quarta-feira, 30 de março de 2011

Festa antecipada

Foi bonito, emocionante, uma demonstração de apoio ao clube em um momento difícil, a capitalização de um momento de rara euforia entre os torcedores. Foi tudo isso a apresentação do Luis Fabiano.
Mas imagine se o São Paulo perder hoje do Santa Cruz ou for eliminado pelo Corinthians no mata-mata do Paulistão?
Vai dar uma sensação de festa antecipada, de celebração ao nada.
Se a gozação faz parte da brincadeira que é o futebol, ela poderia ficar restrita aos torcedores e não invadir vestiários e a presidência.

terça-feira, 29 de março de 2011

Luz no fim do túnel

Uhm... estranho, muito estranho.
Até outro dia, a Fifa dizia que Rogério Ceni tinha 98 gols. Domingo a noite, porém, postou em seu site uma homenagem ao centésimo gol do goleiro-artilheiro.
Ontem, o presidente da Fifa reclamou publicamente dos atrasos das obras no Brasil. Destaque para São Paulo que nem começou ainda a construção do estádio (a propósito, a maquete já está saindo pela bagatela de R$ 700 milhões).
Correm a explicar que Sepp Blatter e Ricardo Teixeira já travam uma batalha surda nos bastidores. Se querem medir forças, melhor nunca menosprezar a Fifa, não é mesmo?
E talvez nesta fritura toda o São Paulo, as turras com a CBF, ganhe um aliado poderoso e inesperado.

100 palavras

Talvez ele seja o maior jogador da história do São Paulo. Talvez não. Talvez ele seja arrogante. Talvez seja apenas o reflexo daquele espírito que todos deveríamos ter, de não desistir nunca. Talvez ele não seja mais o mesmo. Mas insiste em fazer grandes defesas. E gols, muito gols. Como de fora é possível rotular alguém? Neste momento, quaisquer palavras, quaisquer adjetivos são menores para dimensionar o feito único e inigualável de Rogério Ceni.
E para quem tem dúvidas, tente ver, ouvir e não se emocionar (aqui).

quinta-feira, 17 de março de 2011

Número um

Aos que querem tirar Felipão do Palmeiras, um número: uma derrota na temporada. Quatro ou cinco empates. Mas só uma derrota.
Com um time absolutamente mediano. Sem centroavante.
Felipão faz um trabalho brilhante e prova ser um dos melhores.

Muricy no Santos

E Muricy está numa encruzilhada. Não poderá assumir qualquer equipe brasileira antes de um mês, sob o risco de ver sua palavra desfeita _embora a contradição seja uma de suas características mais marcantes.
Por outro lado, daqui a um mês talvez o Santos não o precise com a mesma urgência de agora.
O que fazer?
Ao lado de Muricy corre a certeza de que a defesa seria mais bem trabalhada. Contra ele, a certeza de que ele demora para apresentar resultados. E a situação do Santos exige retorno imediato.

Mãos à obra

Começou com aquela história de que não teria dinheiro público investido. Depois, a Prefeitura veio dizer que iria dar incentivos (ou seja, o meu, o seu, o nosso) a quem "investisse" no novo estádio do Corinthians.
Surgiram as informações de que a obra não poderia ser erguida do dia para a noite. Faltava licença ambiental, documentação na Prefeitura. O Palmeiras penou nos corredores da burocracia durante meses até conseguir o alvará para reformar o seu estádio _que já existia, tinha CEP e pagava IPTU.
Agora aparecem as informações de que há uma corrida para regularizar a situação e passar a obra à frente das demais.
Depois vieram com a conversa de que uma construtura iria bancar os milhões requeridos. E que ganharia com o direito de exploração da arena. Venda de seu naming rights por exemplo. A despeito de o estádio já ter sido celebrado como Fielzão. Ninguém ainda explicou como uma construtora vai realmente ganhar dinheiro com isso.
E assim vamos e ninguém parece se indignar com esta farra.

terça-feira, 15 de março de 2011

Tudo igual

Muricy Ramalho é um bom treinador de futebol, mas um técnico mediano.
Ele gosta de repetição. Treina as equipes à exaustão, principalmente posicionamentos defensivos. Seus ferrolhos costumam ser bem-sucedidos e suas equipes têm relativo sucesso em prevenir gols.
Como é um técnico apenas mediano, não desenvolve métodos novos, não improvisa, não é adepto da arte aliada a eficiência e não consegue adaptar suas equipes a novas circunstâncias e dinâmicas de jogo.
Se falha na estratégia em campo, Muricy nunca falhou em seu esquema de marketing. Poucos souberam usar com tanta inteligência este nicho de mercado como ele. Muricy já deu diversas demonstrações de que criou um personagem, retroalimentado pela imprensa esportiva (e principalmente alguns jornalistas de rádio são bastante acríticos). Em determinada ocasião, por exemplo, o treinador deixou claro que não era ranzinza daquele tanto, mas distribuía bordoadas aos jornalistas porque no fundo eles queriam uma notícia. Ele virava a notícia.
Nos momentos de vitória, que não foram poucos, Muricy nunca se escondeu de um bom microfone. Vende a imagem de que é "tarado por futebol" e que assiste até a campeonato da quinta divisão. Diz ainda que dá muito lucro aos times, por revelar talentos. Ficou anos no São Paulo. Não consta que tenha garimpado nenhum valor de campeonatos estaduais fora de São Paulo, muito menos que tenha alçado voo de jovens talentos. Lucas, a maior revelação do Morumbi desde Kaka, nunca teve uma chance com Muricy. Precisou do limitado Sergio Baresi para subir.
Muricy sempre vendeu a imagem de que contrato para ele era sagrado, não se rompia sob nenhuma circunstância. Se o time estivesse mal, paciência.
"Eu sou assim", disse, quando não aceitou ir para a seleção brasileira, preso que estava a um documento que nem sequer havia assinado com o Fluminense.
Louvável, bradaram todos.
Agora, Muricy rasga o mesmo contrato.
Diz que não cumpriram o acertado com ele ao não darem condições de trabalho. Essas condições, ele sabia, não existiam nas Laranjeiras quando para o Rio ele se mudou. Essas condições não apareceriam do dia para a noite. Aos empregadores, Muricy não deu o benefício da dúvida. O mesmo que ele sempre advogou aos técnicos em situação periclitante.
Se o Fluminense estivesse melhor na Libertadores e no Carioca, Muricy tivesse uma outra atitude. Talvez. Nunca saberemos.
O fato é que ele era um bom treinador e um técnico mediano, mas que conseguia vender-se estrategicamente com um diferencial de mercado. Agora, perdeu isso.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Amigos no jornalismo

A primeira vez que eu o vi foi logo na aula de estreia da faculdade de jornalismo. A primeira frase que ele me falou foi, apontando para um lugar vazio entre a cadeira dele e a minha: "uma gostosa vai sentar aqui". Não sentou.
Ainda no primeiro ano, ele estava ao meu lado na primeira reportagem esportiva que fiz. Um treino no São Caetano, na época na divisão Z do Campeonato. Mas o Serginho Chulapa jogava lá. Foi divertido. O preparador físico espinafrando que nem água quente tinha. Saímos de lá com a sensação de que aquele time nanico nunca sairia do lugar. Onze anos depois, era campeão paulista.
Depois, fomos ao treino do São Paulo. Era época de Telê. Fizemos um longo trabalho de reportagem sobre os preparativos do tricolor para o Mundial de 93. Tiramos dez. Tenho uma cópia do trabalho até hoje.
Quando fui fazer teste na Folha de S.Paulo, ele foi ao meu lado. Eu caí na Agência Folha, ele na falecida Folha ABC. Um ano e pouquinho depois, estávamos trabalhando juntos no Esporte.
Eu fui pauteiro, ele repórter. Era fácil. Quebramos altos paus. As vezes eu estava errado, as vezes não. Mas sempre em alto nível. Sempre acabava em cerveja.
Fizemos juntos a Olimpíada de Sydney. Mas a mais bacana foi a de Atenas. Sentados no estádio Olímpico, esperando o início da cerimônia de abertura, tomamos uma cerveja e lembramos a longa jornada, do treino do São Caetano até aquele evento. Foi bom. Naquele dia, batemos o pé e desmentimos a emissora de televisão que dizia que a delegação dos EUA havia sido vaiada. Estávamos lá. Não houve vaias.
Sempre procuramos fazer bom jornalismo. E sempre nos divertimos muito.
Agora, Fábio Seixas está no Rio, levando suas boas histórias e sua boa companhia. Que a cidade saiba desfrutar. Em São Paulo, fará falta.

(MARCELO DIEGO)