sexta-feira, 2 de julho de 2010

Fim de uma era

Por óbvio que pareça, em dias como o de hoje não custa lembrar que é mais fácil perder do que ganhar uma Copa do Mundo.
Depois de Pelé _e não obstante a tonelada de jogadores talentosos que pisaram em nossos gramados_, a seleção brasileira ganhou apenas as edições de 1994 e de 2002. Perdeu as de 1974, 1978, 1982, 1986, 1990, 1998, 2006 e agora 2010.
Cada derrota tem sua história, contada geração a geração.
Não é verdade que aprendemos e evoluímos com elas. A de 1982 não fez menos dolorosa a Copa de 1986 que tampouco foi responsável pelo papelão de 1990. Assim como a vitória de 1994 não foi construída após os erros de quatro anos antes.
A seleção brasileira de Dunga foi construída em cima de uma premissa falsa. A de que era vencedora. Essa falsa verdade foi inclusive propagada hoje na coletiva de imprensa que se seguiu à eliminação da equipe, num ambiente em que os repórteres pareciam estar com medo de fazer perguntas ao treinador (muito bem pago) do selecionado nacional.
O que Dunga conseguiu? Ter sido primeiro colocado nas eliminatórias. Ótimo. Scolari foi quarto, quase na repescagem e depois campeão mundial. A Argentina só se classificou na bacia das almas e hoje faz um grande Mundial.
O Brasil foi primeiro não obstante o fato de ter empatado com Bolívia em casa por 0 a 0, ter suado muito para ganhar do Uruguai em casa e outros resultados medíocres.
Dunga celebrava as conquistas da Copa América e da Copa da Confederação. A memória do torcedor é curta. A primeira foi conquistada com muito, imenso sofrimento e futebol sofrível _apenas um jogo bom, na final, contra a sensação Argentina (na época um time em construção). A Copa das Confederações exibiu aquele sufoco todo para ganhar do Egito (4x3), África do Sul (1x0) e EUA (3x2).
Essas conquistas mereciam esta valorização toda que tiveram?
Não.
Dunga fez da seleção seu exército. Preferiu a mediocridade e o confronto. Poderia ter montado uma seleção melhor, poderia ter usado a mão-de-obra que tinha a disposição. Se fosse um bom técnico, usaria isso a seu favor. Ronaldinho e Adriano, Ganso e Neymar, Hernanes e Marcelo. Os jogadores estão aí, estavam a disposição.
Não foram levados, em nome do protecionismo.
Se a seleção tinha que ser um grupo fechado, não podia ser um grupo fechado de bons jogadores?
Perder é parte do jogo.
Mas há derrotas que doem. Outras nem tanto.
A de 2006, no fim, execretada por todos, acabou por doer mais do que essa.
Porque em 2006 havia a fé depositada em jogadores bons.
Já a de 2010 era uma esperança baseada em falsas premissas.
Dunga nunca foi um jogador ruim. E conseguiu uma proeza: a volta por cima que deu como atleta conseguiu ser destruída pelo seu trato como treinador.

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