sexta-feira, 2 de julho de 2010

A explicar

Pois Ricardo Teixeira poderia agora vir a público explicar sua opção por Dunga e seu distanciamento das coisas da seleção.
Poderia dividir com a população seus critérios e o que pensa para o futuro da seleção.
Poderia esclarecer as razões de Andres Sanches ser o chefe da delegação brasileira e esclarecer o que o presidente corinthiano efetivamente fez por lá.
Porque aqui, do lado de cá do oceano, passou uma impressão danada que eles estavam mais preocupados em implodir o Morumbi (e colocar um novo e bilionário estádio lá, com empresas conectadas à Fifa) do que no desempenho do Brasil na Copa.

Fim de uma era

Por óbvio que pareça, em dias como o de hoje não custa lembrar que é mais fácil perder do que ganhar uma Copa do Mundo.
Depois de Pelé _e não obstante a tonelada de jogadores talentosos que pisaram em nossos gramados_, a seleção brasileira ganhou apenas as edições de 1994 e de 2002. Perdeu as de 1974, 1978, 1982, 1986, 1990, 1998, 2006 e agora 2010.
Cada derrota tem sua história, contada geração a geração.
Não é verdade que aprendemos e evoluímos com elas. A de 1982 não fez menos dolorosa a Copa de 1986 que tampouco foi responsável pelo papelão de 1990. Assim como a vitória de 1994 não foi construída após os erros de quatro anos antes.
A seleção brasileira de Dunga foi construída em cima de uma premissa falsa. A de que era vencedora. Essa falsa verdade foi inclusive propagada hoje na coletiva de imprensa que se seguiu à eliminação da equipe, num ambiente em que os repórteres pareciam estar com medo de fazer perguntas ao treinador (muito bem pago) do selecionado nacional.
O que Dunga conseguiu? Ter sido primeiro colocado nas eliminatórias. Ótimo. Scolari foi quarto, quase na repescagem e depois campeão mundial. A Argentina só se classificou na bacia das almas e hoje faz um grande Mundial.
O Brasil foi primeiro não obstante o fato de ter empatado com Bolívia em casa por 0 a 0, ter suado muito para ganhar do Uruguai em casa e outros resultados medíocres.
Dunga celebrava as conquistas da Copa América e da Copa da Confederação. A memória do torcedor é curta. A primeira foi conquistada com muito, imenso sofrimento e futebol sofrível _apenas um jogo bom, na final, contra a sensação Argentina (na época um time em construção). A Copa das Confederações exibiu aquele sufoco todo para ganhar do Egito (4x3), África do Sul (1x0) e EUA (3x2).
Essas conquistas mereciam esta valorização toda que tiveram?
Não.
Dunga fez da seleção seu exército. Preferiu a mediocridade e o confronto. Poderia ter montado uma seleção melhor, poderia ter usado a mão-de-obra que tinha a disposição. Se fosse um bom técnico, usaria isso a seu favor. Ronaldinho e Adriano, Ganso e Neymar, Hernanes e Marcelo. Os jogadores estão aí, estavam a disposição.
Não foram levados, em nome do protecionismo.
Se a seleção tinha que ser um grupo fechado, não podia ser um grupo fechado de bons jogadores?
Perder é parte do jogo.
Mas há derrotas que doem. Outras nem tanto.
A de 2006, no fim, execretada por todos, acabou por doer mais do que essa.
Porque em 2006 havia a fé depositada em jogadores bons.
Já a de 2010 era uma esperança baseada em falsas premissas.
Dunga nunca foi um jogador ruim. E conseguiu uma proeza: a volta por cima que deu como atleta conseguiu ser destruída pelo seu trato como treinador.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Devassa

Um dia alguém iria me explicar como um time pode dever R$ 100 milhões no ano do rebaixamento, aumentar esta dívida, não ganhar nenhum título de expressão, contratar jogador carissimos e seguir a vida.

Assim como alguém poderia me explicar como uma equipe que numa hora não tem nada, nem as contas aprovadas, na outra consegue pagar R$ 720 mil de salários para um treinador.

Treinou, treinou, treinou

E nada mostrou.
Não cabia mesmo um Ganso neste time, nem que fosse para um mísero teste?
Se ele amarelasse, sem problemas. Mandava ele ficar ali ao ladinho do Kleberson, sem incomodar ninguém.

Time bom, bom mesmo...

Ainda não vimos nenhum.
Há chances, porém. De a Alemanha se consolidar, o Brasil se soltar, a Holanda melhorar, a Itália ressuscitar, a França renascer....
Caso contrário, não tem jeito, vai dar Argentina.

Copa chata

Dunga gostou tanto do treino secreto que inventou o jogo secreto. Ele me lembra o Muricy, com seu mal humor e petulância. Sempre com uma ironia na ponta da língua e a transferir as resposabilidades aos jornalistas. "Não eram vocês que não queriam o Robinho fora?", falou o treinador, sorrindo ironicamente, depois do pífio desempenho diante da Coreia do Norte. Sim, muita gente disse que Robinho não estava jogando nada no Manchester. Se estivesse, não era um problema. Tanto não estava que teve que voltar ao Santos.
E se ele sabe o potencial de cada um porque não coloca o seu querido Kleberson para jogar?
Ainda irei ver o Brasil desclassificado e Dunga, nervoso, responder que "isso é coisa do futebol, a vida é assim mesmo".

Morumbi fora

Só sei que nada sei.
Sei que o Estadão publicou há dois meses que o Morumbi estaria fora. Foi desmentido, seja pelos concorrentes, seja pela Fifa. Mas estava certa.
Sei que o São Paulo mandou diversos projetos. Que os custos subiram. E depois voltou atrás, para um projeto mais barato. Não sei por quê.
Sei que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, disse que o estádio da Copa em SP seria o Morumbi. Agora se cala.
Sei que a definição dos governos era a de não ter dinheiro público na construção das arenas. Agora terá.
Sei que a Arena da Baixada era tido como o mais moderno do Brasil. Agora também está fora da Copa.
Pelo jeito, vão bem os estádios nos grotões do Brasil.
E vai mal um estádio consolidado, em um local capital da maior cidade da Amèrica Latina.
Tudo isso é pura politicagem. A mesma de sempre. A que permite todos os excessos de Wegis e a ditura da Àfrica do Sul. Como se não fosse problema do comando geral, mas do comandante da ocasião. E o povo que se dane, num e noutro cenário.
Como o povo de São Paulo agora se dane sem estádio. Ou que vá a Pirituba.