domingo, 14 de novembro de 2010

Ovo ou a galinha

Preste atenção. Está nos documentários. Está no filme "Soberano".
Quando o São Paulo vencia, Muricy sempre falava "eu". "Eu peguei este time...", "eu vi que algo precisava ser feito...", "eu chamei os atletas...", "eu trabalho demais...".
Quando o São Paulo perdia, Muricy sempre falava "vocês". "Vocês não entendem...", "vocês só querem saber de conversinha".
Durante muito tempo, Muricy destratou os demais com os três títulos conquistados pelo São Paulo. É fato que depois que deixou o Morumbi, a equipe se esfacelou. De campeã brasileira de 2008 a nem classificada para a Libertadores. Mas a ausência de Muricy isolada não explica isso. Pelo contrário. Talvez a justifique. O São Paulo não se renovou, não achou formas novas de jogar, não criou alternativas, viciou o elenco. Paga um preço alto por isso.
Muricy fez boas escolhas na carreira. Em 2009, invocou o fato de seu pai ter boas amizades com jogadores do Palmeiras, no passado, como a justificar um laço de amizade entre o clube e ele mesmo. O próprio, que chamava o Morumbi de casa. Não deu certo. O vexame foi grande. Nem para a Libertadores foi.
Muricy neste ano tinha tudo. Apoio da torcida, dos dirigentes. Se o time não era ótimo, o clube não poupou esforços para dar a ele o que de melhor tinha. Ele, que sempre reclamou da ausência de meias, tem a sua disposição Conca e Deco. Tem Washington. Tem Fred.
A Muricy cabia levar o time a quatro vitórias. Contra o quase rebaixado Goiás. Contra os desmotivados Sâo Paulo e Palmeiras. Parecia fácil.
Mas Muricy tem medo. Muito medo.
Colocou volantes. Tirou atacantes. Jogou no erro do adversário. Que praticamente não errou.
E neste domingo, em casa, empurrado por uma massa de 36 mil torcedores, o Fluminense não saiu de um empate com o Goiás.
Muricy caminha para ser o grande fiasco do futebol brasileiro em 2010.

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