sexta-feira, 11 de maio de 2012

O exemplo do Santos

Torcedor sempre foi um cego apaixonado e ponto final. Isso é o que o move. Acredita que aquela camisa, aquele simbolo que já foi grande um dia, poderá mover montanhas e que o sucesso está de novo à espreita, a cada esquina. Acha que todo campeonato é um recomeço, uma nova oportunidade. Que sua torcida, suas cores, sua história é a mais distinta. Se o futebol não permitisse este tipo de interpretação, não teria a menor graça. Só esse esporte permite que haja discussões como "é melhor jogar bonito ou ganhar", "o título foi justo ou não". Vai ver se tem alguém preocupado em saber se o campeão da NBA joga bonito ou se foi merecido. Se o título dos Giants na NFL foi digno ou injusto. O problema é quando as coisas saem do controle. Daí, desculpa, vira patético. Com as redes sociais, isso só pulula. É mais ou menos assim: o time está na frente, é lider, está bem na fita, sujeito corre a propagar: "somos líderes, não vemos mais ninguém". Está tripudiando do adversário, certo? Legal, faz parte. Daí o time perde. O que colocam? "Ganhar ou perder não importa, isso é um sentimento, somos uma nação, vocês nunca vão entender isso...". Como assim? Os rivais nunca vão entender o que é perder? Sinto dizer, mas todo mundo entende, infelizmente. No fundo, futebol se trata mais de perder do que ganhar. Cada campeonato tem apenas um vencedor e dezenas de perdedores. "Só o time Y tem uma torcida como esta". Mentira. Todo grande time tem uma torcida maravilhosa. Quem nunca se arrepiou com o Maracanã entoando uma canção de amor ao rubro-negro. Quem não curtiu o maravilhoso painel humano do Fluminense na final da Libertadores. Quem não se lembra como, em minoria, com um time mequetrefe, a torcida do Palmeiras calou a do rival na semifinal da Libertadores de 2000? Quem nunca viu um Morumbi lotado na final de uma Libertadores e não se emocionou? Olha só, isso é puro mito. Esta torcida maravilhosa é a mesma que apedreja carro de jogador, que se mata selvagemente nas ruas da cidade, que fica pedindo "raça" e faz corinho de "queremos jogador" quando o time vai mal. Não é melhor do que nenhuma outra. Ponto final. Depois vem alguém querer dizer que o próprio time é invejado. "Ah, só falam do meu time, quando ganha ou quando perde". A mesma pessoa que vive postando provocações aos outros. Pera lá, você está falando de quem mesmo? Por isso, vale a pena destacar o exemplo do Santos e dos santistas. Fato: o Santos é o melhor e mais vitorioso time do Brasil. De 2010 para cá, ganhou 2,9 Paulistas (serão 3 no próximo domingo, mas ainda falta 0,1 do título), 1 Copa do Brasil, 1 Libertadores e deu show. Triturou todos os rivais em pelo menos uma (ou em mais de uma) ocasião. Tem o melhor jogador do Brasil, Neymar. Tem ótimos outros jogadores, como Elano e Ganso. Tem um baita treinador. Tem uma torcida legal. Está fazendo cem anos _e, olha só, vai conquistar título no centenário. Tem estádio, é um dos times mais vitoriosos do Brasil. Tem um baita curriculum no exterior _três Libertadores não é para qualquer um, aliás é para quase ninguém. Foi o manto vestido por Pelé, o jogador mais fabuloso do planeta. E sabe o que os santistas estão fazendo? Curtindo. Vibrando com os espetáculos proporcionados. O Santos é hoje o time que mais pode chegar à final da Libertadores. Não fizeram disso uma obsessão, não fazem disso uma guerra santa ou civil. Jogam bola. Ganham de 8 a 0 e acham legal _não saem vociferando ou querendo transformar tudo em uma batalha de puros contra impuros, morais contra imorais. Se tem alguém que deveria estar sendo invejado ou odiado pelos rivais é o Santos. E na verdade está sendo aplaudido. Um exemplo para o futebol. No campo e fora dele.

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