamente restringida vários meses ao ano, por condições climáticas. O Qatar consegue ter menos ainda _também por problemas climáticos, só que inverso: muito calor.
São mercados que não empolgam. Provavelmente nunca o farão. Com raras exceções, os petrodólares destes mercados só conseguem atrair jogadores estrangeiros de pouca expressão. Não será a Copa a impulsionar um novo fanatismo. Assim como o Mundial não foi capaz de colocar os EUA na vitrine do mundo da bola depois de 94. Não o fará com a África do Sul.
Só os países "tradicionais" podem receber a Copa? Não, certamente que não. O Mundial é uma festa, que merece ser itinerante.
Mas isso não significa que esses devam ser automaticamente excluídos das disputas.
E talvez seja sintomática a forma de escolha da Fifa. Lugares com estruturas prontas (transporte, hospedagem, estádios) são sistematicamente descartados.
Para a Fifa e seus parceiros, parece interessar muito este modelo de negócio em que tudo precisa ser erguido do zero. E tome bilhões de dólares para lá e para cá.
Isso talvez ajude a entender o modo de operação no Brasil. Onde não se vê esforço nenhum para discutir os gargalos sérios, mas toda uma mobilização para excluir o Morumbi e construir, do nada, um estádio na zona Leste da cidade.
O que vale, afinal, é girar o capital.

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