terça-feira, 10 de agosto de 2010

O fim da era dos supertécnicos

O treinador nunca vai deixar de ser protagonista. Pelas suas mãos são burilados talentos, criadas alternativas, definido o padrão tático do time. O seu comportamento se reflete no campo. Dizem os mais sábios, como Tostão, que técnico não ganha jogo, mas ajuda a perder.
Há naturalmente uma transição na geração de treinadores. Lá atrás, sempre que um time tinha problemas, as soluções pensadas eram Rubens Minelli, Carlos Alberto Silva, Jair Picerni, Cilinho.
Nos anos 90, os treinadores foram catapultados à condição de primeira estrela do futebol. Muito disse se deve a quem mais rejeitava o rótulo: mestre Telê Santana.
Até o início de 1990, Telê tinha a injusta fama de pé frio. Com um campeonato brasileiro no curriculum, havia feito trabalhos excepcionais em vários clubes e na seleção brasileira, mas não levantava a taça.
Sua ida ao São Paulo quebrou o paradigma. Nos cinco anos no Morumbi, foi vice-campeão brasileiro (90), campeão brasileiro (91), campeão paulista (91, 92), campeão da Libertadores (92, 93), vice-campeão da Libertadores (94), campeão mundial (92, 93), campeão da Recopa Sul-Americana, campeão da Supercopa dos Campeões. Praticamente ganhou tudo o que disputou.
Em sua esteira, nasceram os técnicos que advogavam para si as vitórias do clube. Nasceram as "eras". A "era Luxemburgo" no Palmeiras e depois no Santos. A "era Muricy" no São Paulo. A "era Felipão". A "era Nelsinho" e outras tantas.
Pois agora tudo se renova, se reconstroi. As equipes têm imensas dificuldades em contratar treinadores. Falta inovação no mercado.
Os "velhos" nomes encontram dificuldades. Luxemburgo e seu bom elenco no Atlético-MG encontra dificuldades para fugir da zona do rebaixamento _e a cada rodada vai ficando pior. Felipão estreou no Palmeiras em 1997 acumulando seis partidas invicto _perdeu apenas uma nos dez primeiros jogos comandando a equipe na ocasião. Agora, não consegue ganhar. Muricy e Adilson, os treinadores na ponta do Brasileirão, fazem bons trabalhos, mas ainda têm sobre si as desconfianças geradas por maus resultados recentes em outros clubes.
E o São Paulo pena para conseguir achar um treinador, qualquer um.
A falta de nomes indica a pobreza do mercado.
(MARCELO DIEGO)

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