quinta-feira, 22 de abril de 2010

Quem está certo?

O atual campeão brasileiro, que, apesar de ter conquistado o título e de estar virtualmente classificado para a segunda fase da Libertadores, entende que o momento não é bom e vai trocar o comando técnico

ou

O ex-campeão brasileiro, que, apesar de ter uma classificação assegurada para a segunda fase da Libertadores, joga um futebol errático, abaixo da expectativa, mas não parece propenso a trocar o comando técnico

Se é para informar...

informe por inteiro. Qual é o problema que o Ronaldo está tendo que o faz fumar dois maços de cigarro por dia? Isso potencialmente afeta o desempenho dele (prevejo que sim, mas não sei).

Jogo do ano. Qual?

Um é certo, outro se avizinha.
Atlético-MG e Santos disputam uma vaga para a semifinal da Copa do Brasil a partir da próxima quarta-feira, primeiro jogo no Mineirão, provavelmente lotado. O time mineiro não é nenhum primor, mas é importante lembrar que disputou um Brasileiro competitivo durante boa parte do torneio de 2009, chegando inclusive a ser líder por várias rodadas. Está na final do Mineiro. Conta com o treinador que ajudou a montar esta equipe que hoje encanta os entendidos. O Santos por enquanto não vê distinção entre adversários, massacrando quem aparece pela frente. Quando parece que vai titubear, se reafirma. Tem um ataque esmagador, mas uma defesa por vezes pouco confiável. Se é o provável campeão estadual, sabe que isso de pouco valerá se fraquejar na competição nacional.

Corinthians e Flamengo caminham para uma disputa por uma vaga nas quartas-de-final da Libertadores. O primeiro não pode nem pensar em não avançar, em não seguir adiante no ano do seu centenário. O segundo ainda vive traumas de eliminações recentes e passa por momento conturbado, tendo que responder a ele em campo. São os atuais campeõs brasileiros e da Copa do Brasil. As duas maiores torcidas do Brasil. Têm dois cracaços de bola, embora ambos fora de forma: Ronaldo e Adriano.
E disputam um campeonato muito, mas muito mais importante.

Bastidores

Quando o São Paulo ainda tinha Muricy Ramalho como técnico, aconteceu uma sondagem com Abel Braga. O treinador impressionou positivamente a cúpula são-paulina, mas Muricy foi mantido por causa do presidente Juvenal Juvêncio. Ganhou o Brasileiro daquela ocasião e saiu proclamando que o "seu Juvenal entende de futebol".
Recentemente, Abel Braga recebeu um ultimato do seu clube, no exterior. Ou ganha o bicampeonato nacional ou está fora. Seu time está há seis pontos do líder, faltando poucas rodadas para a conclusão do torneio. Uma conquista parece altamente improvável a esta altura. Abel deve voltar ao Brasil. Já consta na lista de desejos do Flamengo e do Fluminense. E voltou a fazer suspirar os mesmos diretores são-paulinos com quem se encontrou no passado.

Uma vitória em duas frases

"Burro, burro".
50 mil são-paulinos compraram seus ingressos e lotaram o Morumbi ontem. Foi o melhor público do ano. Uma demonstração de apreço ao campeonato. A torcida não xingou o técnico quando levou um passeio de 3 a 0 do Santos. Mas o coro de ontem mostra que, se a coisa tivesse sido diferente no Paulista, talvez a condescendência fosse maior na Libertadores. As constantes alterações, a falta de padrão tático, os rombos na defesa, a ausência de jogadas ensaiadas, as substituições sem critérios. Tudo junto e misturado fez eclodir o coro, impiedoso, direto na alma. Torcedor paga ingresso, consome camisa, assiste a televisão. É ele quem gera renda ao clube. O São Paulo só existe por causa e para agradar ao torcedor. Nem sempre ele é justo, nem sempre ele está correto. Mas nunca pode ser ignorado.

"Não temos time para ganhar a Libertadores."
Rogério Ceni está correto. O goleiro-capitão-único ídolo da equipe diz ainda que, em sua frase inteira, a equipe tem problemas na defesa e a única forma de seguir com chances é se contratar novos jogadores e os atuais atletas se doarem um pouco mais. Rogério estava falando para fora, mas também para dentro. Sabe que o elenco está inchado de jogador mediano, que ganha em dia e não sai de sua zona de conforto. Sabe que ninguém faz um algo a mais. Sabe que do jeito que está vão se repetir os erros de 2007, 2008 e 2009. E tem conhecimento ainda de que, aos 37 anos e com várias falhas em jogos recentes, aproxima-se perigosamente o momento de parar. Pode ser esta sua última Libertadores. Para ele, a oportunidade é agora. Para os outros, ainda não.

Dial

Um humorista de uma rádio de São Paulo (Transamérica FM) resolveu homenagear os comentaristas de futebol. É impagável. Quando questionado desfia respostas tais como:
"Vou ser ousado aqui, mas eu acho que o time X vai atacar em bloco e, quando perder a bola, tentar se recompor o mais rapidamente possível". Ou "o time Y vai jogar com duas linhas de três (ou de quatro), atrás da linha da bola". Sempre usando jargões como "mas isso no jogo pode mudar".
No fundo somos todos nós 180 milhões de técnicos e metidos a entendidos de futebol. Que repetem clichês desgatados.
A imitação é hilária.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Foco

A torcida do São Paulo mandou um ruidoso recado. Em apenas um dia, consumiu 27.500 bilhetes para a partida contra o Once Caldas, que decide a passagem de fase do clube na Libertadores. A casa estará cheia neste feriado.

Essa torcida merece mais que os chutes bisonhos de Dagoberto, os erros e a falta de posicionamento de Richarlyson, o desinteresse de Miranda, as críticas de Washington, a apatia de Leo Lima e Cleber Santana, os sumiços de Marlos.

Ricardo Gomes na berlinda

O blog do sempre bem informado Daniel Perrone no G1 mistura opinião e informação para dizer que Ricardo Gomes balança perigosamente no Morumbi. De novo, quem o sustenta é Juvenal Juvêncio. E o blog do preciso comentarista Victor Birner coloca o dedo na ferida: se Ganso e Neymar tivessem sido revelados no CT de Cotia seriam hoje titulares do São Paulo ou reservas de Hernanes e Dagoberto?

Ão-ão-ão, Neymar é seleção

Não é um absurdo levar Neymar. Pelo contrário, só faria bem a ele e a seleção. A ele porque, apesar de ser um jogador muito bom, Neymar ainda está em formação. Do "filé de borboleta" apagado no Brasileiro-2009 para a sensação do Paulista-2010, Neymar evoluiu nitidamente. Tem bola para mostrar. Mas ainda não passou por grandes situações de estresse. Também parece estar um pouco nas alturas. Conviver com os grandes astros mundiais pode ajudá-lo a perceber que, por melhor que sejamos, sempre haverá alguém um degrau acima.
Para a seleção porque pode ganhar ao menos uma opção, fora do lugar comum que povoa nosso meio para frente.
E afinal de contas, como mostra o Estadão de hoje, enquanto Neymar voa, outros jogadores do grupo de Dunga estão abaixo da crítica.
O treinador pode insistir com o grupo fechado, uma reedição da família Scolari. Seria uma aposta. Ou pode abrir brechas para atender ao clamor popular _e é melhor levar um Neymar, que não cobraria posição de titular, a levar um Ronaldinho. Também seria uma aposta.
O treinador dá todos os sinais de que fará a primeira opção. A quem se lembra de Pelé jogando com 17 anos, de Ronaldo e de Kaká, é importante também rememorar Bismarck, em 1990, a pressão por Lenny em 2006 e outros tiros n´água.

domingo, 18 de abril de 2010

Não precisa

O Santos é tão bom, mas tão bom, que não precisaria de ajuda de arbitragem. Infelizmente não é o que acontece.

Procura-se um time

O São Paulo parecia ter achado um jeito de jogar. Se eficiente, só o tempo diria. Mas era um começo. Com Marlos no meio, Hernanes recuado e Dagoberto e Washington na frente.
Pois Marlos foi (injustamente) expulso na primeira semifinal do Paulista. Tudo bem. Haveria espaço e tempo de uma semana para treinar a equipe e achar um substituto.
Pois foram quatro as mudanças feitas. Richarlyson, parado por causa de uma contusão, voltou, assim como Cicinho _que há semanas não servia para uma partida inteira_, Cleber Santana _acusado de lento_ e Fernandinho _quatro gols em um jogo e depois mais nada.
Não é só que os jogadores que entraram foram piores que os que saíram. Os que ficaram também jogaram abaixo do que vinham jogando. Dagoberto e Hernandes desapareceram.
O São Paulo tem jogadores.
Mas com maio batendo na porta ainda não tem um time.

Quatro fora

Dos cinco times brasileiros na Libertadores, apenas o Inter segue vivo na disputa do seu Estadual. Duas perguntas: hoje os melhores times do Brasil não estão em campo no melhor torneio do continente ou as equipes pouparam suas equipes?
A resposta começa a ser encontrada na incoerência dos próprios clubes. Não consta que o Flamengo tenha entrado com o time reserva, que o São Paulo não tenha querido ganhar os jogos, que o Corinthians não tenta tentado se classificar, que o Cruzeiro não tenha disputado o Campeonato Mineiro...
Não. Todas essas equipes disputaram seus torneios. Agora, podem até falar que não era a prioridade, mas o trataram sim como o mais importante em algum momento.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Nostradamus

O Santos será campeão paulista. E os números serão lembrados e decantados. Mas esse campeonato, como já dito aqui, vale pouco.
Ontem, o grande vencedor pode ter sido o time derrotado. O São Paulo há três jogos vem atuando bem. De novo, jogou bem a maior parte do tempo. Diferentemente do jogo do Corinthians, ontem, comandou as ações no segundo tempo e merecia sorte melhor.
As derrotas são dolorosas. Mas podem ser prefácio de dias melhores.

Memória curta

Nenhum jornal se lembrou hoje de que o técnico Dorival Junior colocou uma enorme pressão na arbitragem desde o clássico contra o Corinthians. Basicamente, ele deixou a disputa no seguinte campo: se os jogadores do Santos perdem a cabeça, são meninos; se os atletas sofrem faltas, o adversário é desleal e não deixa a equipe jogar.
Na semifinal deste domingo, Robinho fez uma falta e chutou a bola longe. Não foi advertido. No segundo tempo, fez pior. Só ai recebeu o cartão amarelo. Por muito menos que isso, Marlos já estava fora de campo desde os 34 min do primeiro tempo.

Há colunista exaltando a voluntariedade tática de Robinho sem levar isso em consideração. Ou o fato de que o atacante estava quase meio metro impedido no primeiro gol _se ele não estivesse lá, Junior Cesar não teria quem acompanhar, não estaria naquele local e não teria feito gol contra, simples assim.

Aos que discutem a maioridade do Santos e o fato de os jogadores terem passado por sua prova de fogo, fica a pergunta: teriam aguentado se os critérios de arbitragem fossem iguais para os dois lados?

Provavelmente nunca saberemos a resposta.

Sweet revenge

Imagine o presidente de uma confederação que está há muito tempo no poder. Imagine que ele queira colocar um aliado à frente da liga executiva dos clubes, para assim diminuir a oposição, assegurar que suas vontades serão atendidas e poder participar das rentáveis negociações de direitos de transmissão. Agora imagine que este presidente esteja sendo desafiado pelo dirigente de um clube. Não um clube qualquer, mas um que ganhou três dos últimos quatro campeonatos brasileiros, dono de um estádio próprio, de três títulos Mundiais.
Para dar uma lição neste dirigente turrão, o presidente da confederação faz de tudo. Ameaça tirar o estádio do clube dele do Mundial _e planta notas nos jornais dizendo que a Fifa pensa o mesmo, embora a entidade máxima do futebol tenha dito o contrário. Ameaça tirar a taça do pentacampeonato nacional da galeria de troféus do clube.
Imagine que este mesmo time esteja disputando a semifinal de um torneio regional. É de pensar que este dirigente não vai querer o sucesso de seus inimigos. E pode falar com o presidente da federação local. Para escalar um árbitro local, sem muita experiência. Que aos 30 minutos já tenha tirado de campo o principal jogador da equipe. E que depois mude seus critérios. Que enerve os jogadores em campo. Que deixe-os sentir que terão que lutar com forças extracampo para poder sobrepujar os adversários.
É só um faz de conta. Mas as vezes a vida imita a arte.

sábado, 10 de abril de 2010

Dá ou desce

* O São Paulo vai quebrar a escrita dos últimos anos ou vai fazer a "trinca da derrota", colecionando derrotas seguidas nas semifinais contra todos os grandes de São Paulo (Palmeiras, 2008; Corinthians, 2009; Santos, 2010)?
* O São Paulo vai se vingar do Santos de 2002 ou irá colecionar seu sexto mata-mata consecutivo sem vitórias (Libertadores 2006, 2007, 2008, 2009, Paulista 2008 e 2009)?
Respostas a partir de amanhã, 16h, no Morumbi.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Para boi dormir

E o São Paulo se vê às voltas com um velho e falso dilema. Pelos jornais, Ricardo Gomes diz que, se o tricolor se classificar, deve disputar as semifinais do Paulista com o time reserva _seja ele qual for, pois nem isso está claro. A razão: poupar o time para a Libertadores. Em sendo expressão da verdade, o melhor que o São Paulo faz hoje é perder para o Santo André. É colocar hoje o time reserva.
Senão vejamos:
1. A semifinal deve ser contra o Santos, time sensação do campeonato. Hoje, o tricolor provavelmente perderia do rival. Isso poderia criar uma crise no Morumbi, pois ninguém gosta de ser batido em clássicos. Ainda mais que um time B teria chances de sofrer uma goleada.
2. Se o foco é Libertadores, por que os titulares jogaram contra o Corinthians antes de irem ao México? Não era melhor terem viajado antes, treinar no México e colocar um mistão para enfrentar o alvinegro? Por que há duas semanas o Paulista foi tratado como prioridade e agora não mais? Não era mais inteligente ter tentado ganhar aqueles três pontos no México?
3. Se Paulista não é prioridade, por que seguir na disputa, correndo riscos desnecessários?
Não faz sentido. Como em quase tudo no planejamento tricolor desta temporada.

Fantasma do passado

O São Paulo não foi campeão brasileiro de 2009 porque, entre outras coisas, não conseguiu vencer os protagonistas, não conseguiu derrotar o Flamengo em seus domínios, perdeu pontos em jogos fáceis no Morumbi e foi muito mal nos clássicos regionais. Na reta final, ainda não conseguiu superar o Goiás e o Botafogo. Os pontos fizeram falta.

Mas talvez o grande símbolo do "não vai dar" do ano passado tenha sido o Santo André, equipe rebaixada para a Série B do Brasileiro. O tricolor enfrentou o rival por duas vezes. Nas duas (uma no Morumbi e outra no interior) com torcida a favor. E não conseguiu vencer nenhuma delas. Quatro pontos perdidos. A taça longe do Morumbi.

Não vencer o Santo André está virando uma tradição. Se isso acontecer de novo, o clube provavelmente ficará fora das finais do Paulista.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Big Brother Tricolor

Diz o velho jargão boleiro que o "se" não joga. Sorte do São Paulo. Se a trave não tivesse salvado o clube do Morumbi aos 47min do segundo tempo ontem no México, contra o Monte Rey, neste momento em que escrevo o semestre já estaria praticamente encerrado para Ricardo Gomes e seus comandados. Mais até: o técnico provavelmente estaria fora do cargo. E não seria injustiça.
Desde a era Muricy o São Paulo vem se transformando em um time pouco ousado (um eufemismo para covarde) no torneio sul-americano. Vamos relembrar: em 2007, venceu o Grêmio apenas por 1 a 0 nas quartas-de-final no Morumbi. Saiu de campo achando que estava bom. Não estava. No ano seguinte, repetiu o placar contra o Fluminense também nas quartas e também no primeiro jogo no Morumbi. Saiu de campo achando que era suficiente. Não era.
Ontem, em Monte Rey, o São Paulo fez um primeiro tempo bom, se imprimisse um ritmo mais forte ao jogo, provavelmente abriria o marcador e passaria a jogar nos contra-ataques. Se vencesse, voltaria quase classificado, abafaria a crise e entraria cheio de moral para a decisão do grupo contra o Once Caldas em casa (só o primeiro colocado passa automaticamente neste ano para o mata-mata).
Em vez disso, saiu de campo com as calças na mão e permanece desacreditado, obrigado a provar no Paulista que é um time vencedor. A Copa Libertadores é um torneio engraçado, no qual os clubes costumam ganhar musculatura, embocadura, pegada etc, durante a competição. De certa forma, lembra o Big Brother: quem supera muitos paredões acaba vencendo.
O São Paulo está emparedado.