quinta-feira, 22 de abril de 2010

Uma vitória em duas frases

"Burro, burro".
50 mil são-paulinos compraram seus ingressos e lotaram o Morumbi ontem. Foi o melhor público do ano. Uma demonstração de apreço ao campeonato. A torcida não xingou o técnico quando levou um passeio de 3 a 0 do Santos. Mas o coro de ontem mostra que, se a coisa tivesse sido diferente no Paulista, talvez a condescendência fosse maior na Libertadores. As constantes alterações, a falta de padrão tático, os rombos na defesa, a ausência de jogadas ensaiadas, as substituições sem critérios. Tudo junto e misturado fez eclodir o coro, impiedoso, direto na alma. Torcedor paga ingresso, consome camisa, assiste a televisão. É ele quem gera renda ao clube. O São Paulo só existe por causa e para agradar ao torcedor. Nem sempre ele é justo, nem sempre ele está correto. Mas nunca pode ser ignorado.

"Não temos time para ganhar a Libertadores."
Rogério Ceni está correto. O goleiro-capitão-único ídolo da equipe diz ainda que, em sua frase inteira, a equipe tem problemas na defesa e a única forma de seguir com chances é se contratar novos jogadores e os atuais atletas se doarem um pouco mais. Rogério estava falando para fora, mas também para dentro. Sabe que o elenco está inchado de jogador mediano, que ganha em dia e não sai de sua zona de conforto. Sabe que ninguém faz um algo a mais. Sabe que do jeito que está vão se repetir os erros de 2007, 2008 e 2009. E tem conhecimento ainda de que, aos 37 anos e com várias falhas em jogos recentes, aproxima-se perigosamente o momento de parar. Pode ser esta sua última Libertadores. Para ele, a oportunidade é agora. Para os outros, ainda não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário