segunda-feira, 5 de julho de 2010

Enredo velho

1. Em 1990, Sebastião Lazaroni, após ganhar a Copa América, foi execrado pela opinião pública por "ter abandonado o futebol arte". Seu pecado foi proteger a defesa brasileira. Abdicou de um homem de criatividade no meio-de-campo para colocar um zagueiro a mais. Isso não foi suficiente para impedir a derrota brasileira frente à Argentina nas oitavas-de-final, por 1 a 0. Ironia é que o Brasil fez uma boa partida, mas foi punido em uma jogada fortuita. Outro símbolo daquele time era o volante Dunga, de temperamento irascível. O presidente da CBF era Ricardo Teixeira.

2. Após a Copa, todos pediram o resgate da tradição brasileira e a convocação apenas de jogadores que atuassem em solo pátrio. Feito isso, a seleção passou a acumular um insucesso após o outro. Depois do fracasso na Copa América de 91, o treinador novato Falcão (alçado ao posto apenas por sua semelhança de visão com o então campeão do mundo Franz Beckenbauer) foi decepado. Para seu lugar, foi chamado Parreira.

3. Com base na seleção de 90, o Brasil fez uma campanha sofrível nas eliminatórias, classificando-se apenas na última rodada e graças à genialidade de Romário, chamado na bacia das almas. Uma dose de sorte e de inspiração do então maior craque brasileiro deram ao Brasil seu primeiro título em 24 anos de Copas.

4. Parreira saiu, ficou Zagallo e a seleção montou uma nova e talentosa geração de futebolistas que, se não ganhou em 98, chegou à final. Em 2002, esta equipe se fortaleceu e foi campeã. A aposta em jogadores novos e não tão experientes em 98 rendeu frutos quatro anos depois.

A história a partir daí é velha conhecida. E sempre se repete. Por vezes é o discurso de que os jogadores, por atuarem no exterior, não servem à seleção. Por outras, é o de que não temos mais grandes jogadores. Depois é a que falta renovação. Depois são os treinadores inventados. O Brasil é sempre cheio de idas e vindas, mas percebe-se que repete os mesmos erros, mas também, por vezes, insiste em acertos.

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